domingo, 29 de outubro de 2017

Ganhe um lindo Calendário 2018 nessa campanha!

O nosso CALENDÁRIO 2018 já está disponível!
Olá! Tudo bem?
Você já está sabendo que o Calendário Acessível 2018 da Fundação Dorina já está disponível?
Com uma doação de apenas R$ 35 na nossa campanha de financiamento coletivo, você apoia o futuro das crianças com deficiência visual que atendemos gratuitamente por aqui e ainda GANHA UM LINDO CALENDÁRIO!

Nosso calendário possui impressões em braile e fonte ampliada e neste ano será ilustrado com lindas fotos das nossas crianças sonhando com o que querem ser quando crescerem!
A Aisha, por exemplo, está aprendendo a ler e escrever em braile para ser uma grande escritora no futuro!
você pode ajudar crianças cegas ou com baixa visão a serem o que elas quiserem no futuro e ganhar recompensas exclusivas!
Participe da nossa campanha de financiamento coletivo e ajude a realizar o sonho das nossas crianças! Quanto mais você doa, mais você ganha!
Ao fazer uma doação para nossa campanha, você nos ajuda a produzir e distribuir gratuitamente milhares de calendários para pessoas com deficiência visual em todo o Brasil! Sua doação levará inclusão para quem tanto precisa!
Precisamos de você para manter essa distribuição!


Nossa campanha de financiamento coletivo tem prazo para acabar e precisamos arrecadar esse recurso para produzir calendários para pessoas com deficiência visual em todo o Brasil!
Muito obrigada por sua solidariedade!
Fonte: Fundação Dorina <relacionamento@fundacaodorina.org.br>

sábado, 28 de outubro de 2017

Para uma boa reflexão!!!

Uma ostra que não foi ferida não produz pérolas


 Rubem Alves



Pérolas são produtos da dor; resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou grão de areia. Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada nácar. Quando um grão de areia a penetra, as células do nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra. Como resultado, uma linda pérola vai se formando. Uma ostra que não foi ferida, de modo algum produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada. O mesmo pode acontecer conosco. Se você já sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém? Já foi acusado de ter dito coisas que não disse? Suas idéias já foram rejeitadas ou mal interpretadas? Você já sofreu o duro golpe do preconceito? Já recebeu o troco da indiferença? Então, produza uma pérola! Cubra suas mágoas com várias camadas de AMOR. Infelizmente, são poucas as pessoas que se interessam por esse tipo de movimento. A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos, mágoas, deixando as feridas abertas e alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e, portanto, não permitindo que cicatrizem. Assim, na prática, o que vemos são muitas "Ostras Vazias", não porque não tenham sido feridas, mas porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor. Um sorriso, um olhar, um gesto, na maioria das vezes, vale mais do que mil palavras! 

União Interparlamentar pede ação firme contra a epidemia de AIDS

Parlamentares de todo o mundo pediram uma ação firme para acabar com a epidemia global de AIDS. Eles se reuniram na semana passada para a 137ª Assembleia-Geral da União Interparlamentar em São Petersburgo, na Rússia.
Parlamentares de todo o mundo pediram uma ação firme para acabar com a epidemia global de AIDS. Eles se reuniram na semana passada para a 137ª Assembleia-Geral da União Interparlamentar em São Petersburgo, na Rússia.
Durante a sessão “Acabar com a AIDS através da Saúde Sexual e Reprodutiva: a necessidade de ação parlamentar urgente” os parlamentares discutiram direitos das populações-chave, acesso ao tratamento, igualdade de gênero, abordagem de barreiras culturais e falaram sobre a necessidade de mais investimento na resposta ao HIV. Eles também debateram questões de apoio legal às iniciativas de prevenção do HIV e redução de danos.
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) lidera e inspira o mundo para alcançar sua visão compartilhada de zero nova infecção por HIV, zero discriminação e zero morte relacionada à AIDS. O UNAIDS une os esforços de 11 organizações – ACNUR, UNICEF, PMA, PNUD, UNFPA, UNODC, ONU Mulheres, OIT, UNESCO, OMS e Banco Mundial – e trabalha em estreita colaboração com parceiros nacionais e globais para acabar com a epidemia da AIDS até 2030 como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Relatório do Banco Mundial mostra disparidades entre estudantes ricos e pobres globalmente

