quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Potencial do cinema não é aproveitado nas escolas

Educação tradicional trata o cinema apenas como um meio a serviço de outras disciplinas, e não um fim em si mesmo
Por  - Editorias: Ciências Humanas

Ir ao cinema, ler um livro, ouvir música são sempre vistos como opções para se distanciar do estresse do dia-a-dia.  Poucos associam, no entanto, o consumo dessas artes a algo além do puro entretenimento. Uma tese de doutorado defendida na Faculdade de Educação (FE) da USP pelo filósofo Daniel Marcolino Claudino de Sousa demonstra como o potencial de uma delas, em particular, não é aproveitado em sala de aula. Para o autor de O cinema na escola: aspectos para uma (des)educação, por estar associado ao lazer, o audiovisual perde credibilidade diante de outros materiais de ensino mais pragmáticos.
O problema, afirma Sousa, é que a educação tradicional ainda é baseada em valores iluministas – e por isso não contempla propósitos mais amplos para a arte. “Uma pena que a escola atribua a possibilidade de produção da autonomia dos estudantes quase exclusivamente à razão, entendendo que só através dela eles se tornarão cidadãos conscientes e críticos. E o cinema? O cinema não é a razão, o cinema é uma coisa outra”, analisa.
O cinema deve entrar na escola para enriquecer – e não para simplificar – o aprendizado.”
O cinema é uma forma de expressão mais complexa do que se pensa e, segundo o pesquisador, ele deve entrar na escola para enriquecer – e não para simplificar – o aprendizado. “Como um todo, o audiovisual é a articulação entre palavras e imagens em movimento, com seus ruídos e silêncios”. [...]