quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Artigo 1 Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. (DUDH/ONU, 10 de dezembro de 1948)

70 anos de lições; mas, ainda, temos muito que aprender.


Por Alessandra Leles Rocha


Em 2018 celebramos os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 10 de dezembro de 1948, ou seja, poucos anos depois da Segunda Guerra Mundial. Distante da força de lei, ela é um instrumento para cada país do globo na tomada de decisões capazes de garantir o reconhecimento e o efetivo cumprimento dos direitos humanos.  
Pensava-se que a Segunda Grande Guerra seria o limite do horror para a humanidade e através dessas diretrizes seria possível construir um mundo em coexistência pacífica e solidária. No entanto, esta não era uma questão meramente geopolítica e, em se tratando de direitos humanos, tudo o que não se pode esquecer é a complexidade que reveste o indivíduo.
A inércia do papel aceita sem considerações, reflexões ou recusas as palavras que lhe sejam lançadas; mas, as pessoas não são tão cordatas assim. Certo egoísmo natural, misturado ao poder e ao controle socioeconômico, sempre desenvolvem obstáculos aos tratados de guerra e de paz; portanto, ao estabelecimento e a defesa dos direitos humanos.
Nesse sentido é que a referida Declaração celebra dentre suas características mais importantes, o fato desses direitos serem universais, inalienáveis e indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos e outros não. 
Isso porque, quando se trata de direitos humanos, há subliminarmente uma análise de referenciação igualitária das pessoas, rompendo com quaisquer pseudo-hierarquias e estratificações que venham determinar graus de importância, de significância entre elas. Ninguém é mais ou menos. Enxerga-se apenas o indivíduo seja ele quem for. A prerrogativa dos direitos humanos é apenas ser humano.
Por isso, Mario Vargas Llosa, em seu livro A Civilização do Espetáculo (2013), considera que A civilização pós-moderna desarmou moral e politicamente a cultura de nosso tempo, e isso explica em boa parte por que alguns dos “monstros” que acreditávamos extintos para sempre depois da Segunda Guerra Mundial, como o nacionalismo mais extremista e o racismo, ressuscitaram e estão de novo rondando no próprio coração do Ocidente, ameaçando mais uma vez seus valores e princípios democráticos” (p.77).
Sim, em cada esquina há um novo tirano desqualificando os direitos humanos, em uma tentativa desesperada de manter-se na primeira fila. Trata-se da negação do outro enquanto sujeito social em todas as instâncias possíveis e imagináveis.
Então, de repente, nos lembramos de Mohandas Karamchand Gandhi, mais conhecido como Mahatma Gandhi, um dos maiores e mais importantes defensores dos direitos humanos, que faleceu há 70 anos. Defensor do Satyagraha, princípio da não agressão ou forma não violenta de protesto, ele viveu a prática do seu discurso em nome da libertação indiana do colonialismo Inglês. Apesar de Bacharel em Direito, Gandhi fez da resistência pacífica, uma vertente da lei e da estratégia política sem precedentes.
Por isso, seu ideal é muito significativo nos dias de hoje. Afinal, ninguém mais parece preocupado em olhar para dentro de si, de reconhecer seus próprios sonhos e valores, de perceber o impacto, em efeito cascata, da exasperação do seu individualismo em detrimento do senso coletivo. O que torna fomentar a guerra muito mais fácil do que a paz.
Como explicou Zygmunt Bauman, em seu texto Identity in the Globalizing World (Identidade do Mundo Globalizado), a sociedade atual tem seu maior problema pautado em relação às identidades centradas no consumo de tudo e de todos, o que gera a determinação de um padrão social por uma autodeterminação compulsiva e obrigatória. E isso distancia a sociedade de quaisquer pretensões em termos de direitos humanos.
De fato, é como se jamais tivéssemos abandonado a chamada “lei de talião”, a mais antiga da história da humanidade e que consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, ou seja, “olho por olho, dente por dente”. Basta abrir as mídias e deparar com as injustiças dispensadas ao seres humanos. São muitos os que padecem longe do olhar da justiça, da paz e dos direitos humanos; gente que não tem voz, não tem vez, que nem parece existir de tão esquecida.
Não é, portanto, sem razão que ao longo desses 70 anos pessoas ao redor do mundo têm se colocado na luta pelos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, munidos da força de tratados internacionais importantes, tais como: a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher, a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a Convenção contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruéis ou degradantes; mas, de algum modo, também, pela inspiração de palavras como essas proferidas por Mahatma Gandhi, “Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo” e Só quando se vêem os próprios erros através de uma lente de aumento, e se faz exatamente o contrário com os outros, é que se pode chegar à justa avaliação de uns e de outros”.
São 70 anos de lições; mas, ainda, temos muito que aprender.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Febre Amarela: Brasil registra 81 mortes e 213 casos de febre amarela desde julho


Reuters - 30/01/2018

O Brasil teve 213 casos e 81 mortes por febre amarela de julho do ano passado até esta terça-feira, um aumento em relação ao balanço divulgado pelo Ministério da Saúde na semana passada, quando tinham sido registrados 130 casos da doença no país e 53 mortes.
Como medida preventiva e recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) quando há aumento de casos de febre amarela silvestre de forma intensa, o ministério adotou campanha de fracionamento da vacina contra a febre amarela nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro na última quinta-feira. A campanha de vacinação na Bahia começa no dia 19 de fevereiro.Todos os casos confirmados da doença até agora decorrem do ciclo silvestre de transmissão, mas a médica e fundadora da ONG “Um Sonho de Bugio”, Adriana Homem, não descarta o surgimento de casos de febre amarela urbana.
“O descaso governamental é tão grande que eu não duvido que em algum momento isso se transforme em uma doença urbana. Estamos na época de verão e grandes chuvas, a chance disso acontecer é muito grande”, afirmou ela, cuja ONG atende a região de Mairiporã, Serra da Cantareira e zona norte de São Paulo. [...]