As sensações de fracasso e impotência, entre outras, acompanham milhões de estudantes de países em desenvolvimento que não sabem ler, escrever ou fazer uma operação de aritmética, mesmo após vários anos de escolarização. Além de nascerem em desvantagem devido à pobreza, ao gênero ou a uma deficiência, eles chegam à idade adulta sem as aptidões mais básicas para a vida.
Alguns dados do mais recente Relatório de Desenvolvimento Global (WDR 2018, na sigla em inglês), do Banco Mundial, revelam as disparidades que existem entre os estudantes ricos e pobres de um mesmo país e entre esses mesmos alunos e os de uma economia desenvolvida. 

Em algum momento você fez um curso e sentiu que não aprendeu? Se a resposta for “sim”, imagine multiplicar essa sensação por muitos anos. Pense também que, daquele conhecimento nunca aprendido, dependem as suas chances de melhorar de vida. Como você se sente?
As sensações de fracasso e impotência, entre outras, acompanham milhões de estudantes de países em desenvolvimento que não sabem ler, escrever ou fazer uma operação de aritmética, mesmo após vários anos de escolarização. Além de nascerem em desvantagem devido à pobreza, ao gênero ou a uma deficiência, eles chegam à idade adulta sem as aptidões mais básicas para a vida.
Alguns dados do mais recente Relatório de Desenvolvimento Global (WDR 2018, na sigla em inglês), do Banco Mundial, revelam as disparidades que existem entre os estudantes ricos e pobres de um mesmo país e entre esses mesmos alunos e os de uma economia desenvolvida.
O documento concluiu que existe uma crise global de aprendizagem. Estudar sem aprender é uma grande injustiça, pois prejudica sobretudo os estudantes que precisam de uma boa educação para ter sucesso na vida, afirma o organismo internacional.
A Base de Dados Mundial sobre Qualidade da Educação, atualizada recentemente, sugere que nos países de renda média e baixa, mais de 60% das crianças avaliadas não conseguiram alcançar habilidades mínimas em matemática e leitura. Já nos ricos, quase todas as crianças ultrapassaram esse nível.
As estatísticas não levam em conta 260 milhões de crianças que, por motivo de conflito, discriminação, deficiência e outros obstáculos não estão matriculadas no ensino fundamental ou médio.
Segundo o documento, a crise global de aprendizagem não apenas impede esses jovens de terem salários maiores — de 9% a 11%, no caso da América Latina e Caribe (veja o gráfico) —, mas também aprofunda as diferenças entre ricos e pobres.
Nota: dados mais recentes disponíveis, 1992-2012. As regiões não incluem países de alta renda. Fonte: Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2018, com dados de Montenegro e Patrinos, 2017.
É possível reverter essa tendência? Segundo o WDR 2018, sim, mas é preciso um trabalho extenso para melhorar todos os fatores ligados à aprendizagem.
O estudo, que se baseia nos dados obtidos em consultas com governos, institutos de pesquisa e desenvolvimento, organizações da sociedade civil e setor privado em 20 países, traça alguns desafios e recomendações para a América Latina e Caribe, bem como para todo o mundo em desenvolvimento.

Avaliar a aprendizagem

Quando se trata da educação primária, a América Latina é a região em desenvolvimento que mais mede os resultados da aprendizagem. No entanto, a avaliação dos primeiros anos do ensino médio — uma importante fase, que prepara o jovem para níveis mais avançados de instrução — não recebe a mesma atenção.
Nota: as médias regionais excluem países de alta renda.
Fonte: Relatório de Desenvolvimento Mundial 2018, utilizando o Banco de Dados Global sobre Qualidade Educacional de Altinok, Angrist e Patrinos, 2017.
Para enfrentar a crise de aprendizagem em todo o mundo, a primeira recomendação do WDR 2018 é ter mais e melhores sistemas para medi-la e definir prioridades. Segundo os autores, não basta se ater aos indicadores de aprendizagem: é importante “identificar os fatores decisivos que a impulsionam, como a preparação do aluno, as competências dos professores, a qualidade do gerenciamento escolar, o nível e a equidade do financiamento (para a educação)”. E por que não existem mais e melhores maneiras de avaliar a aprendizagem? Por obstáculos de caráter técnico e político, defende o estudo.

