quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Sussurros na calada da noite...

Sussurros na calada da noite


Por Alessandra Leles Rocha


No silêncio de mais uma noite o Brasil urde sua velha práxis e reafirma, a todos, o seu desdém absoluto em relação à vontade popular de extirpar a CORRUPÇÃO sistêmica no país 1. Aliás, o povo só é lembrado por aqui quando o assunto envolve pagamento de mais impostos ou para pedir-lhe votos nas eleições. No mais, quem é o povo?...
Justo ontem, quando o país foi acordado com a trágica notícia do acidente aéreo ocorrido com o time da Chapecoense, que vitimou 71 pessoas entre atletas, jornalistas, convidados e tripulação, os ‘nobres’ deputados valeram-se sordidamente do clima de consternação para ‘legislarem em causa própria’ e promover uma acintosa retaliação ao Poder Judiciário, o qual tem exercido com firmeza o combate à CORRUPÇÃO no país, tornando públicas as relações espúrias dos ‘representantes do povo’ estabelecidas no âmago do poder nacional. Foi um exemplo clássico de anticidadania.  
Primeiro, porque a manifestação popular em relação as DEZ MEDIDAS ANTICORRUPÇÃO, propostas pelo Ministério Público Federal e apoiadas pelos Ministérios Públicos de todo o Brasil, aconteceu por meio legítimo, legal e formal, a partir de abaixo-assinado que contou com cerca de dois milhões de assinaturas de apoio de mais de mil instituições em todo o país, sendo entregue simbolicamente no dia 29/03/2016 ao Congresso Nacional.
Portanto, não houve vandalismo, quebra-quebra, divergência ideológica de grupos radicais ou coisa que o valha, para demonstrar a insatisfação popular existente sobre os gravíssimos casos de CORRUPÇÃO nacional. Apenas cidadãos valendo-se de um mecanismo democrático para registrar a sua opinião e concordância em relação à necessidade de aprimoramento da legislação brasileira sobre esse assunto.
Segundo, porque se é preciso ‘proteger a pele de uns e outros’ contra as investigações sobre CORRUPÇÃO e fazer dessa prática absurda algo de ‘menor importância’; então, significa que não passa de falácia o discurso em torno do corte de gastos. Ora, o cidadão brasileiro sabe muitíssimo bem a importância que a CORRUPÇÃO desempenha no país no sentido de fragilizar a economia e impor a ele uma carga tributária desleal e perversa; afinal, quando o recurso ‘desaparece’ alguém precisa dar um jeito de suprir, não é?! Então, o que adianta cortar as despesas do governo, quando outros tantos veios continuam abertos para o escape desses recursos?
Assim, vieram justificar a Proposta de Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos como ‘solução’ para não se criar novos impostos em meio à grave crise econômica que enfrenta o país 2. No entanto, vejamos que governo nenhum fabrica dinheiro, os recursos com os quais ele administra advém da receita de impostos e tributos pagos pelos milhões de cidadãos. E, infelizmente, esse mesmo dinheiro é o que escoa sem restrições para as práticas de CORRUPÇÃO; bem como, o luxo, as regalias, tudo do bom e do melhor que os ‘representantes do povo’ usufruem são frutos do suor e do trabalho do povo brasileiro materializados nessa receita.
Portanto, a tal ‘justificativa’ além de inconsistente não convence ninguém. O Brasil chegou ao ponto que chegou nessa crise, por conta de uma má administração dos recursos e da facilidade de inserção das práticas CORRUPTAS para desaparecer com o dinheiro público. Para que haja um verdadeiro equilíbrio fiscal no país e se possa reverter à gravidade da situação atual é fundamental empenho e seriedade na tomada de decisões; por isso, o Congresso Nacional deveria ter mais dignidade e honradez para com seus compromissos Constitucionais.
No fim, é como disse José Saramago, no livro Ensaio sobre a Lucidez, “Sempre chega a hora em que descobrimos que sabíamos muito mais do que antes julgávamos”. Mais uma vez, sussurros na calada da noite fazem o país amanhecer desmoralizado. Embora já soubéssemos que o fio do bigode há muito não vale mais nada, nem que o fundo do poço não significa nada; agora, a certeza é definitiva.




1 http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/c%C3%A2mara-aprova-medida-que-pune-ju%C3%ADzes-por-abuso-de-autoridade/ar-AAkVWCa?li=AAggXC1&ocid=mailsignout
2 http://veja.abril.com.br/politica/senado-aprova-em-1o-turno-texto-base-da-pec-do-teto/

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Educação, Cidadania e outras reflexões