Por que respeitar o espaço do próximo é tão difícil?


Luiz Alexandre - Relacionamentos - 20/01/2015

Respeitar o próximo é uma tarefa difícil, conviver com as diferenças, com o jeito de cada um ser exige paciência, compaixão e amor ao próximo. Cada pessoa tem uma maneira de ser, de agir e viver, não pode cobrar dos outros atitudes que eles não podem dar, é difícil viver em sociedade com pessoas singulares e tão diferente de nós, mas é necessário respeitar a cada um do jeito que é.
Para aceitarmos e respeitar o próximo exatamente como ele é, é necessário uma maturidade espiritual, agir respeitando todas as diferenças é o resultado de nossa evolução. É saber dar e receber, é não julgar, é reconhecer a importância do outro e ser consciente de tudo que fazemos tem suas consequências tanto para o bem quanto para o mal.

Respeitar as diferenças é preciso! 

Por mais que as idéias sejam diferentes é necessário ter a humildade de ouvir o ponto de vista alheio, respeitar seu espaço, suas opiniões. Vivemos hoje uma época onde o respeito quase não é utilizado, a máxima de seu direito termina quando começa o meu foi deixada de lado, e estamos todos invadindo o espaço do outro, sem respeitar, sem pedir licença.
Existem pessoas que são mais introspectivas, que gostam de ficar sozinhas e para essas pessoas sempre existem aqueles amigos que ficam em cima, dizendo que tem que sair mais, que tem que se divertir.
Estamos em uma era egoísta, em que centramos em nós mesmos e esquecemos o outro, quando queremos algo nos achamos do direito de receber e esquecemos que o outro também tem suas vontades. Isso acontece muito em relacionamentos amorosos, relações de amizades e até mesmo no profissional, quando sempre um acaba invadindo o espaço do outro e algumas vezes o outro consente para evitar brigas maiores.

Entenda o que significa invadidos e invasores em uma relação


Existem dois lados da moeda nessas relações, os invasivos e os invadidos.
Os invasivos são geralmente pessoas egoístas, egocêntricas que pensam somente em seu bem estar, respeitar o próximo não está nem perto de seus objetivos, ele sempre quer tudo do seu jeito, como uma criança mimada, por outro lado são pessoas que se sentem vazias, geralmente só tem a simpatia forçada das pessoas, geralmente por status e poder sobre os outros.
Os Invadidos são pessoas generosas, de bom coração, mas acabam se prejudicando com toda essa passividade, ser bom é diferente de ser burro, muitas vezes os invasores se aproveitam de pessoas assim, não respeitam, invadem seus espaços, humilham, força que essas pessoas façam seus trabalhos.
Limite é respeito, temos que saber que o outro também tem seus direitos, e respeitar é o mínimo que temos que fazer.
E nossa sociedade nos mostra todos os dias a falta de respeito pelo próximo, isso se aplica até mesmo nos comandantes de nosso país, que mostram a falta de respeito pela sua população, somos constantemente forçados com obrigações, impostos e nos deparamos com injustiças.
Precisamos nos controlar para não invadir o espaço do outro e acabarmos magoando e perdendo relacionamentos com pessoas queridas, diferenças de opiniões, de gostos, de visões sobre certos fatos da vida e é isso que faz tudo ficar mais democrático, o que seria do azul se todos gostassem do amarelo?
Respeitar as diferenças e o espaço do outro é algo que só nos acrescenta, nos faz sermos melhores, não desabona em nada, as vezes deixar o orgulho de lado, mesmo não concordando como o outro pensa ou age é ser evoluído, é ter muito amor e compreensão e isso nos torna pessoas melhores, em paz com os que nos cercam e com nós mesmos.
Respeitar os limites alheios é um bom caminho para se viver melhor! 