Construir políticas baseadas em evidências

Pesquisas realizadas em todo o mundo levantaram uma série de medidas que de fato contribuem para a aprendizagem. Uma delas é garantir o pleno desenvolvimento das crianças por meio da nutrição, da estimulação e dos cuidados na primeira infância, como o Chile vem fazendo.
Ao longo de toda a vida escolar, também funcionam as medidas que reduzem o custo da escolarização e usem ferramentas complementares — como a merenda e as transferências de renda para as famílias que têm filhos estudantes — de modo a aumentar a motivação e o esforço.
Outra atividade que costuma trazer bons resultados é, para compensar o fato de muitos jovens completarem o ensino básico sem as habilidades necessárias, oferecer-lhes aulas de apoio e recuperação antes de eles continuarem a avançar nas séries.

Tornar a educação uma causa coletiva

O relatório enfatiza que melhorar a aprendizagem rapidamente é viável quando isso se torna prioridade, e cita o Chile e o Peru como exemplos de países assumiram compromissos sérios e recentes nesse sentido.
“O aprendizado melhorou ao longo do tempo, nem sempre uniformemente, mas o suficiente para mostrar que as reformas do sistema podem valer a pena”, dizem os autores.
Para mobilizar a população, criar um senso de responsabilidade coletiva e impulsionar a vontade política, é preciso mais uma vez ter informações e avaliações de qualidade sobre o ensino local, segundo o WDR. Finalmente, o estudo incentiva envolver os cidadãos em todas as etapas da melhoria dos sistemas de ensino, do desenho à implementação de políticas.

"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história". Bill Gates



Dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o  As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei. 
Art. 2o  Para os fins desta Lei, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura.  
Parágrafo único.  Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares. 
Art. 3o  Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja efetivada num prazo máximo de dez anos, respeitada a profissão de Bibliotecário, disciplinada pelas Leis nos 4.084, de 30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho de 1998
Art. 4o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 

Brasília,  24  de maio de 2010; 189o da Independência e 122o da República. 

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Fernando Haddad
Carlos Lupi

2º Encontro de Gastronomia, Cultura e Memória

O Encontro de Gastronomia, Cultura e Memória, convida estudantes, professores, grupos de pesquisa e todos os interessados a enviar resumos para o segundo ano do evento, que acontecerá nos dias 30 e 31 de outubro de 2017.
Neste ano, a temática “Cerâmicas, Potes e Vasilhames” busca explorar conhecimentos e práticas neste universo. Considerando que uma história dos objetos cerâmicos mostraria uma trajetória muito próxima à dos alimentos, vale acrescentar que numa época em que buscamos recuperar os sentidos sociais, as memórias e o patrimônio dos alimentos locais, regionais, comunitários e tradicionais, cabe-nos cuidar dos objetos que os acompanham – enquanto suportes, apoios ou instrumentos – para discutirmos e, quem sabe, compreendermos melhor a sociedade de consumo contemporânea que envolve a alimentação, os seus objetos e a todos nós. A ideia é recolher impressões, relatos, saberes, subjetividades e práticas que incluam não somente os objetos cerâmicos, mas, também, os que são e foram suportes em algumas ou em todas as etapas da alimentação.
O segundo Encontro de Gastronomia, Cultura e Memória: cerâmicas, potes e vasilhames tem como tema o universo onde habitam – objetivamente e subjetivamente – esses objetos.
Mais informações: https://goo.gl/H2zNa9
Dia(s): 30/10/2017 - 31/10/2017
Horário: 9:00 - 17:00
Local: Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ
Av. Pasteur, 250, 2º andar, Urca
Rio de Janeiro - Rio de Janeiro