Educação, Cidadania e outras reflexões


Por Alessandra Leles Rocha



Diante da acalorada discussão que se estabeleceu em torno da PEC do teto de gastos públicos, proposta pelo governo federal, a Educação ocupa espaço no debate em torno dos impactos a que estaria sujeita no caso da aprovação da tal Proposta de Emenda Constitucional.
Mas, me preocupa o enfoque o qual está sendo dado a essa pauta; porque, na verdade não se trata de pensarmos na Educação única e exclusivamente pelo ponto de vista dos recursos. É claro que sem dinheiro qualquer iniciativa encontra dificuldades para ser implementada; mas, olhemos com seriedade para os descaminhos que a Educação brasileira vem trilhando e perceberemos que as raízes dos seus problemas se arrastam por décadas e estão além do dinheiro investido.
Penso que para falar de investimentos ou requerer mais deles precisamos antes de tudo saber por que queremos, aonde vamos aplicar os recursos, de que forma iremos fazê-lo, quais os objetivos a serem transformados em realidade etc.etc.etc. Então, se a verba está aquém das expectativas, por que não nos questionamos sobre o modelo de gestão vigente, hein? Sim, porque há em meio às dificuldades orçamentárias (sobretudo, em pequenos municípios brasileiros), casos de sucesso em que escolas se destacam pela eficiência da gestão e dos resultados obtidos.
Desse modo, entendo que nos debruçarmos em favor das demandas reais que impactam a Educação deveria ser o nosso primeiro compromisso cidadão. Não vejo, embora as situações críticas se proliferem cotidianamente, ninguém manifestar abertamente a necessidade, por exemplo, de se incorporar ao ambiente escolar, seja ele publico ou privado, um núcleo multidisciplinar de apoio psicopedagógico que contemple a presença de psicólogos, fonoaudiólogos e assistentes sociais, para dar suporte ao professorado na assistência integral aos alunos.
Lamentavelmente, não podemos fechar os olhos aos problemas sociais que afloram extramuros da escola; pois, elas repercutem drasticamente no seu interior e estão além da capacidade humana e profissional do corpo de funcionários lá presentes (especialmente, os professores) . Inclusive, essas questões não podem continuar a ser mascaradas ou desconsideradas no âmbito da evasão escolar e dos péssimos resultados de aprendizagem apontados pelos exames nacionais.  Ora, não precisa ser nenhum gênio para saber que uma criança ou um adolescente que enfrenta situações de risco, de fragilidade e vulnerabilidade social não tem equilíbrio e/ou motivação para manifestar suas habilidades e competências de maneira plena durante os processos de ensino-aprendizagem.
Também, me parece quase silenciosas às manifestações sobre a necessidade de se estabelecer uma proposta curricular verdadeiramente consciente sobre a relação ensino/cidadania. Que cidadãos se pretende formar em nossas escolas? Essa é uma pergunta fundamental, porque se não sabemos aonde queremos chegar, também, não saberemos qual o melhor caminho a seguir. A preocupação conteudista que nos perseguiu até aqui já assinala a sua falência há tempos e, hoje, já repercute numa carência de mão de obra verdadeiramente qualificada, porque os alunos não só não conseguem estabelecer uma lógica entre o que é ensinado e sua aplicação no contexto real; como, também, não compreendem o significado da educação na construção da sua cidadania.  
E não venham contestar essa colocação com o argumento das recentes ocupações das escolas, pois elas não traduzem verdadeiramente a proposta de uma educação cidadã. Primeiro, porque não se trata de propor algo como a criação de um conjunto de práticas pedagógicas para tratar de forma efetiva as temáticas da cidadania de maneira multi e interdisciplinar dentro da grade curricular, com vistas a envolver a participação de toda a comunidade escolar. Aliás, o ensino carece muito da construção de um letramento crítico por parte das disciplinas, o que naturalmente contribuiria muito para essa fundamentação cidadã. Segundo, porque não faz sentido incentivar uma prática que no intuito de defender uma ideia legítima coloque em xeque a legalidade; posto que, a grande maioria desses alunos é menor de idade, segundo a legislação brasileira, e, portanto, sujeita a tutela dos pais ou responsáveis. Ora, e quem descumpre as leis afronta a própria cidadania, não é mesmo? Terceiro, porque a questão novamente afrontou a legalidade na medida em que obstruiu o direito daqueles que, embora concordassem com a defesa das ideias, não queriam resolvê-la daquela forma e foram impedidos do seu direito de ir e vir e frequentar as aulas. Uma atitude que me parece, também, contraditória ao que preconiza a defesa democrática dos direitos e da cidadania; bem como, a própria Educação.
Outro aspecto importante em relação aos debates educacionais se dá pelos apelos e discursos em torno da utilização das novas tecnologias, que verdadeiramente já estão absorvidas pela sociedade e não se pode negá-las, pelo fato das novas gerações disporem de amplo domínio sobre a linguagem e ferramentas tecnológicas. Mas, lamento informar que elas não são a solução mágica para todos os problemas da Educação, como tentam fazer parecer. Não bastam computadores, tablets e afins em todas  as escolas; pois, a velocidade de informações que chegam por minuto impede, na maioria das vezes, que estas sejam absorvidas, interpretadas adequadamente e transformadas em conhecimento pelos estudantes. Isso significa o mesmo que uma tempestade cair sobre o solo e não ter tempo hábil para a água ser plenamente absorvida. 
Assim, as novas tecnologias são ferramentas importantes e úteis, quando bem usadas; no entanto, é preciso saber manejá-las e incorporá-las conjuntamente a outros instrumentos pedagógicos já existentes. Nesse contexto, para que o investimento desse porte seja disponibilizado é fundamental que o papel do professor seja o de atuar como um orientador do processo; porque ele, melhor do ninguém, sabe que não precisamos negar os materiais que temos nas mãos em detrimento das novidades na medida em que tudo tem seu espaço, seu momento de aplicação e é bem vindo para contribuir para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
Também abafada nas discussões é a questão da inclusão, ou a proposta da “escola aberta para as diferenças”. Além da ideia do núcleo multidisciplinar de apoio psicopedagógico já falado anteriormente, nossas escolas precisam muito conhecer e aprender a utilizar os materiais adaptados às necessidades dos alunos e agir de maneira proativa, sem a necessidade de medidas judiciais, no sentido de proporcionar a inclusão plena de seus alunos no âmbito logístico, afetivo, social e de infraestrutura escolar.
A inclusão, também, aponta a importância do professor assistente em sala de aula, o qual trabalhe de forma integrada com o professor regente e possa efetivamente auxiliá-lo na condução das atividades; sobretudo, com os alunos portadores de algum tipo de deficiência. Mas, para isso é preciso nos preocupar com a qualificação da docência no país; de modo que, esta seja uma formação condizente as realidades e a satisfação dos resultados esperados. Não são apenas os baixos salários ou a precariedade de muitas escolas que afugentam o professor da sala de aula; mas, a própria sensação de despreparo para realizar o trabalho, causando-lhe profunda insegurança e temor.
Enfim, parece que estamos sempre olhando a realidade de forma fragmentada, quando o assunto é Educação. O que adianta pagar dignamente o professor e não lhe dar dignidade no exercício do seu ofício? O que adianta reformar a escola e não ter uma merenda digna para oferecer aos alunos? O que adianta oferecer o uniforme e não ter professor lecionando? O que adianta...?
Com o recurso disponível, também, não vemos ações já previstas no âmbito da Educação ser realizadas de forma equilibrada e sistêmica; elas, simplesmente, passam despercebidas por milhares de gestores. Quantos projetos, por exemplo, de manutenção e revitalização das escolas você conhece na sua cidade? E manutenção de hortas para melhoria da merenda escolar (e fonte de aprendizagem para os alunos das séries iniciais, também)? Pois é, leitor, para toda e qualquer iniciativa é preciso PLANEJAMENTO, PROJETO e, particularmente, VONTADE DE TRANSFORMAÇÃO.
Então, caso toda a mobilização e discussão que estão acontecendo resultem na rejeição e não aprovação da tal PEC do teto de gastos públicos; assim, existindo a possibilidade de mais injeção de recursos para Educação poderemos garantir, sem hesitação, que todos os problemas estarão resolvidos? Na dúvida em responder, lembre-se das palavras de Buda, “Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram repassadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e benefício de todos, aceite-o e viva-o”. 