Brasil está entre os cinco países mais desiguais, diz estudo de centro da ONU

Estudo que analisou 29 países — entre desenvolvidos e em desenvolvimento — mostrou que o Brasil está no grupo de cinco nações em que a parcela mais rica da população recebe mais de 15% da renda nacional. O 1% mais rico do Brasil concentra entre 22% e 23% do total da renda do país, nível bem acima da média internacional.
A conclusão é de estudo dos pesquisadores Pedro Herculano Guimarães e Marcelo Medeiros, do Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea), publicado recentemente pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (IPC-IG/PNUD).
Estudo que analisou 29 países — entre desenvolvidos e em desenvolvimento — mostrou que o Brasil está no grupo de cinco nações em que a parcela mais rica da população recebe mais de 15% da renda nacional. O 1% mais rico do Brasil concentra entre 22% e 23% do total da renda do país, nível bem acima da média internacional.
A conclusão é de estudo dos pesquisadores Pedro Herculano Guimarães e Marcelo Medeiros, do Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea), publicado recentemente pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (IPC-IG/PNUD).
Com base nos dados de Imposto de Renda referentes ao período de 2006 a 2014, os autores do estudo “The concentration of income at the top in Brazil” (a concentração de renda no topo da pirâmide no Brasil, em tradução livre) mostram que a desigualdade não diminuiu no país nos oito anos analisados, diferentemente do apontado por pesquisas domiciliares.
“Quase nada mudou no que se refere à concentração de renda no topo da pirâmide durante o período analisado”, disseram os pesquisadores.
“Embora as diferenças metodológicas não nos permitam dar um ranking oficial e definitivo de países, as evidências disponíveis mostram claramente que o Brasil está entre os mais desiguais, muito à frente da maioria dos outros países”, afirmou a conclusão do estudo.
Os pesquisadores atribuem a diferença de resultados na comparação com as pesquisas domiciliares aos ganhos de capital, mais bem detectados pelas declarações de Imposto de Renda.
Segundo eles, a desigualdade de renda no Brasil é preocupante, uma vez que está muito acima dos padrões internacionais.  A proporção do total da renda recebida pelo 1% mais rico da população fica entre 5% e 15% em 24 dos 29 países analisados, um grupo heterogêneo que inclui Holanda e Uruguai. Apenas cinco países — Brasil, África do Sul, Argentina, Colômbia e Estados Unidos — estão acima desse nível. No Brasil, a concentração da renda nas mãos do 1% mais rico é o dobro da média geral.
“O Brasil só atingirá níveis moderados de desigualdade, como os da Europa, se a concentração de renda no topo diminuir dramaticamente”, disseram os pesquisadores. “Isso demandará políticas que promovam tanto o rápido crescimento da renda dos mais pobres como a direta redistribuição (da renda) do topo”.
Os resultados ressalvam que, de fato, houve alguma redistribuição de renda entre as camadas intermediárias da população brasileira, mas a desigualdade se manteve estável entre os setores mais ricos e mais pobres. Como a renda continua muito concentrada no topo, não houve uma diminuição significativa da desigualdade nesse período, concluíram.
Os pesquisadores criticam os incontáveis exemplos de ações estatais tomadas no sentido oposto à redução da desigualdade de renda nesses países, tais como aposentadorias generosas para funcionários públicos, a baixa participação da tributação direta na carga tributária bruta e o acesso privilegiado a crédito público subsidiado.
“A experiência histórica mostra que buscar o crescimento a todo custo e esperar que ele resolva todos os nossos problemas distributivos não funcionou no passado e dificilmente funcionará no futuro”, declararam.

Brasil tem condições de reduzir até 48% das emissões até 2050, de acordo com ONU Meio Ambiente e governo

O dado é do estudo “Trajetórias de mitigação e instrumentos de políticas públicas para o alcance das metas brasileiras no Acordo de Paris”, uma das publicações que será lançada hoje, 24, pela ONU Meio Ambiente e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), em Brasília.
O evento marca a conclusão de um projeto de cinco anos tocado pelas duas instituições, que procurou identificar as opções de redução de emissões de gases de efeito estufa no país, assim como seus impactos na economia nacional.
O dado é do estudo “Trajetórias de mitigação e instrumentos de políticas públicas para o alcance das metas brasileiras no Acordo de Paris”, uma das publicações que será lançada hoje, 24, pela ONU Meio Ambiente e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), em Brasília. O evento marca a conclusão de um projeto de cinco anos tocado pelas duas instituições, que procurou identificar as opções de redução de emissões de gases de efeito estufa no país, assim como seus impactos na economia nacional.
A mudança do clima é um dos maiores desafios do nosso tempo, gerando impactos ambientais que vão desde enchentes e grandes secas a desequilíbrios da biodiversidade e consequências graves para a saúde humana. Nos últimos anos, o assunto tem reunido governos, empresas, terceiro setor e academia na busca de soluções para evitar o aquecimento do planeta e, ao mesmo tempo, combater futuras mudanças e se adaptar àquelas já irreversíveis.
Nesse contexto, o Brasil desenvolve uma série de ações a nível nacional, entre elas o projeto “Opções de Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa em Setores-Chave do Brasil”, que analisou de que forma os principais setores nacionais como indústria, energia, transportes, domicílio, serviços, agricultura, florestas, gestão de resíduos, entre outros, podem ser peças fundamentais para o alcance das metas do Acordo de Paris no Brasil.
Com informações para viabilizar uma economia de baixo carbono no país, a pesquisa e suas publicações têm o objetivo de auxiliar atores centrais do governo brasileiro na tomada de decisão ao estimar os potenciais e os custos de abatimento das emissões. Denise Hamú, representante da ONU Meio Ambiente, destacou: “O projeto é inovador. Diminui a distância entre governo, setor privado e academia, trazendo mais homogeneidade nos dados e informações sobre o tema no país, além de ser uma oportunidade ímpar para engajar os representantes dos ministérios em discussões especializadas e assim contribuir diretamente na formulação de políticas públicas sobre mudanças do clima”.
Os documentos trazem subsídios para apoiar o governo no desenvolvimento de uma estratégia de implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), no âmbito do Acordo de Paris, e apontam o papel que cada setor econômico pode desempenhar para garantir o cumprimento das metas de emissões até 2030. A análise mostra, por exemplo, que serão necessários investimentos anuais de R$2,2 bilhões a R$15,4 bilhões para mitigar as emissões nacionais e que, assim, seria possível reduzir quase 50% das emissões até 2050.
Para o Dr. Márcio Rojas, Coordenador-Geral do Clima no MCTIC: “O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações cumpre de forma exemplar sua atribuição de oferecer à sociedade brasileira nada menos do que o estado da arte em conhecimento científico, tornando real a possibilidade de desempenhar uma reflexão genuinamente qualificada e de formular políticas baseadas em evidência”, declarou.
Sobre a ONU Meio Ambiente
A ONU Meio Ambiente é a principal voz global em temas ambientais. Ela promove liderança e encoraja parcerias para cuidar do meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e pessoas a melhorarem a sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações. A ONU Meio Ambiente trabalha com governos, com o setor privado, com a sociedade civil e com outras instituições das Nações Unidas e organizações internacionais pelo mundo.