Cultura - O que está por trás da censura à arte no Brasil

Por Coryntho Baldez

A arte é a mais recente vítima da onda de intolerância que corrói o país. Tudo começou com o cancelamento da exposição Queermuseu  Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, no Santander Cultural, em Porto Alegre, no dia 10/9. Com foco temático em diversidade sexual, a mostra reunia 270 trabalhos de 85 artistas e foi suspensa após protestos nas redes sociais liderados pelo Movimento Brasil Livre (MBL). A queixa era de que as obras, assinadas por nomes consagrados como Adriana Varejão, Cândido Portinari e Lygia Clark, faziam apologia à pedofilia e à zoofilia. Uma tentativa do Museu de Arte do Rio (MAR) de trazer a mostra para a cidade foi desautorizada pelo prefeito Marcelo Crivella.
Dois episódios posteriores confirmam que a livre expressão artística virou alvo preferencial de ataques dos ultraconservadores, cujas demandas vêm encontrando acolhida no aparato jurídico-policial. Em Campo Grande (MT), a polícia apreendeu uma tela exposta no Museu de Arte Contemporânea do Mato Grosso do Sul, sob a mesma acusação de apologia à pedofilia. E um juiz proibiu a peça Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, minutos antes da estreia, no Sesc Jundiaí, em São Paulo, em 15/9 – posteriormente, a exibição foi liberada pela Justiça em Porto Alegre.

Retrocesso atual lembra ditadura militar

Essas ações, segundo especialistas, configuram um cerco sem precedentes à liberdade de expressão e à arte desde o fim da ditadura militar. Carla Costa Dias, professora da Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ, considera o cenário muito preocupante.
“Estamos vivendo um período de retrocesso. Temos visto um movimento de direita crescente. O MBL é financiado por corporações exatamente para impor uma pauta ampla de cerceamento dos movimentos sociais. Esse mesmo grupo faz a apologia do que chamo de ‘Escola Com Censura’, que busca limitar a ação dos professores e o pensamento”, critica.
Ela ressalta que, no momento, o alvo maior dos ataques é a expressão artística que retrata a diversidade sexual. Segundo Carla, a leitura que esses grupos fazem das obras é completamente equivocada, mas o fato de a exposição abordar o tema abertamente e sem preconceitos incitou o ódio daqueles que promovem a LGBTfobia. “Na internet, esses grupos de direita são muito ativos e chegam a falar em um complô para impor uma pauta”, afirma.
Felipe Scovino, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da EBA/UFRJ, lembra que o Brasil tem um histórico preocupante de exposições fechadas e de peças teatrais e músicas censuradas, especialmente no período da ditadura militar. [...]


Educação - Ensino de crenças nas escolas: turbilhão de intolerância religiosa à vista

Por Coryntho Baldez
Após intensa polêmica, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu permitir o ensino religioso confessional na rede pública de ensino.
Em sessão no dia 27/9, o Plenário declarou improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), proposta pela Procuradoria-Geral da República, que questionava o vínculo da disciplina de religião a uma crença específica – prevista em acordo entre o Brasil e a Santa Sé, em 2010.
Para Amanda Mendonça, coordenadora do Observatório da Laicidade na Educação da UFRJ, a religião faz parte da esfera privada e não cabe à escola pública colocar em sua grade o ensino de credos. Segundo ela, no modelo confessional, o que se ensina são os dogmas e não a história do desenvolvimento de cada fé.
Nesta entrevista, a professora realça que a decisão do STF não unificou nem mesmo as religiões, à exceção da Igreja Católica, e poderá aguçar a intolerância contra algumas crenças, especialmente as de matriz africana – “as que mais sofrem perseguição dentro do ambiente escolar”.

domingo, 22 de outubro de 2017

"O segredo da saúde mental e corporal está em não se lamentar pelo passado, não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos problemas, mas viver sabia e seriamente o presente". Buda

A previsibilidade do “fatalismo”