Reflexão do dia

Casa do Saber/SP: As Revoluções que Mudaram o Mundo

Partindo do conceito de Marshal Berman, de que a modernidade inaugura a "tradição da ruptura" na história da humanidade, o curso vai abordar as quatro grandes revoluções ocorridas entre os séculos 16 e 19 que estabeleceram as bases essenciais do mundo atual: a revolução religiosa, com a Reforma Protestante de Martinho Lutero e a Contrarreforma Católica, a revolução científica, que abriu as portas do novo mundo com Colombo e mostrou a nova face do Universo com Copérnico e Galileu, a revolução industrial, com suas fábricas e a transformação do mundo em classes e, por fim, a revolução política, quando a liberdade e a igualdade colocam o mundo de ponta-cabeça.
Início: 12/12/2016
Duração: 4 encontros
Dias: Segunda-Feira, Quarta-Feira
Horário: das 20h às 22h

Mais informações em

Casa do Saber/SP: A Ética da Responsabilidade


Uma cultura que privilegia condutas como a competitividade do sujeito autônomo e empreendedor tende a compreender as relações humanas como constituídas a partir do Eu – de seus projetos e desejos - deixando em segundo plano a reciprocidade e a interdependência das pessoas, o que interfere significativamente nas experiências pessoais, éticas e políticas. O subjetivismo exacerbado obscurece a relação entre liberdade e responsabilidade. O curso procurará explorar as razões históricas e as motivações existenciais que podem ajudar a compreender esta situação.
Início: 12/12/2016
Duração: 2 encontros
Dias: Segundas-Feiras
Horário: das 20h às 22h