ONU Brasil recebe artigos para revista sobre 70 anos da declaração universal dos direitos humanos

Para celebrar os 70 anos da Declaração Universal de Direitos Humanos em 2018, a revista acadêmica Monções, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), e a ONU Brasil convidam pesquisadores, ativistas e profissionais a enviar artigos para uma edição especial do periódico sobre direitos humanos e relações internacionais. Trabalhos serão recebidos até 9 de abril.
Para celebrar os 70 anos da Declaração Universal de Direitos Humanos em 2018, a revista acadêmica Monções, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), e a ONU Brasil chamam pesquisadores, ativistas e profissionais a enviar artigos para uma edição especial do periódico sobre direitos humanos e relações internacionais. Trabalhos serão recebidos até 9 de abril.
O Dossiê “Direitos Humanos & Relações Internacionais: Os 70 Anos Da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948-2018)” convida a comunidade acadêmica e a sociedade brasileira a refletir sobre as transformações e os novos desafios da situação dos direitos humanos a nível global.
Com a publicação, as Nações Unidas e a UFGD esperam promover o conhecimento sobre o impacto desse marco internacional para a vida das pessoas. A edição também visa mobilizar diversos atores no debate sobre a proteção e a promoção dos direitos humanos.
Serão aceitas contribuições de pesquisadoras, pesquisadores, ativistas e profissionais da área. O Dossiê reunirá materiais inéditos que contribuam de maneira original para o campo. Assim, além das abordagens tradicionais de Relações Internacionais, o Dossiê recebe contribuições interdisciplinares sobre temas emergentes e que dialoguem com outros campos do conhecimento.
A equipe editorial solicita que os autores e autoras, ao submeterem seus textos, não deixem de cadastrar no sistema o título em inglês e o respectivo abstract do artigo. Para instruções detalhadas, acesse: http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/moncoes/index.
A edição especial da Monções é organizada pelos professores da UFGD Bruno Boti Bernardi e Matheus de Carvalho Hernandez e pela doutora Ângela Pires Terto e Maria Eduarda Borba Dantas, ambas da ONU Brasil.
Acesse a chamada do Dossiê clicando aqui.

No Rio, ONU lembra Holocausto com exposição de pôsteres e apelo contra o ódio

Para lembrar as vítimas do Holocausto, o Centro de Informação da ONU no Brasil (UNIC Rio) inaugurou nesta segunda-feira (29), no Rio de Janeiro, a exposição de pôsteres “Mantenha a Memória Viva — Nossa Responsabilidade Compartilhada”. Mostra reúne 12 obras feitas por designers que se inscreveram num concurso global das Nações Unidas sobre o tema. A vencedora foi a brasileira Julia Cristofi, que participou da abertura. Evento reuniu sobreviventes do regime nazista.
Para lembrar as vítimas do Holocausto, o Centro de Informação da ONU no Brasil (UNIC Rio) inaugurou nesta segunda-feira (29), no Rio de Janeiro, a exposição de pôsteres “Mantenha a Memória Viva — Nossa Responsabilidade Compartilhada”. Mostra reúne 12 obras feitas por designers que se inscreveram num concurso global das Nações Unidas sobre o tema. A vencedora foi a brasileira Julia Cristofi, que participou da abertura.
“O crime de genocídio seria uma palavra insuficiente para expressar o que aconteceu”, afirmou o diretor do UNIC Rio, Maurizio Giuliano, sobre os 6 milhões de judeus que foram mortos pelo regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Em sua avaliação, esse fato histórico foi “certamente a consequência mais grave de um ódio extremo”, que perdura até os dias de hoje, semeando discriminação contra alguns setores da sociedade, como refugiados, migrantes e minorias étnicas.
Neste ano, a ONU observa o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, lembrado em 27 de janeiro, com o tema “Memória e educação sobre o Holocausto: nossa responsabilidade compartilhada”. Para Giuliano, a data é uma oportunidade para mobilizar sobretudo os jovens.
“Não se trata apenas (de honrar a memória) do 1,5 milhão de crianças que morreram, mas também de falar das crianças de hoje, que devem aprender sobre o que aconteceu”, acrescentou o diretor do UNIC Rio na cerimônia, que reuniu cerca de 50 pessoas, entre sobreviventes do regime nazista vivendo no Rio, representantes das comunidades judaica e cigana, estudantes e autoridades consulares.
Para o vice-presidente da Federação Israelita do estado do Rio de Janeiro (FIERJ), Claudio Rosemberg, “o Holocausto marca o trágico e doloroso ápice das perseguições sofridas ao longo dos séculos (pelos judeus) e até os dias de hoje”.
Rosemberg lembrou ainda que, além dos judeus, ciganos, pessoas com deficiência física e mental, padres, homossexuais e cidadãos do Leste Europeu também foram perseguidos e brutalmente assassinados por não pertencerem à raça ariana. “Para Adolf Hitler e seus companheiros, todos os grupos considerados inferiores deveriam ser exterminados. Esta solução final criada pelos nazistas resultou na aniquilação de um terço da população judia, tratada como sujeira humana.”