Por Alessandra Leles Rocha


A tragédia ocorrida na última sexta-feira em Goiânia (GO) desperta uma reflexão importante para o país. Independente se a escola é pública ou privada, a violência é uma ameaça iminente a paz e a tranquilidade que deveriam ali ter seu espaço resguardado. Mas, para lidar com a violência nas suas mais diferentes faces e repercussões dentro do ambiente escolar é preciso urgentemente dispor de uma equipe profissional apta para isso, ou seja, psicólogos e assistentes sociais.
A justificativa inicial dada pelo menor, autor dos disparos que vitimaram dois colegas e feriram mais quatro, foi o bullying que estava sofrendo. Confirmada ou não a alegação dele, a verdade é que algo muito grave e não perceptível pelas pessoas ao redor desse garoto estava acontecendo. Uma iniciativa brutal dessa envergadura não acontece no ímpeto de um momento ou de uma banalidade. Trata-se de ações pensadas, planejadas, o que demonstra um processo lento e gradual de construção, que não somente o bullying poderia desencadear.
No auge das emoções a flor da pele, como agora, é comum que as pessoas comecem a se questionar por não terem percebido, sentido algo de estranho ou sintomático nos comportamentos daquele garoto. Essa possível “displicência” involuntária pode ter ocorrido; mas, a alma humana é sempre uma caixinha de surpresas e de repente, pode nos pegar desprevenidos e nos causar um estarrecimento sem precedentes, por conta do despreparo técnico para o assunto.
É por isso que a presença de profissionais especializados no comportamento se torna imprescindível na escola.  Não bastasse a adolescência que, por si só, já é bastante complexa no campo individual, a relação de coexistência e convivência na escola é algo ainda mais delicado.
Quando os olhares da sociedade se concentram apenas nos episódios de bullying, deixa-se de perceber milhares de situações de automutilação, de tentativas suicidas, de depressão, de transtornos alimentares, etc. que podem estar afligindo outros tantos jovens. Antes de serem alunos aqueles indivíduos que entram pela porta da escola são seres humanos. Na sua bagagem existencial há questões nem sempre expostas, clara e abertamente, além dos comportamentos típicos a qualquer estudante.
O argumento em torno de encaminhamentos extraescolares, quando se percebe algo fora dos padrões, é inconsistente. Na maioria das vezes, eles não acontecem satisfatoriamente, pois deixa de existir um intercâmbio de informações entre os profissionais que atendem esses alunos e a escola. Portanto, o ciclo de ajuda e suporte psicológico e assistencial para esses alunos fica fragmentado e não surte os resultados esperados. Além disso, trata-se de profissionais que não compartilham a vivência daquele ambiente escolar para que pudessem fundamentar suas observações de forma mais contundente. No caso da escola pública, então, essa realidade praticamente não acontece, em razão dos custos extras que esse tipo de atendimento representa para as famílias.
Mas, diante do que aconteceu em Goiânia, é importante destacar, também, o impacto desses acontecimentos sobre os servidores da escola, professores e funcionários que viram a sua rotina repentinamente impactada pela violência, de onde menos se esperaria. Esses profissionais da mesma forma que seus alunos são merecedores de atendimento psicossocial, para que possam continuar desempenhando adequadamente suas funções, sob uma repercussão mitigada e reelaborada do estresse pós-traumático. Eles precisam reaprender a lidar com episódios assim, a partir do apoio recebido de profissionais qualificados no assunto.
Portanto, a reflexão trazida nutre a sensação de que o olhar que a sociedade tem oferecido para si mesma parece cada vez mais superficial. Não estamos dando a devida atenção à saúde mental 1 dos seres humanos. Tudo se transforma em piada, em escárnio, em deboche, enquanto um sofrimento, um desespero silencioso, sufoca a vida de milhares de pessoas. O simples fato de vivermos “A Civilização do Espetáculo”, como definiu Mario Vargas Llosa, em seu livro homônimo, já nos dá conta do grau de afirmação das aparências a que somos submetidos todos os dias. A identidade humana encontra-se ameaçada, na medida em que as pessoas sentem-se oprimidas a satisfazerem os ideários coletivos para poder pertencer, enquanto a individualidade se perde na subtração de valores, padrões, etc. Esse esforço diário pode ser tão brutal, que culmina por adoecer o indivíduo. Às vezes, ele nem se dá conta do processo.  Outras, ele não consegue buscar ajuda e padece solitário.  
Se a sociedade não se predispuser a lidar com a realidade, disponibilizando um espaço para discutir essas questões em profundidade e lutar para que os investimentos capazes de atender a essas demandas, inclusive nas escolas, se tornem realidade, o país tenderá a viver em constante sobressalto com episódios cada vez mais terríveis. Não podemos creditar tudo de ruim que nos acontece ao simples “fatalismo”. Na maioria das vezes, a fatalidade é só uma questão de atenção, de cuidados, de prevenção.



1 De acordo com a Organização Mundial da Saúde, saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade.

#ficaadica

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

"O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso..."Darcy Ribeiro

Discursos reveladores...