Descarte inadequado de lixo e entulho compromete Aquífero Guarani

Análise de amostras de sedimento da Lagoa do Saibro, área de recarga do aquífero, em Ribeirão Preto, identificou a presença de vários contaminantes
Por  
O hábito da população de descartar objetos e materiais em qualquer local, principalmente em rios, lagos, lagoas e mares, pode comprometer o meio ambiente e também a população que vive nas redondezas, como é o caso da Lagoa do Saibro (foto ao lado), em Ribeirão Preto.
A Lagoa do Saibro, localizada na Zona Leste de Ribeirão Preto, é de importância vital, pois é área de recarga do Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce da América do Sul, e que faz o abastecimento público de várias cidades, incluindo Ribeirão Preto. Mas nem a importância da Lagoa do Saibro a fez escapar do péssimo hábito da população de descartar lixos e entulhos em qualquer lugar.
Estudo realizado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), analisou amostras de sedimento da Lagoa do Saibro e identificou a presença de vários contaminantes, compostos químicos chamados éteres difenílicos polibromados (PBDEs). Os PBDEs estão presentes em diversos bens de consumo, como colchões, estofamento de móveis e automóveis, carpetes, computadores, equipamentos eletrônicos, nylon, adesivos e isolantes de fios. Os valores encontrados de PBDEs na lagoa foram semelhantes aos de lagoas próximas a regiões industrializadas.[...]

Nações Unidas pedem ação urgente para combater crise global de saneamento

Na ocasião do Dia Mundial do Banheiro, em 19 de novembro, a ONU pediu uma ação internacional urgente para atacar a crise de saneamento, ignorada globalmente. Há, atualmente, 2,4 bilhões de pessoas que vivem sem acesso a banheiros no mundo.
Na ocasião do Dia Mundial do Banheiro, em 19 de novembro, a ONU pediu uma ação internacional urgente para atacar a crise de saneamento, ignorada globalmente. Há, atualmente, 2,4 bilhões de pessoas que vivem sem acesso a banheiros no mundo.
De acordo com as Nações Unidas, a data é importante para mostrar os índices de doenças causadas pelo acesso inadequado ao saneamento e ao consumo de água poluída, bem como para destacar o impacto do saneamento, ou da falta dele, sobre os meios de subsistência e ambientes de trabalho.
“Os vasos sanitários desempenham um papel crucial na criação de uma economia forte. A falta de banheiros no trabalho e em casa têm severas consequências à saúde, que podem levar à falta ao trabalho, à redução da concentração do funcionário, exaustão e também queda de produtividade”, disse o secretário-geral em mensagem sobre o dia.
“Cada dólar investido em água e saneamento gera 4 dólares em retorno econômico”, acrescentou.
Segundo a ONU, 17% das mortes no trabalho são causadas por transmissão de doenças. Isso serve de incentivo para as companhias investirem em acesso apropriado a saneamento com o objetivo de evitar perdas globais de 260 bilhões de dólares por ano.
O secretário-geral disse ainda que o acesso ao banheiro é crucial para a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 6, que determina água limpa e saneamento básico para todos.
“Realizar este direito humano básico é bom para as pessoas, empresas e para a economia. Vamos continuar trabalhando para um mundo onde todos, em toda parte, tenham saneamento adequado”, frisou Ban.
Este ano, o tema para marcar a data é: “toalete e empregos” e o foco está em revelar como a falta de saneamento afeta a vida das pessoas.

Relatores da ONU pedem criação de observatório de feminicídio

Um grupo de relatores das Nações Unidas sobre a violência contra a mulher pediu maiores esforços nacionais, regionais e internacionais para prevenção do feminicídio e da violência baseada em gênero, com a criação de um observatório deste tipo de crime. O apelo foi feito em função do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, lembrado em 25 de novembro.