Sobreviventes são memória viva

Julia Cristofi, criadora do pôster vencedor do concurso, conta que quis valorizar a memória viva representada pelos sobreviventes do Holocausto. A imagem de sua autoria reúne fotos de sobreviventes que são anualmente selecionados pelo Memorial Yad Vashem, em Israel, para acender seis tochas durante as atividades da instituição em lembrança às mortes dos 6 milhões de judeus.
“Todo artista espera ter uma oportunidade em que ele possa falar de história e questões sociais”, afirma a designer. Para Julia, é necessário ouvir o que os sobreviventes têm a dizer para fortalecer a luta contra o preconceito atualmente. Saiba mais sobre a participação da brasileira no concurso clicando aqui.
Também presente na abertura da mostra, Freddy Glatt conta que fugiu da Alemanha para a Bélgica em 1933, quando Hitler chegou ao poder. A migração, porém, não salvou sua família. Em 1942, dois anos após a invasão da Bélgica pelos alemães, teve início uma perseguição aos judeus vivendo em território belga. Os irmãos e avós de Freddy foram capturados e mortos em Auschwitz.
“Judeus eram assassinados com requintes da maior crueldade e sadismo. Com espancamentos, fome e frio, fuzilamentos, enforcamentos, experiências pseudocientíficas”, lembra Freddy, que chegou ao Brasil em 1947, com sua mãe. “Holocausto, nunca mais”, defende o sobrevivente.
A mostra de pôsteres ficará aberta ao público no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, com entrada franca, até o dia 28 de fevereiro.
Freddy foi um dos entrevistados pelo UNIC Rio para uma reportagem especial sobre as vítimas do Holocausto. A matéria foi exibida na inauguração da exposição, mas também foi disponibilizada online. Confira em https://nacoesunidas.org/no-rio-onu-lembra-holocausto-com-exposicao-de-posteres-e-apelo-contra-o-odio/

Curso online de Pedagogia Bilíngue - INES


Ainda é férias na Ema Klabin | Oficina de Gravura

Sábado, 17/02/18 das 14:30 às 16:30
gratuito
20 vagas por ordem de inscrição

 

Como foram feitas as primeiras imagens impressas nos livros?

O educativo convida crianças e adultos a entender e vivenciar este processo na oficina de gravura “Experimentando a impressão”
A proposta é experimentar noções básicas da gravura em relevo, com materiais acessíveis para toda família.
Os materiais necessários para a realização da oficina serão disponibilizados pela Fundação

Alice no País das Maravilhas, ilustrado por Arthur Rackham

O livro “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll com ilustração de Arthur Rackham, ficará exposto na recepção da casa-museu.

Projeto que convida o público a conhecer objetos, livros ou documentos da Coleção Ema Klabin através de propostas que estimulam o diálogo com os visitantes, provocando o olhar sensível e a reflexão.
Nessa edição será exposto o exemplar de “Alice no País das Maravilhas” em edição de 1907 com ilustrações de Arthur Rackham, um dos ilustradores mais influentes de seu tempo que influenciou cineastas como Tim Burton e Guilhermo del Toro.
Além do livro, a exposição de peças da Coleção e outras, presentes no nosso cotidiano, nos estimulam a pensar sobre os diferentes hábitos sociais que se relacionam ao consumo do chá, café e chocolate e que expressam a diversidade cultural que compõe nossos costumes cotidianos.
Diálogos com a Coleção: Alice no País das Maravilhas, ilustrado por Arthur Rackham
Quarta, 24/01/18, às 14:00. Em exposição até 28/02/18
Gratuito
Fonte: https://emaklabin.org.br/dialogos-com-a-colecao/alice-no-pais-das-maravilhas

Novidade: COMEÇA A VENDA DE INGRESSOS AVULSOS PARA TODA TEMPORADA 2018 DA OSESP


A partir deste ano, a venda de ingressos para os concertos da Osesp mudou: o expectador não precisa mais esperar até 60 dias antes do apresentação para garantir seu lugar na plateia. A partir do próximo dia 6 de fevereiro, já poderão ser adquiridos ingressos avulsos para qualquer apresentação paga ou Ensaio Aberto da Osesp durante todo o ano.

