sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

O péssimo hábito de chocar ovos de serpente


O péssimo hábito de chocar ovos de serpente

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Até quando o Brasil vai se valer desse vitimismo oportunista, hein??? Não entendeu??? Estou falando desse comportamento deplorável de aguardar pelas fatalidades e catástrofes para só, então, tomar as atitudes cabíveis e pertinentes 1.

Enquanto é possível postergar, fingir que não viu, desconversar, muita gente vai empurrando a bolinha de neve rumo ao depois. Acontece que o depois sempre chega e aí, o que era uma bolinha vira um bolão e faz um estrago monumental.

Ah, não pense que é só no campo político que isso acontece! É em absolutamente todos os vieses da sociedade brasileira. Questões simples. Questões complexas. Nada escapa dessa postergação alienada.

Como se o brasileiro olhasse o amanhã de binóculo e tivesse sempre a impressão de algo longínquo no horizonte. Só que não. Todo agora espreita um amanhã, entendeu??? Faça-me o favor! Paremos de olhar os acontecimentos recentes do país, como se uma coisa não dialogasse diretamente com a outra.

Principalmente, quando se trata de toda a efervescência em torno dos Poderes da República. Divergindo de outros tempos, em que muito da história transcorria obscuro, os fatos contemporâneos estão claros e sustentados por imagens, entrevistas, videos, provas judiciais, enfim.

De modo que não dá para dizer que não é bem assim. Não dá para fazer cara de espanto. Não dá para tentar criar interpretações estapafúrdias a respeito. ... Não, não dá. Isso é reflexo de uma tentativa desesperada de revestir o vitimismo oportunista nacional em um manto de ingenuidade e inocência, que é simplesmente nauseante.

Vamos e convenhamos, o Brasil é sim, um celeiro de lobos em peles de cordeiro. Principalmente, quando se trata de pessoas com algum poder e/ou influência. Infelizmente, arrastamos essas correntes há tempos.

Portanto, sabemos muito bem que não é a realidade nacional dos últimos anos que afirma essa questão; mas, as páginas de pouco mais de 500 anos de história. O Brasil não se cansa de reproduzir padrões sociocomportamentais nefastos.

Crenças, valores, princípios, convicções, tudo parece conservar um aspecto histórico rançoso e desalinhado das aspirações desenvolvimentistas que a evolução do mundo impõe.

Chegamos ao ponto de afrontar à semântica e transformar inteligência em sinônimo de investigação, para satisfazer ao desvirtuamento dos interesses nacionais.

E esse movimento é o ponto nevrálgico do país. Ele faz e acontece e depois tira o corpo fora e veste o manto da vítima das circunstâncias, para se abster das responsabilidades, das consequências, das punições.

De modo que tudo, por pior e mais terrível que seja, acaba contemporizado, atenuado, flexibilizado, consentido. Como se fosse possível ao país viver eternamente sob a premissa de uma segunda oportunidade, de um voto de confiança, de uma pseudoamizade.  

Por isso, não se pode negar o fato de que o Brasil é sim, imprevidente quanto a abrir precedentes! Vejam, precedentes custam caro. Custam a fragilização da identidade nacional. Custam a credibilidade diplomática e de comércio exterior. Custam a acomodação das tensões internas. Custam o retrocesso.

Já passou da hora de o Brasil enfrentar suas dificuldades, obstáculos, incertezas, complicações, adversidades e embaraços, de maneira plena e objetiva, no exato momento em que elas acontecem.

Não sei se você, leitor (a), concorda; mas, entendo esse cenário como a raiz da fragilização democrática nacional. Porque Democracia pede austeridade e autoridade, o que contraria tamanha condescendência vigorando no país.

Infelizmente, não têm sido raros os momentos, em que o Brasil tende a infantilizar os membros do topo da sua pirâmide social, como se não dispusessem de plena consciência sobre suas responsabilidades e deveres.

E isso não é apenas grave, é gravíssimo! Deixar que um prenúncio do mal se materialize é totalmente sem propósito! Mas, é exatamente isso o que a persistência do vitimismo oportunista faz, quando se permite chocar, voluntariamente, algum “Ovo da Serpente”.

Quando o país se abstém dos seus compromissos constitucionais, dos seus valores éticos e morais, da sua consciência cidadã, da sua identidade nacional, nenhum espanto, nenhuma lágrima e/ou nenhum pesar, é suficiente para absolvê-lo de suas transgressões e de seus delitos dolosos. As consequências podem tardar; mas, elas não falham nunca. Pense nisso!



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