Um grupo de relatores das Nações Unidas sobre a violência contra a mulher pediu maiores esforços nacionais, regionais e internacionais para a prevenção do feminicídio e da violência baseada em gênero, com a criação de um observatório deste tipo de crime. O apelo foi feito em função do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, lembrado em 25 de novembro.
Assinam o comunicado conjunto a relatora especial das Nações Unidas sobre violência contra a mulher, suas causas e consequências; o Comitê para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres (CEDAW, na sigla em inglês); a relatora especial interamericana sobre violência contra mulheres; a relatora especial sobre os direitos das mulheres na África; o grupo de trabalho das Nações Unidas sobre discriminação contra mulheres na lei e na prática; o Mecanismo de Acompanhamento da Convenção de Belém do Pará (MESECVI) e o Grupo de Peritos sobre o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica do Conselho da Europa (GREVIO):
A violência contra a mulher tem raízes na desigualdade e na discriminação, e sua prevenção e erradicação devem ser baseadas na igualdade de gênero e no empoderamento das mulheres.
A violência contra as mulheres, como uma forma de discriminação e violação de direitos humanos, está proibida tanto por instrumentos globais de direitos humanos — como a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e a Declaração para a Eliminação da Violência contra a Mulher — como por tratados regionais, como a Convenção de Belém do Pará, o Protocolo para o Capítulo Africano em Direitos Humanos e das Pessoas sobre os Direitos das Mulheres na África (Protocolo de Maputo) e a Convenção de Istambul.
Monitoramento de ações em níveis regionais e globais tem mostrado que:
– Feminicídios ou assassinatos de mulheres vinculados a gênero e violência sexual ou baseada em gênero contra mulheres e meninas têm se generalizado e são persistentes violações de direitos humanos.
– Há uma impunidade generalizada em função da falta de implementação de instrumentos regionais e globais sobre os direitos das mulheres e violência contra mulheres e a falência em torná-los proteção real para cada mulher e menina.
– Há lacunas e falta de legislação nacional e de sistemas de prevenção, aliados a tolerância por este tipo de violência, exacerbados pela falta de dados confiáveis e desagregados, pela ausência de avaliações de risco adequadas, ocultação e subnotificação de assassinatos, estupros e outras formas de violência contra mulheres e baseadas no gênero.
Todos os Estados devem, como fator de urgência e em colaboração com a sociedade civil e outros envolvidos, avançar nos esforços para prevenir e erradicar feminicídios, estupros e outras formas de violência baseada em gênero contra mulheres e meninas.
Todos os envolvidos são exortados a garantir a cada e toda mulher e menina uma vida livre de violência ao aplicar políticas holísticas integradas em:
Prevenção: Total aprovação, incorporando e implementando tratados regionais e globais sobre os direitos das mulheres e contra violência contra a mulher (CEDAW e seu Protocolo Opcional, a Convenção de Belém do Pará, o Protocolo de Maputo e a Convenção de Istambul);
Proteção: proporcionar abrigo e lugares seguros, centros de crise, ordens de proteção e serviços para mulheres e seus filhos sobreviventes de violência e integrar a perspectiva de gênero no trabalho dos profissionais legais e oficiais de justiça que lidam com a violência contra a mulher;
Julgamento: incluir sanções aos agressores e providenciar compensações e reparações às vítimas e suas famílias.
Os especialistas também acolheram o apelo da relatora especial sobre a violência contra a mulher de estabelecer um “observatório de assassinatos de mulheres relacionados ao gênero (Feminicídio)” e publicar todos os anos, no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher (25 de novembro), o número de casos de assassinatos de mulheres relacionados ao gênero ou feminicídios, desagregando por idade e sexo os agressores, a relação entre o agressor e a vítima, assim como informações sobre processo e punição dos agressores.
Estabelecendo um Observatório de Feminicídios para coletar, analisar e revisar dados em níveis regionais, nacionais e globais, colocará uma ênfase muito maior na prevenção. Cada feminicídio deverá ser cuidadosamente examinado para identificar qualquer falha na proteção, com o objetivo de melhorar e desenvolver medidas preventivas. Além disso, a simples existência de um Observatório poderá aumentar a conscientização sobre feminicídios e outras formas de violência baseada em gênero contra mulheres e incentivar ações de prevenção. Os Estados devem aumentar seus esforços para usar todos os instrumentos de defesa dos direitos humanos das mulheres — regionais e globais — disponíveis e mecanismos especializados para implementar efetivos sistemas de prevenção e acabar com a violência baseada em gênero e o feminicídio contra mulheres e meninas (*).
Assinam o comunicado conjunto:

Sra. Dubravka Šimonoviæ, relatora especial das Nações Unidas sobre a violência contra a mulher, suas causas e consequências

Sra. Lucy Asuagbor, relatora especial sobre os direitos das mulheres na África da Comissão Africana de Direitos Humanos e das Pessoas  

Ms. Margarette May Macaulay, comissária e relatora especial sobre os direitos das mulheres na Comissão Inter-Americana:

Grupo de Trabalho das Nações Unidas nos temas de discriminação contra mulheres na lei e na prática http://www.ohchr.org/EN/Issues/Women/WGWomen/Pages/WGWomenIndex.aspx
Comitê para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres (CEDAW)

Grupo de Especialistas na Ação contra a Violência contra Mulheres e Violência Doméstica do Conselho da Europa (GREVIO)

Comitê de Especialistas no Acompanhamento do Mecanismo da Convenção de Belém do Pará (MESECVI)

(*) Relatório do relator especial para a Assembleia Geral das Nações Unidas para  estabelecer um observatório de feminicídio  (A/71/398)

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

"Já estou cheio de me sentir vazio. Meu corpo é quente e estou sentindo frio. Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber. Afinal, amar o próximo é tão demodé". Legião Urbana

Dói...