Essa é a oportunidade para já garantir lugar nos programas mais concorridos do ano, como a integral das Sinfonias de Beethoven, com cinco dias de apresentação da Nona; ou os concertos que contam com a participação de artistas destacados como Emmanuel Pahud, Nathalie Stutzmann, entre outros.

A distribuição de ingressos para concertos gratuitos (Matinais, Viva Villa e Maratona Mozart) continua a ser feita alguns dias antes das apresentações e os ingressos passarão a ser disponibilizados não só em nossa bilheteria, mas também através da internet.

Fonte: Alexandre Félix - Fundação Osesp | Imprensa

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

"Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido". Charles Chaplin (Filme O GRANDE DITADOR )

Tudo é... Está tão desigual.



Por Alessandra Leles Rocha



Na semana em que acontece o Fórum Econômico Mundial 1, em Davos, nos Alpes Suíços, foi também divulgado o relatório de 2018 da Oxfam 2, o qual aponta que 82% da riqueza mundial gerada no ano de 2017 ficaram com 1% da população 3. Portanto, nada mais oportuno do que refletir sobre a redução da pobreza e da desigualdade entre os seres humanos.  
De fato, ninguém é igual a ninguém. Somos diferentes, comportamental e biologicamente falando; mas, na medida de nossas demandas e aspirações somos sim, iguais. Queremos nascer, crescer, reproduzir, envelhecer no contexto de um pacote que inclui dignidade, felicidade, oportunidade, igualdade, liberdade, fraternidade, enfim... No entanto, o que parece nos afastar dessa possibilidade, talvez, não seja propriamente a falta de recursos financeiros; mas, a desigualdade que se aflora na construção das relações humanas.
Ao estabelecer as hierarquias na sociedade, os seres humanos deram o pontapé inicial da desigualdade. A compreensão de que uns eram mais ou melhores do que outros permitiu a construção de uma relação desigual, desarmônica e de violência (algumas vezes, extrema) entre os indivíduos. Partindo da divisão social do trabalho, a capacidade produtiva e o tipo de função laboral passaram a designar o grau de importância, de respeito, de poder, de riqueza, o qual cada ser humano desfrutaria na sociedade; como, se na verdade todos não fossem igualmente fundamentais.
A grande questão é que poucos, de fato, sentiram-se ou sentem-se desconfortáveis, incomodados dentro desse modelo. A força do hábito, da práxis, parece ter banalizado ou trivializado essa desigualdade ao ponto de invisibilizarmos algumas pessoas, como se elas não pudessem ou não tivessem o direito de serem computadas no âmbito da sociedade. Lamentavelmente, vive-se em um mundo onde opera a lei do “vale quanto pesa”.
Reverencia-se o status, o poder, de tal forma que não se questiona o que eles escondem e/ou omitem; por isso, parece tão difícil romper com o discurso do fim justificando sempre os meios.  Sem que se dê conta de toda a complexidade que reveste os meandros dessa relação, a sociedade ensandecida não percebe a perversidade a qual está constantemente submetida, ou seja, ela é cada vez mais espoliada, humilhada, massacrada em nome do TER.
 A noção da necessidade, da prioridade, perde cada vez mais espaço no contexto da civilização do consumo. Para consumir é preciso dinheiro. Muito, sempre, cada vez mais. Não são os sonhos, os ideais, os projetos de vida que movem essa sociedade consumista; mas, um fastio constante e renovado a novas ofertas de bens e serviços, que vendem falsas promessas, quinze minutos de fama, ascensão e inclusão social num piscar de olhos.
Enquanto se deslumbra, a humanidade se torna alvo fácil da exploração em massa. Quanto mais ela quer, mais o seu poder aquisitivo é insuficiente. Então, o círculo vicioso se consolida. Sem perceber, milhões de pessoas trabalham exaustivamente para materializar o TER de uma minoria seleta. Chegam ao ponto, em alguns casos, de abdicar da própria dignidade, da sobrevivência humana mais elementar, para correr atrás de satisfazer os ditames impostos na mídia das celebridades.
