Estudo
que analisou 29 países — entre desenvolvidos e em desenvolvimento — mostrou que
o Brasil está no grupo de cinco nações em que a parcela mais rica da população
recebe mais de 15% da renda nacional. O 1% mais rico do Brasil concentra entre
22% e 23% do total da renda do país, nível bem acima da média internacional.
A conclusão é de
estudo dos pesquisadores Pedro Herculano Guimarães e Marcelo Medeiros, do
Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea), publicado recentemente pelo Centro
Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (IPC-IG/PNUD).
Estudo que analisou
29 países — entre desenvolvidos e em desenvolvimento — mostrou que o Brasil
está no grupo de cinco nações em que a parcela mais rica da população recebe
mais de 15% da renda nacional. O 1% mais rico do Brasil concentra entre 22% e
23% do total da renda do país, nível bem acima da média
internacional.
A
conclusão é de estudo dos pesquisadores Pedro Herculano Guimarães e Marcelo
Medeiros, do Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea), publicado recentemente
pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (IPC-IG/PNUD).
Com base
nos dados de Imposto de Renda referentes ao período de 2006 a 2014, os autores
do estudo “The concentration of income at the
top in Brazil” (a concentração de renda no topo da pirâmide no
Brasil, em tradução livre) mostram que a desigualdade não diminuiu no país nos
oito anos analisados, diferentemente do apontado por pesquisas domiciliares.
“Quase
nada mudou no que se refere à concentração de renda no topo da pirâmide durante
o período analisado”, disseram os pesquisadores.
“Embora as
diferenças metodológicas não nos permitam dar um ranking oficial e definitivo
de países, as evidências disponíveis mostram claramente que o Brasil está
entre os mais desiguais, muito à frente da maioria dos outros países”, afirmou
a conclusão do estudo.
Os
pesquisadores atribuem a diferença de resultados na comparação com as pesquisas
domiciliares aos ganhos de capital, mais bem detectados pelas declarações de
Imposto de Renda.
Segundo
eles, a desigualdade de renda no Brasil é preocupante, uma vez que está muito
acima dos padrões internacionais. A proporção do total da renda recebida
pelo 1% mais rico da população fica entre 5% e 15% em 24 dos 29 países
analisados, um grupo heterogêneo que inclui Holanda e Uruguai. Apenas cinco
países — Brasil, África do Sul, Argentina, Colômbia e Estados Unidos — estão
acima desse nível. No Brasil, a concentração da renda nas mãos do 1% mais rico
é o dobro da média geral.
“O Brasil
só atingirá níveis moderados de desigualdade, como os da Europa, se a
concentração de renda no topo diminuir dramaticamente”, disseram os
pesquisadores. “Isso demandará políticas que promovam tanto o rápido
crescimento da renda dos mais pobres como a direta redistribuição (da renda) do
topo”.
Os
resultados ressalvam que, de fato, houve alguma redistribuição de renda entre
as camadas intermediárias da população brasileira, mas a desigualdade se
manteve estável entre os setores mais ricos e mais pobres. Como a renda continua
muito concentrada no topo, não houve uma diminuição significativa da
desigualdade nesse período, concluíram.
Os
pesquisadores criticam os incontáveis exemplos de ações estatais tomadas no
sentido oposto à redução da desigualdade de renda nesses países, tais como
aposentadorias generosas para funcionários públicos, a baixa participação da
tributação direta na carga tributária bruta e o acesso privilegiado a crédito
público subsidiado.
“A
experiência histórica mostra que buscar o crescimento a todo custo e esperar
que ele resolva todos os nossos problemas distributivos não funcionou no
passado e dificilmente funcionará no futuro”, declararam.