Por Alessandra Leles Rocha


Ser humano que é ser humano não é uma ilha. Gosta de se ver rodeado de gente, pertencendo ao meio, “aceito” no contexto da opinião pública. Mas está aí o desafio. Primeiro, porque ninguém, meu caro, é unanimidade. Segundo, porque ainda que você não tenha consciência disso, a tal “aceitação” começa por você mesmo. Então...
Bom, decidi colocar no papel essas reflexões depois de assistir a uma reportagem na TV, ontem à noite. O número de adolescentes praticando automutilação tem aumentado drasticamente e as consequências desse fenômeno são difíceis de mensurar. Como todo transtorno psíquico a descoberta geralmente acontece quando algo sai do controle; mas, será que é preciso chegar ao limite extremo para se perceber o que está acontecendo?
De saída, ninguém discorda que a adolescência é uma fase de extrema complexidade e não há ‘receita de bolo’ para passar por ela. Num piscar de olhos, a biologia molecular entra em cena com a efervescência dos hormônios e das transformações físicas e comportamentais por eles provocadas e o ser humano se torna uma ‘metamorfose ambulante’. Ri, chora, grita, dança, dorme... quase ao mesmo tempo e uma insatisfação consigo e com o mundo rouba-lhe o sentido.
 É complicado sentir-se bem, feliz, o centro das atenções quando se está na adolescência. O mundo parece conspirar a todo instante contra o equilíbrio natural das coisas e aquele ser, que nem é criança e nem é adulto, se vê em pleno ‘olho do furacão’, tentando algum vestígio de segurança que lhe ajude na construção da sua identidade. O adolescente, então, se afasta dos seus ‘referenciais’ adultos (a família) e busca nos seus pares o seu centro de convivência e suporte emocional; porém, seus amigos... também estão vivendo a mesma experiência.
O resultado disso é que o acirramento do estranhamento entre eles leva ao conflito, em muitos casos permeados de crueldade e violência. Não é à toa, que o bullying é uma prática mais presente nessa faixa etária, seja ele real ou virtual. Em plena zona de transição, a adolescência não é uma etapa da vida que permita ao indivíduo exercer esse papel de suporte e aconselhamento; pois, ele não está plenamente maduro e consciente de sua identidade e seu papel social. De certa forma, essa ‘responsabilidade’ de se auto ajudarem recai sobre eles como um peso enorme e um motivo a mais para ampliar os seus próprios dilemas.
Então, imagine você carregar as suas dores e as dores do mundo, hein? Até mesmo os adolescentes sabem, muito bem, que não há analgésico no mundo capaz de aliviar tamanha dor. E como a mente humana é fértil em ideias, aqui e ali elas começam a aparecer para tentar resolver ou, pelo menos, mitigar a questão. Só que entre tantas, muitas como a automutilação nem deveriam ser cogitadas; pois, além de não resolver nada arrastam o adolescente para um universo sombrio de solidão, o qual aprofunda o seu sentimento de fragilidade e de impotência diante da vida.
Não se trata daquele isolamento natural da adolescência, quando eles transformam o quarto no seu quartel general e ficam ali remoendo suas paixonites. Estou falando da solidão que transcende o olhar desses jovens, tornando-os apáticos e sofridos em tempo integral. Vestem-se como se o inverno fosse à única estação climática capaz de atender a realidade do seu sofrimento e esconder as marcas desferidas contra o próprio corpo. Enquanto isso, o mundo parece não ver o que está acontecendo.
A automutilação é mais um dos impactos que golpeiam as futuras gerações. O suicídio, a evasão escolar, a falta de pró atividade em relação ao trabalho são outros fenômenos preocupantes em relação aos jovens do século XXI. Apesar de toda a sua habilidade e competência para lidar com as novas tecnologias, eles parecem totalmente perdidos quando o assunto é o ser humano seja em relação a si e/ou aos outros. O que fazer diante das suas necessidades, dos seus sonhos, das suas dúvidas,... Tudo parece pressioná-los a limites insuportáveis.
Assim, esta reflexão não se fundamenta apenas num sentimento de tristeza e pesar humanitários em relação ao que vem acontecendo aos nossos jovens; mas, na análise do negligenciamento social a que estamos submetendo a vida humana, na medida em que não permitimos por razões diversas e absurdas o afloramento dos sonhos, das potencialidades, das capacidades de milhões de indivíduos em formação.  
O que está acontecendo não está contido entre quatro paredes. Atinge o lar, a escola, a igreja,... todos os lugares onde há seres humanos. Ele desnuda como a superficialização e o esgarçamento das relações humanas está colocando em risco o que se esperar do futuro. Ao darmos menos importância as demandas existencialistas do ser, estamos comprometendo a salubridade física, psíquica e emocional de milhões de pessoas. É o que aponta o documentário “O começo da vida”, da diretora Estela Renner, baseado nas recentes descobertas da neurociência sobre a primeira infância, o qual  teve o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Então, vejamos esse documentário, quantas vezes forem necessárias, para entender de uma vez por todas o que está debaixo de nosso nariz e é de certa forma, parte de nossa responsabilidade. E se ainda não for suficiente, podemos complementar com algumas leituras, como por exemplo, O Diário de Anne Frank ou o Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago.  Quem sabe ao final conseguiremos compreender o significado do afeto, do amor, do olhar, do respeito, da generosidade, da solidariedade, da comunhão, do companheirismo e de tantas outras atitudes, que ao contrário de serem “piegas”, como dizem por aí, são os verdadeiros pilares que nos mantêm de pé e andam fazendo muita falta para esses jovens. 

sábado, 19 de novembro de 2016

Reflexões...


O que adianta?