Escravos dessa dinâmica social; mesmo assim, arrogantes o bastante para se colocar na posição de superioridade frente aos seus pares. De medir com crueza a insignificância de quem está ao seu redor. De sentir prazer em ser reverenciado por aqueles a quem julga em posição de inferioridade e subserviência. Resquícios do “beija mão”? Talvez...
O problema é que a inconsciência diante da desigualdade (seja ela voluntária ou involuntária) ela aponta para um afrontamento aos direitos humanos. Direitos e deveres passam a não ter o seu caráter igualitário dentro da sociedade, a partir do estabelecimento de vieses e prerrogativas que fazem de alguns, exceção.  É o próprio coletivo social que, de repente, se sujeita a aceitar com naturalidade esse tratamento diferencial, com base em critérios bastante questionáveis.
Você já deve ter ouvido, por exemplo, que, tudo bem, pessoas capazes de pagar por um plano de saúde tenham assistência médica de melhor qualidade. Quando, o que se esperaria ouvir é a necessidade de todos terem a mesma qualidade de assistência médica; inclusive, porque, o atendimento público é fruto da contribuição tributária de todos os cidadãos. Mas, isso não acontece, porque uma grande parcela da população vê na possibilidade de poder pagar por um serviço, uma forma de status, de superioridade social.
Do mesmo modo, acontece com a realidade do sistema prisional. Não há uma indignação sistêmica contra a realidade do cárcere no Brasil, onde pessoas são amontoadas de maneira desumana em espaços mínimos, aguardando o desenrolar de processos que se arrastam no volume das demandas dos tribunais. No entanto, veem-se manifestações a respeito, quando se tratam de presos ligados aos chamados “crimes do colarinho branco”, sob a alegação de que seus direitos humanos estão sendo desrespeitados.  
Ou, com a realidade da fome. Enquanto torcem o nariz para os relatos dramáticos da fome nas regiões mais miseráveis do planeta, onde a população esquálida vive os horrores da fome e da subnutrição, seres humanos se voluntariam à neurose da imagem corporal perfeita, mesmo ao custo da imersão nos graves transtornos alimentares que isso pode causar. A fome, nesse caso, se relativiza pela beleza, pelo status, pela aceitação social, como se isso pudesse ser aceitável. E assim, tantos outros episódios no cotidiano, me levam a pensar que o posicionamento diante da desigualdade é muito parcial.
Desse modo, a desigualdade aponta para uma necessidade cada vez maior de ídolos. Formando opinião ou influenciando mentes e comportamentos, há pessoas desfrutando de legiões de seguidores hipnotizados, robotizados, em busca de ser, ou melhor, de pensar como elas. Na verdade, não se trata de uma inspiração visando compartilhar aspectos éticos, morais, filosóficos do indivíduo; mas, uma reprodução (quase caricata) daquele personagem, daquele modelo de padrão de vida ostentado nas mídias.
Bom, epidemias matam. Fome mata. Miséria mata. Armas matam. Guerras matam. Ódio mata. Intolerância mata. Ignorância mata. Alienação mata. ... Enfim, o ser humano mata. Diante dos fatos, creio que a desigualdade é mais um fruto da nossa razão; exatamente aquilo que nos difere dos animais. Nosso livre arbítrio sobre o pensamento, nossas escolhas, nossos valores,... parece ser a pior de todas as ciências e tecnologias de destruição em massa.
De repente, abdicamos de nós, abdicamos do mundo, permitindo que algo ou alguém nos guiasse e nos transformasse em seu escravo “fiel e devotado”. Assim, adquirimos a ilusória sensação de não sermos responsáveis pelos horrores, pelas tragédias, pelos atos e pelas omissões cometidas com o auxilio voluntário (ou não) de nossas mãos. Apenas, nos agregamos em nossas pseudo castas.
Temos justificativas injustificáveis para tudo. Pena, que não são capazes de alterar ou de mascarar a visão que nos chega pela janela da casa ou das tecnologias; nem tampouco, de rebater a nossa inércia em favor da transposição dos abismos que nos fazem indignos da nossa complexidade humana, da nossa razão.  Afinal, tudo está tão... Desigual.