Por Alessandra Leles Rocha




Algumas verdades são bastante inconvenientes porque desnudam o ser humano e nos dão a exata dimensão do que ele esconde por detrás das aparências. A edição da Portaria nº. 1129, de 13/10/2017 1, do Ministério do Trabalho, têm gerado inúmeros protestos e indignação na sociedade brasileira e abriu um espaço relevante para a reflexão sobre o nosso senso de humanidade.
Nos traços do seu primitivismo, o que permite espaço para discutirmos sobre escravidão, exploração, tráfico de pessoas e tantas outras barbáries está no fato de que, consciente ou inconscientemente, o ser humano acredita na existência de critérios de superioridade e importância, buscando para isso desde fundamentações religiosas até científicas. Tudo se transforma em estopim para satisfazer a esses discursos e como consequência deles, promover a disseminação da intolerância e violência em relação à crença, ao gênero, a condição social, ao biótipo, a etnia, etc., como temos visto por aí.
É partindo dessa premissa que o ser humano sem nenhum constrangimento chegou ao ponto de usurpar da vida de seus pares e colocá-los na mais plena condição de indignidade para satisfazer ao seu próprio benefício. Impérios foram erguidos assim, com pessoas sendo consideradas mercadorias, a serem vendidas, compradas ou trocadas por animais ou dívidas, em mercados do mundo.
Na Mesopotâmia, na Índia, na China, no Egito, na Grécia, nas Civilizações pré-colombianas,... as páginas da história dão conta de como sociedades aparentemente tão distintas eram em essência tão iguais, quando o assunto era a escravização de seres humanos. Escravos não eram cidadãos, não tinham direitos, tinham deveres. Em geral, eles eram o espólio de guerra e destinavam-se a atender aos serviços domésticos, na agricultura, nas minas, nos exércitos, como remadores de barcos e outras funções braçais.
A partir do Iluminismo, no século XVIII, as reações contra a prática escravagista se acentuaram, no sentido de apontar a imoralidade que ela representava para uma sociedade tida como intelectualizada e dotada de profunda racionalidade. Então, no século XIX, ela tornou-se proibida em várias partes do planeta, o que não significou exatamente o fim da sua existência.
Entretanto, nesse transitar histórico, ocorre no século XVIII a Revolução Industrial, na Inglaterra, e a partir dela um novo modo de organização do trabalho se institui fundamentado pela economia capitalista moderna. Embora o trabalhador passe a ser assalariado, a paga pelo seu trabalho faz surgir a mais-valia, ou seja, parte do valor da força de trabalho dispendida por um determinado trabalhador na produção não é remunerada pelo patrão. Inicia-se, portanto, a exploração. As péssimas condições de trabalho e vida se traduziam em jornadas de trabalho que superavam 15 horas diárias e, também, incluíam mulheres e crianças em atividades desumanas. Para combater a exploração, a classe operária cria, de forma clandestina, as uniões de ofícios (precursoras dos sindicatos).
Isso significa que, além do trabalho escravo propriamente dito não ter sido completamente extinto, surgiu à exploração do trabalhador assalariado, ou seja, o discurso humano sobre “a existência de critérios de superioridade e importância” encontrava mecanismos para permanecer entre nós. Na verdade, a escravidão e a exploração tornaram-se a mesma coisa, na medida em que a práxis da submissão humana às condições degradantes e indignas continuava acontecendo e não incomodando uma parcela da população, a dos donos dos meios de produção.
E assim chegamos ao século XXI... Não consigo deixar de pensar sobre essas palavras da filósofa norte-americana de origem judaico-russa, Ayn Rand: Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