Por Alessandra Leles Rocha


O ser humano já desbravou o universo. Já revolucionou a ciência da informação e da tecnologia. Já interferiu na genética. Já ampliou as fronteiras agrícolas. Já... Já... Mas o que adianta se ainda não aprendeu a respeitar a diversidade da sua raça? Concordem ou não há apenas uma raça, a humana. Que por sua vez espelha uma pluralidade que salta aos olhos e enche de emoção pela infinitude de habilidades e competências capaz de traduzir.
É por isso que em pleno século XXI se torna inadmissível repetir os velhos equívocos, bater nas mesmas teclas e regurgitar os discursos que tanto mal já causaram ao mundo. Nessa vastidão de seres humanos é claro que nem tudo são flores; há gente boa, gente ruim, gente compromissada, gente descompromissada, gente ignorante, gente educada,... Mas, que por graça da capacidade de pensar e refletir deve aprender a conviver em paz e harmonicamente.
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam não é a uniformidade do pensamento e comportamento humanos que nos faz evoluir. É pesando os prós e os contras, colocando na balança os antagonismos que nossa abençoada razão amplia os seus horizontes. Tarefa difícil e que exige do aprendiz humano; mas, vale a pena. Descobrir que se pode chegar a um denominador comum, cada um cedendo na medida da compreensão e dos argumentos é sempre maravilhoso; afinal de contas, ninguém é dono e senhor da verdade.
Então, quando paramos para pensar aonde o mundo já chegou e percebemos sua insistência em refazer os mesmos ciclos inglórios, como se estes não nos tivessem deixado duras e amargas heranças, chega a pairar um desalento. O que adiantam a fome, a miséria, à destruição, o holocausto,... se não somos capazes de sermos melhores?  O que adiantam o poder, a glória, a riqueza,... se não somos capazes de coexistir em paz?
Infelizmente, para essa degeneração nociva que nos impede de enxergar a vida como prioridade absoluta, talvez, não tenhamos resposta. O tempo nos mostra quantas e quantas vezes agimos exatamente assim, alheios às dores do mundo, cruéis, insensíveis, tiranos. Sob um discurso de defesa dos direitos e interesses de todos; mas, quem seriam esses “todos”?
Distante do que acontece em outras esferas da vida na Terra, a humanidade de fato não prima pelo respeito, pela segurança, pelo bem-estar de seus semelhantes. Famílias negligenciam sua própria prole. Estados-nação negligenciam seus próprios cidadãos. Somos a representação de uma raça altamente individualista e que cada vez mais manifesta seu desprezo pela perpetuação da própria espécie. Sim, mata-se com uma facilidade absurda. A vida aparece no ranking das prioridades humanas como um bem vulgar.
E não venham pensar que estou sendo alarmista ou melancólica. Abram as mídias, leiam com atenção as notícias. Permitam-se respingar pela realidade que salta das palavras. O mundo, meus caros, está assim... desabando, lentamente. Tentando contemporizar os fatos, muitos atribuem o título de ‘bobagens’ a comportamentos que nada têm de inofensivos. Subverter a ordem, a lógica, o bom senso,... não são bobagens. Enquanto vivemos nesse planeta o EU não pode sobrepor ao NÓS. Precisamos respeitar os limites, as regras, para que seja possível coexistir. Somos contra a guerra do outro lado do mundo, sob a alegação do desrespeito as fronteiras, a soberania etc.; mas, debaixo do próprio nariz, não vemos mal algum em colocar o lixo na porta do vizinho, furar a fila do banco, dirigir embriagado etc. Como assim?!
De que lado estamos? Essa diminuta esfera que gira solta no universo e onde estamos todos vivendo é a casa que nos resta. Admitam ou não estamos regidos por um enorme efeito dominó; o que acontece aqui repercute lá e vice-versa. A revelia de nossa vontade as perdas e os ganhos de uns e outros impactam o nosso dia a dia. Nossa liberdade, nossa autonomia, nossa vontade, enfim... “Nossa”, o quê, cara pálida? Por de trás de tudo há sempre uma orientação maior, um interesse, uma ideologia. Nada é isento como querem fazer parecer.
No fundo estamos sempre contidos por muros, ainda que, invisíveis; basta prestar atenção para perceber. Muros que definem os que podem e os que não podem, os que pertencem e os que não pertencem, os que devem e os que não devem... Quem os define? Seres humanos. Sem nos darmos conta disso, nós mesmos estabelecemos os nossos muros e, no fim, eles não significam mais do que uma proteção, uma contenção, a nós mesmos. O que condenamos, criticamos, apontamos, rechaçamos em nossos semelhantes é, na verdade, o que pensamos sobre nós; mas, manifestar isso em relação ao outro parece mais fácil, mais cômodo.
Entretanto, quando abrimos precedente para esse comportamento de exclusão, de segregação, de intolerância, não resolvemos nosso desconforto. Aliás, o ataque está longe de ser a melhor defesa. Mais dia menos dia o agredido vai revidar, vai cobrar na mesma moeda; a história é rica em exemplos assim. Nossos ‘muros’ só nos tornam cada vez mais vulneráveis e apontam cada vez mais as nossas fragilidades existenciais, especialmente, em não sabermos resolver os nossos próprios dilemas.
Dois mil e dezesseis está próximo do fim, um momento oportuno, então, para pensar sobre tudo isso. Hora de parar de esperar que outros cumpram essa obrigação e assumir o próprio quinhão de responsabilidade, revendo valores, comportamentos, princípios. Se isso não puder nos proteger dos descaminhos que o mundo aponta, pelo menos que nos ajude a fortalecer o espírito para enfrentar as tormentas provocadas por quem não se dá ao trabalho de pensar. 

