Eis
a questão...
Por
Alessandra Leles Rocha
A velha máxima de que “quando um não quer dois não brigam” se
esvaiu como fumaça no último debate presidencial ocorrido ontem. Porque, antes
de tudo, se perdeu o entendimento a respeito do que significa um debate.
De modo que alguns dos participantes,
pretensos candidatos ao mais importante cargo do Executivo nacional, foram
prontos para a beligerância e não, para a civilidade dialógica propositiva.
Então, a não ser que todos
ficassem totalmente em silêncio, a manifestação acalorada iria acontecer de
qualquer maneira.
Deplorável, deprimente,
desnecessário, e por aí segue uma lista longa de palavras para resumir o que
aconteceu.
No entanto, no meio desse caos constituído
metodicamente, eis que algo me chamou a atenção, dada a contradição que foi
exposta.
Bem, o segundo candidato mais bem
apontado nas pesquisas, e que busca a reeleição, não perde quaisquer
oportunidades de marcar as situações com seu comportamento bruto e deselegante
a fim de reafirmar poder.
Assim, de palavras destemperadas
e grosseiras aos insultos e desqualificações abjetas, por ele já manifestadas, pressupõe-se
de que o mesmo seja autossuficiente, o bastante, para não precisar de aliados
voluntários nesses movimentos.
Mas, não foi bem assim! Dos sete
participantes haviam três que cumpriram muito bem esse papel, foram verdadeiros
coadjuvantes de primeira linha para agir nas investidas contra o candidato que
lidera as pesquisas até o momento.
Serviram sim, de escudo, de anteparo,
de biombo ou coisa que o valha! O que significa que o serviço prestado custou a
desconstrução da imagem de superioridade e valentia do candidato à reeleição.
As aparências foram insuficientes
para cumprir a função de atingir dialogicamente o seu principal oponente. Sozinho
ele não conseguiu!
Mas, como esse mundo anda cheio
de gente disposta aos seus 15 minutos de fama, não foi difícil encontrar quem
se dispusesse a essa tarefa constrangedora!
E assim, entre bizarrices e
discursos alinhados ao ideário da direita e seus matizes, que tanto fazem a
alma do tal candidato pulsar de alegria, o ataque contra o oponente mais bem
colocado aconteceu.
Pior do que ter sido irritante, o
que ocorreu foi deplorável do ponto de vista do prejuízo a um momento tão
importante para a exposição de ideias, de propostas, de empatia aos desafios
que enfrentam milhões de cidadãos brasileiros.
O ataque não foi a melhor defesa!
Ficaram claras todas as ausências, as carências, as insuficiências, que precisariam
não existir para alguém que tenha pretensões tão altas, como ser Presidente de
um país.
Nem ele e nem seus aliados de
última hora estavam à altura de debater qualquer coisa, pois estavam munidos
apenas de vaidade, de soberba, de arrogância, de atrevimento. Colocaram a
realidade brasileira de lado e se desviaram por uma trilha de surrealismos incríveis.
Como era de se esperar, mais uma
vez, esse tipo de atitude expôs um Brasil pequeno, medíocre, frágil de
argumentos, aos olhos do mundo que não estava somente além das suas fronteiras;
mas, representado na figura dos diversos observadores internacionais que vieram
acompanhar o curso do pleito eleitoral.
Eles viram e ouviram! Eles puderam tirar suas próprias conclusões! Eles puderam traçar suas próprias considerações in loco! Pois é, de bobagem em bobagem, é assim que o Brasil vai se chafurdando na lama!