São as pessoas a que ela se refere é que disseminam e perpetuam os discursos de um novo escravagismo pelo mundo. De fato, ressalvo raríssimas exceções, ninguém está acorrentado durante o trabalho; mas, as relações estão distantes, anos luz, do que pregam os fundamentos previstos nos incisos II, III e IV, do artigo 1º, da Constituição Federal de 1988. Afinal de contas, desrespeitar tais relações é desrespeitar a cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho.
Se nos primórdios da Revolução Industrial a insalubridade e as longas jornadas encurtaram a vida de milhares de pessoas, essa realidade não ficou no passado.  O stress no ambiente de trabalho está associado às novas tendências tecnológicas, responsáveis pelo estado de constante atenção, disponibilidade e competição a que os empregados estão submetidos em suas jornadas laborais. Ao viverem em ritmo de intensidade incompatível com o bem-estar necessário, os trabalhadores têm ficado doentes ao ponto de se tornarem incapacitados para o trabalho. Taquicardia, tensão muscular, dores de estômago, cansaço e dificuldades de memorização, em relativo espaço de tempo  esses sintomas se somatizam e conduzem o trabalhador a quadros mais sérios, tais como: LER/DORT (Lesão por Esforços Repetitivos/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), Depressão, Síndrome do Pânico, Surdez, Desgaste da Visão.
Isso ocorre porque na tentativa de alcançar a dignidade de seus direitos sociais – Educação, Saúde, Lazer, Segurança, Previdência Social -, o ser humano precisa recorrer a jornadas duplas ou triplas de trabalho, comprometendo assim o seu bem estar físico, psíquico, emocional e afetivo. Nessa roda-viva é claro que o ônus da situação uma hora recai sobre o Estado, no âmbito de auxílios oferecidos pelo INSS – aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial, auxílio-acidente, auxílio-doença, auxílio-doença acidentário, pensão por morte – e, de atendimentos de saúde pelo SUS. Com 13,3 milhões de desempregados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deveria ser do interesse do Estado garantir segurança e dignidade ao cidadão trabalhador de modo que este não precisasse de políticas assistencialistas, não é mesmo?
Portanto, além do discurso revelador manifesto pela Portaria nº. 1129, de 13/10/2017, paira no ar o receio de que essa medida venha, de repente, favorecer a abertura de eventuais vagas de “trabalho”; na verdade, novas frentes de consolidação da velha e conhecida práxis da submissão humana às condições degradantes e indignas, fundamentadas na Lei da Oferta e da Procura para mão de obra. Nesse contexto, o Estado sairia ganhando com a mitigação do impacto em seus gastos; mas, e a sociedade?
Preste atenção nos discursos. Preste atenção no que você diz e pensa. No fim das contas, o bom e o ruim da vida sempre recaem sobre você. Você paga a conta do justo e do injusto da vida. Da desigualdade que fomenta a anticidadania. Da marginalização da raça humana, a qual você faz parte (se lembra?). Enfim... Como eu mesma escrevi, em abril de 2010 2, “TRABALHO. Bendito seria ele se fosse reconhecido, se recebêssemos a paga justa, se nos devolvesse de fato a dignidade, a cidadania e a consciência da própria vida. Não temos mais senzalas, troncos, correntes, açoites ou chibatas; mas, continuamos a ver cidadãos brasileiros (de todas as etnias, credos, idades, gêneros, graus de escolaridade) todos os dias com os olhos e alma cabisbaixos, tristes, cansados, humilhados, comprimidos nos trens, nos ônibus, nas lotações pela busca do sagrado pão de cada dia. Esse “moderno escravagismo remunerado”, que ainda nos surpreende com a versatilidade brasileira dos que conseguem sobreviver com um salário mínimo, há de um dia restar somente nos livros como símbolo de uma época da inconsciência de um desenvolvimento desigual e distante do que se espera de uma grande nação”. Fica a reflexão!