Discurso de Chaplin no filme O Grande Ditador.

Em Dia Mundial da Tolerância, Ban destaca importância de construir sociedades mais inclusivas

Em mensagem para o Dia Internacional da Tolerância, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou a importância de construir coletivamente sociedades mais inclusivas, pacíficas e prósperas. “Não vamos ser provocados por aqueles que propagam o ódio e transmitem o medo nas nossas sociedades. Os desafios globais de hoje devem nos obrigar a rejeitar a mentalidade fracassada de ‘nós’ contra ‘eles’. Vamos ver o mundo e todas as suas possibilidades através do prisma ‘nós somos os povos'”, disse Ban.

Em mensagem para o Dia Internacional da Tolerância, celebrado nesta quarta-feira (16), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou a importância de construir coletivamente sociedades mais inclusivas, pacíficas e prósperas.
“Os valores da tolerância e da compreensão mútua — tão firmemente incorporados na Carta das Nações Unidas e na Declaração dos Direitos Humanos — estão enfrentando testes profundos em todo o mundo”, disse Ban.
“Refugiados e migrantes continuam enfrentando as portas fechadas e os punhos cerrados. Extremistas violentos insistem em perseguir as pessoas apenas por causa de suas crenças e tradições. Dia após dia, a intolerância mostra o seu rosto através do racismo, do ódio contra os muçulmanos, do antissemitismo e por meio de outras formas de discriminação”, acrescentou.
Ele observou que a ONU lançou uma nova campanha para promover a tolerância, o respeito e dignidade em todo o mundo. A ação foi criada como uma resposta específica à xenofobia enfrentada por tantos refugiados e migrantes, e tem como objetivo destacar os benefícios da diversidade e da migração.
“Não vamos ser provocados por aqueles que propagam o ódio e transmitem o medo nas nossas sociedades. Os desafios globais de hoje devem nos obrigar a rejeitar a mentalidade fracassada de ‘nós’ contra ‘eles’. Vamos ver o mundo e todas as suas possibilidades através do prisma ‘nós somos os povos'”, concluiu Ban.

UNESCO lembra importância da filosofia para o respeito à diversidade

No Dia Mundial da Filosofia, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, lembrou a importância da filosofia para a compreensão, o respeito e a consideração pela diversidade de opiniões, pensamentos e culturas que enriquecem a forma como vivemos no mundo.

“Neste ano, nós celebramos no Dia Mundial da Filosofia imediatamente após o Dia Internacional da Tolerância. Essa coincidência é profundamente significativa, considerando vínculo que existe entre tolerância e filosofia”, declarou Bokova em sua mensagem para o dia.
No Dia Mundial da Filosofia, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, lembrou a importância da filosofia para a compreensão, o respeito e a consideração pela diversidade de opiniões, pensamentos e culturas que enriquecem a forma como vivemos no mundo.
“Neste ano, nós celebramos no Dia Mundial da Filosofia imediatamente após o Dia Internacional da Tolerância. Essa coincidência é profundamente significativa, considerando vínculo que existe entre tolerância e filosofia”, declarou Bokova em sua mensagem para o dia.
“Tal como acontece com a tolerância, a filosofia é uma arte da convivência, com o devido respeito aos direitos e aos valores comuns. É a habilidade de ver o mundo com um olhar crítico, consciente dos pontos de vista de outros, e fortalecido pela liberdade de pensamento de consciência e de crença.”
Segundo a chefe da UNESCO, a filosofia é mais do que uma disciplina acadêmica; é uma prática diária que ajuda as pessoas a viverem de uma forma melhor e mais humana. “O questionamento filosófico é aprendido e aperfeiçoado desde a mais tenra idade, como uma chave essencial para inspirar o debate público e defender o humanismo, que sofre por causa da violência e das tensões existentes no mundo”, disse.
“A filosofia não oferece quaisquer soluções prontas, mas sim uma busca perpétua para questionar o mundo e tentar encontrar um lugar nele.”
Segundo Bokova, ao longo desse caminho, a tolerância é tanto uma virtude moral como uma ferramenta prática para o diálogo.
“Não tem nada a ver com o relativismo ingênuo, que afirma que tudo é igualmente válido; é um imperativo individual para ouvir, tanto mais impressionante por ser fundamentado em um compromisso firme para defender os princípios universais da dignidade e da liberdade.”
Neste ano, a UNESCO celebra os aniversários de dois filósofos eminentes, Aristóteles e Leibniz, que contribuíram para o desenvolvimento da metafísica e da ciência, da lógica e da ética.
Os dois, distantes alguns séculos entre si e em contextos culturais muito diferentes, colocaram a filosofia no centro da vida pública, como a peça central de uma vida livre e digna.
“Vamos celebrar esse espírito; vamos ousar em abrir espaços para o pensamento livre, aberto e tolerante. Com base nesse diálogo, nós podemos construir uma cooperação mais forte entre cidadãos, sociedades e Estados, como um fundamento duradouro para a paz”, concluiu Bokova.