terça-feira, 29 de maio de 2012

Crônica: Simplesmente OUTONO!!!

Em plena preparação para o inverno, temperaturas caindo lentamente pelas manhãs e fins de tarde, a vegetação perdendo o esplendor de sua beleza, tudo parece recolher-se ao silencioso pulsar da própria existência. Tempos de balanço? Talvez! Hora de contabilizar a vida, fazer planos, refletir sobre o que não deu muito certo, reorganizar as emoções, pensar, pensar, pensar...
A começar pelo guarda-roupa, o que estava guardado volta à cena. Vestuário quentinho para nos proteger do vento nada acariciante. Casacos, cachecóis, meias, gorros e luvas para os mais friorentos; tudo muito pouco colorido para não destoar da estação. Preparação para o inverno, o outono não tem por hábito o prazer de chamar a atenção; mas, que torna as pessoas enigmáticas e bem mais elegantes, essa é uma verdade inconteste! O ser de carne e osso é, por hora, obrigado a esconder-se sob várias roupas e fazer, ao invés dos atributos corpóreos, da sua personalidade e comportamento suas maiores armas de conquista e sedução.
E por mais quentinhos que possamos parecer, o friozinho sempre dá o seu jeito de se fazer presente. Sabedoria da vovó: é preciso também esquentar por dentro! Época boa para driblar as costumeiras restrições e cair em tentação com as delícias culinárias. Chocolate quente, sopas e caldos saindo fumaça, vinho, quentão, canjica, mingau de todos os tipos, foundes, queijos,... e o que mais a mente e o corpo confabularem!
Mas, de repente, muita gente percebe nessa época do ano que tudo isso não é suficiente para aquecer de verdade; é preciso aquecer a vida, os sentimentos. Não é à toa que o outono parece aumentar o fogo e fazer o romance estourar como pipoca na panela. O clima dos arraiais juninos (e julhinos) estimula as pessoas a saírem de casa, a buscar uma diversão, a reunir a família e os amigos, e quem sabe, flertar com a paixão. De brincadeiras em brincadeiras, correio elegante aqui e ali, danças que unem as mãos e os corpos, céu estrelado e lua cheia iluminando o cenário; enfim, o amor conspira e inspira a favor! O inexplicável rouba o momento e flecha os corações de todas as idades.
Para onde mesmo foi à sisudez do outono? Sei lá! Talvez, ele não seja exatamente sisudo, mas um cadinho envergonhado, precisando apenas um empurrãozinho para se libertar e mostrar os olhinhos melados e suspirosos. Para deixar fluir os risos e os sorrisos de um ser coberto da cabeça aos pés. Para ver graça nos dias cinzentos e gelados de um lugar que é tipicamente calorento na maior parte dos dias.
      A vida nunca para, nunca faz uma pausa efetiva para mudar de ato. Tudo é dinâmico, intenso, efervescente. São nossos olhos do corpo e da alma que desaceleram vez por outra, estimulados pelos efeitos da natureza, para que possamos entender e aperfeiçoar a nossa própria existência. As estações são nossos ciclos recicladores e sem que, plenamente conscientes, nos damos conta das transformações, navegamos num ritmo proposto de fora para dentro. Por isso sempre é tempo para se redescobrir, se reinventar, se metamorfosear, ainda que, para muitos, lá fora seja simplesmente OUTONO!

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Trabalho Gráfico de Alessandra Leles Rocha