1 Dispõe sobre os conceitos de trabalho forçado, jornada exaustiva e condições análogas à de escravo para fins de concessão de seguro-desemprego ao trabalhador que vier a ser resgatado em fiscalização do Ministério do Trabalho, nos termos do artigo 2-C da Lei nº 7998, de 11 de janeiro de 1990; bem como altera dispositivos da PI MTPS/MMIRDH nº 4, de 11 de maio de 2016. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=351466

sábado, 14 de outubro de 2017

15/10 - DIA DO (A) PROFESSOR (A)

"Apesar da vida humana não ter preço, agimos sempre como se certas coisas superassem o valor da vida humana." Antoine de Saint-Exupéry

Cinto de Segurança – afivelando as desigualdades



Por Alessandra Leles Rocha




Não são raras às vezes, em que nos parece difícil entender o comportamento humano. São tantos pesos e medidas para uma mesma questão como se tudo pudesse ser flexibilizado sem nenhum prejuízo. Mas, o que se esconde por detrás dessa contradição desmedida é nada mais, nada menos, do que a carência de um processo educador.
Basta uma simples observação cotidiana para entendermos a dimensão da fragilidade educadora a nos rodear. Lamentavelmente, nosso comportamento tem sido guiado muito mais por DEVERES e OBRIGAÇÕES do que por uma consciência construída a partir de valores e princípios moldados através da educação.
Sabe os chamados “bons exemplos”? Eles podem ser considerados pilares importantes para esse processo. Tudo aquilo que nos é repassado dentro do contexto ao qual estamos inseridos nos faz construir uma percepção individual e coletiva muito mais apurada e positiva; pois, trata-se da junção perfeita entre o discurso e uma prática visível, do que seja melhor, justo, bom.
No entanto, o passar dos dias nos dão conta do acelerado processo de distanciamento dessa condição, ao qual estamos submetidos. OBEDECEMOS, muito ou pouco; mas, no fundo, o fazemos sem a consciência plena, analítica e crítica sobre nossas ações. Não é à toa que, no final das contas, os resultados parecem fictícios, inconsistentes, quase caricatos; como se lhes faltasse uma essência de verdade.
Vejamos, por exemplo, a questão do uso do cinto de segurança nos veículos. Há vinte anos, a Lei nº. 9.503 1, de 23 de setembro de 1997, instituiu o Código de Trânsito brasileiro e em seu artigo 65, estabeleceu que “É obrigatório o uso do cinto de segurança para condutor e passageiros em todas as vias do território nacional, salvo em situações regulamentadas pelo CONTRAN”.
De fato, o transporte de pessoas sem o uso do cinto de segurança nos veículos representa um risco real, sobretudo, nos grandes centros urbanos onde a frota é imensa e o fluxo do tráfego nem sempre transcorre de maneira satisfatória, valendo-se, inclusive, do constante excesso de velocidade e desrespeito às leis de trânsito vigentes.Inúmeras campanhas, pesquisas e reportagens buscam apresentar fundamentos consistentes para essa utilização, apesar de não perceberem a existência de uma falha importante em seus discursos.
Legisladores e gestores de trânsito esqueceram-se de buscar medidas preventivas e/ou mitigadoras para proteger os cidadãos que utilizam diariamente os veículos de transporte público de massa (ônibus, trens, e metrô). Afinal, os perigos são os mesmos para quaisquer passageiros, estejam eles em veículo particular ou público. Aliás, nos veículos de massa, pode-se considerar o agravante da superlotação; pois, são raríssimos os momentos em que os veículos transitam na sua capacidade prevista.
Sem se dar conta, as normas de trânsito brasileiras trafegaram displicentes e atingiram em cheio o artigo 5º da Constituição Federal de 1988, ou seja, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Essa displicência, que permite conduzir milhões de cidadãos brasileiros em condição de risco iminente, esconde a perversidade de mais uma linha divisória na sociedade nacional, ou seja, entre os que devem e os que não devem ser protegidos.
Portanto, se a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança é notoriamente reconhecida por evitar que os passageiros sejam arremessados para fora ou se choquem com outros no interior do veículo, por diminuir os riscos de fraturas graves (inclusive, coluna vertebral) e perca da consciência em caso de acidente, por que os usuários do transporte público podem permanecer desprotegidos? Já parou para pensar na questão do usuário que é deficiente, ou idoso, ou criança? O quão vulnerável essas pessoas estão no transporte público, hein?
Não nos esqueçamos de que o transporte de massa reflete a diversidade etária e de demandas sociais do país. Ele é o transporte para o trabalho, para a escola, para as compras, para ir ao médico, para desfrutar do lazer... É, simplesmente, a materialização do direito de ir e vir que cabe a todos sem distinção de qualquer natureza. Também vale ressaltar que, embora público, ele não é de graça e, cada vez mais, pesa muito no orçamento de quem o utiliza.
Em tempos que se fala tanto a respeito da Mobilidade Urbana 2 em todo o mundo, esse é um aspecto fundamental que não pode ser jamais esquecido.  Não cuidar disso significa não se importar com o resultado de cada acidente a repercutir sobre os serviços de saúde pública já tão sobrecarregados, sobre a Previdência Social, sobre os índices de desemprego nacionais, sobre a perda precoce de mão-de-obra economicamente ativa, enfim... Como disse, no século XIX, o poeta e ensaísta norte-americano, Henry David Thoreau, O preço de qualquer coisa é a quantidade de vida que você troca por isso”. Portanto, proteger a vida do passageiro não só faz parte da obrigação qualitativa dos serviços a serem prestados como deveria ser item prioritário nos editais de concessão para os mesmos. Pensemos sobre isso!