2 A Oxfam Internacional foi formada em 1995 por um grupo de organizações não governamentais independentes. Seu objetivo era trabalhar em conjunto para um maior impacto no cenário internacional para reduzir a pobreza e a injustiça. https://www.oxfam.org/en/countries/history-oxfam-international

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Leia. Pense. Reflita.

É melhor prevenir do que remediar?


Por Alessandra Leles Rocha



É melhor prevenir do que remediar. Assim diz o provérbio. Mas por aqui, em Terra Brasilis parecemos não levar muito a sério essas palavras e acabamos por viver em constante apagar de “incêndios”.
Sim, em maior e em menor escala, o brasileiro não é um sujeito precavido. O amanhã, o depois, sempre lhe parece a melhor solução para tudo. Aí, quando a coisa não dá certo e a situação aperta, só lhe resta posar de vítima das circunstâncias e choramingar suas pitangas, como se não tivesse nenhuma parcela de responsabilidade sobre o assunto.
Vejam a Febre Amarela que assola alguns estados brasileiros e o corre-corre que se formou para a vacinação. Este é um grande exemplo da nossa displicência imprevidente. Como diz a canção, "Moro num país tropical / Abençoado por Deus / E bonito por natureza (mas que beleza)..."1;portanto, deveríamos (nós e nossos governantes) nos atentar para o fato de que essa tal "tropicalidade", também, acarreta certo número de doenças, tais como: MALÁRIA, DENGUE, DOENÇA DE CHAGAS, LEISHMANIOSE, ESQUISTOSSOMOSE, TUBERCULOSE, HANSENÍASE 2.  
Algumas dispondo de vacinação preventiva, outras não; mas, a verdade é que se existem há sempre um risco iminente de surto 3 e/ou epidemia 4, principalmente pelo descontrole dos agentes transmissores e do estreitamento das faixas limítrofes entre as zonas urbanas e rurais, o que facilita o trânsito da doença. Em busca de água, abrigo e alimento, é cada vez mais comum o aparecimento, proliferação e adaptação dos agentes transmissores para as regiões mais urbanizadas do país.
Por isso, deveríamos nos atentar mais a essas questões. Mas, o que se percebe é que nem mesmo os profissionais de saúde dispõem de uma formação que contemple com mais seriedade a chamada Medicina Tropical, aquela voltada para as infecções ou moléstias tropicais. Na verdade, quando se trata da trivialidade médica do país, nossos profissionais parecem estar diante do mais inusitado. Quantos são realmente capazes de identificar um acidente ofídico, por exemplo, apenas pelo sinal da mordida do animal? Sabe, isso é importantíssimo nos serviços de emergência, porque nem sempre a vítima tem como descrever ou apresentar in loco o animal, para que possa receber os cuidados e o soro antiofídico apropriado.  Quantos conhecem na prática os sintomas e repercussões evolutivas das doenças tropicais? Basta ver a confusão que houve quando a Dengue, a Chikungunya e a Zika disputaram palmo a palmo o espaço no cenário epidemiológico nacional e a dificuldade de se estabelecer um diagnóstico preciso era evidente entre os profissionais de saúde. Então, diante de um quadro típico para a realidade do país, a população enfrenta tamanho desafio e acaba por padecer na falta de assistência adequada, em pleno século XXI.
Um século depois da Revolta da Vacina 5, ocorrida pela disseminação da ignorância da população, o que dizer sobre o que vivemos agora? Talvez, uma pequena porcentagem ainda possa se abrigar no argumento da ignorância; mas, e o restante? Pesa sobre a maioria a ideia condicionada de que estamos no século XXI e este nos trouxe a proteção necessária e suficiente contra esses males do passado, deixando nas páginas da história o seu registro.
Há sempre quem argumente que a carência de fármacos e técnicas específicas para o combate das doenças no passado era a causa das epidemias devastadoras, como se quisessem se abster da responsabilidade sanitária que compete a cada um em particular. Quando na verdade, o sucesso do controle epidemiológico depende de cada elo envolvido no processo, ou seja, cidadãos, profissionais de saúde, técnicas e tecnologias, medicamentos, instrumentos de análise, profilaxia e controle. 
Assim, não é o fato de estarmos em pleno século XXI, rodeados pelos mais modernos aparatos da ciência e da tecnologia, que doenças (sobretudo, as tropicais) são coisas do passado. As demandas de uma sociedade com mais de 207,7 milhões de pessoas, no caso do Brasil, contribuem inevitavelmente com o processo de impacto ao meio ambiente. A cada passo que a urbanização, a expansão das fronteiras agrícolas e a industrialização avançam, o processo de estruturação social esbarra no equilíbrio ecológico e nos expõem aos riscos de doenças, as quais estavam, até então, confinadas aos ambientes naturais, ou seja, áreas de matas e florestas. Diante da ação antrópica no ambiente, a prevenção das doenças deveria, portanto, ser uma prioridade contínua e não esporádica como vem sendo tratada ao longo das décadas.  
Aliás, a realidade contemporânea vem impondo, não só ao Brasil, mas ao mundo inteiro, desafios imensos em relação ao que se entende por vigilância epidemiológica (agravos e doenças), vigilância sanitária (agentes químicos, físicos e biológicos que possam ocasionar doenças e agravos) e vigilância ambiental (monitoramento da exposição de indivíduos ou grupos populacionais a um determinado agente ambiental, considerando os efeitos subclínicos ou pré-clínicos por ele causados). A globalização, o crescimento do fluxo migratório voluntário e involuntário, a existência de armas químicas e biológicas de destruição em massa, tudo isso coloca todos os seres humanos em risco iminente.
O fato de sermos capazes de produzir vacinas e/ou medicamentos, de dispormos de equipamentos, tecnologias e mão-de-obra para o combate dos agentes transmissores, não representa motivos para nos vangloriarmos como vimos até agora. As medidas de controle e fiscalização de fronteiras é que precisam ser periodicamente revistas e aprimoradas; bem como, aquelas voltadas à educação e a conscientização da população. Saúde pública é parte de uma educação cidadã, a qual se sabe não existe em nosso país. Se fôssemos mesmo cidadãos, saberíamos o valor da prevenção e sempre trabalharíamos por ela. Não precisaríamos ser convocados, lembrados, estimulados; isso já faria parte da nossa consciência, do nosso compromisso individual e coletivo.  Então, o melhor remédio é educar!



3 Surto: acontece quando há o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica. Para ser considerado surto, o aumento de casos deve ser maior do que o esperado pelas autoridades.... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/surto-epidemia-pandemia-e-endemia-entenda-qual-e-a-diferenca-entre-eles.htm?cmpid=copiaecola.
4 Epidemia: a epidemia se caracteriza quando um surto acontece em diversas regiões. Uma epidemia a nível municipal acontece quando diversos bairros apresentam uma doença, a epidemia a nível estadual acontece quando diversas cidades ... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/surto-epidemia-pandemia-e-endemia-entenda-qual-e-a-diferenca-entre-eles.htm?cmpid=copiaecola