Mãe ...
Maternidade ... Maternar ...
Por Alessandra
Leles Rocha
Há quem fale em Mãe Terra, Mãe
Natureza. Considero essa ideia bastante oportuna e didática para apresentar as
devidas reflexões que merece a maternidade, em toda a sua dimensão.
Afinal, essa perspectiva descortina
o sentido da vida, que é o objeto do ser Mãe. Mãe que gesta. Mãe que acolhe. Mãe
que protege. Mãe que cuida. Mãe que ama. Independentemente de quaisquer diferenças.
De modo que mesmo em tempos de
guerra, de luto, de sofrimento e dor, de destruição, mães jamais deixam de ser
o que são.
Sustentadas por míseros fiapos de
energia e de esperança, as suas figuras, por si só, permanecem como o esteio, o
farol, para os seus filhos de sangue ou de jornada.
Talvez, por isso, apesar de todos
os pesares, o mundo não sucumbe. É como se a força maternal tivesse em si uma
potência curativa e regenerativa que transcendesse a capacidade humana de entendimento.
Não é possível ver, ou entender,
ou explicar. Sente-se a energia e vive-se a sutil acomodação dos
acontecimentos. Daí as mães estarem dispersas por todos os lugares,
diferentemente iguais na sua essência.
Por mais que tentem rotular ou estereotipar
as mães, o que as define é a maternidade, a construção e a consolidação do ato
de maternar.
O qual é único, simbólico,
profundo, porque se fundamenta na subjetividade do compromisso de garantir a preservação
da espécie. Não fosse assim, não haveria gerações e gerações de indivíduos. Não
haveria história nesse mundo.
No entanto, cabe ressaltar que a
maternidade tem uma influência natural da aleatoriedade, para caber no equilíbrio
geográfico espacial. Vejam, o mundo possui 8 bilhões de seres humanos!
Se cada indivíduo do sexo
feminino exercesse a maternidade, a dinâmica da vida, no sentido da sua sobrevivência,
estaria comprometida. Haveria uma insuficiência, ou carência, de condições
minimamente ideais.
Assim, por diversas razões
biológicas, ideológicas, comportamentais ou socioeconômicas, a maternidade tem
suas limitações estatísticas. Justamente para que ela não perca o seu propósito,
o seu sentido, a sua importância.
Algo que deveria nos fazer pensar
ainda mais e com profundidade, por se tratar de uma demonstração de respeito absoluto
com o ciclo da vida. Pois é, a maternidade nos possibilita aprender sobre ela, mesmo
quando uma mulher não é mãe.
Ora, diante de circunstâncias tão
hostis e complexas do cotidiano, quem disse que a maternidade não pode existir
por outros caminhos? Existe sim. Há sempre uma mãe para colher, proteger,
cuidar e amar, independentemente de quaisquer diferenças, por aí.
Porque, também, há sempre um ser
que por diversas razões biológicas, ideológicas, comportamentais ou socioeconômicas,
não pode permanecer junto à mãe que o gestou; mas, encontrou em outros essa
figura.
Há uma citação da atriz Meryl
Streep que eu considero perfeita. Segundo ela, “A maternidade tem um efeito
muito humanizador. Tudo fica reduzido ao essencial”.
É o entendimento de que o
maternar é capaz de desconstruir e ressignificar as sombras da natureza do ser,
para fazer emergir um conjunto de virtudes simples, francas, honestas e
totalmente desapegadas de desimportâncias e futilidades. Mães estão sempre
pensando no hoje, no agora; mas, cientes de que será preciso fazer o mesmo,
amanhã.
Portanto, quando pensar na figura
de sua mãe lembre-se que “Na natureza, nada é perfeito e tudo é perfeito. As
árvores podem ser contorcidas, dobradas em formas estranhas, e ainda assim
continuam lindas” (Alice Walker). Daí a necessidade de que “Observe
profundamente a natureza e você vai entender tudo melhor” (Albert Einstein).
Afinal de contas, como escreveu o poeta gaúcho Mário Quintana, “Mãe! São três letras apenas / As desse nome bendito: / Três letrinhas, nada mais... / E nelas cabe o infinito / E palavra tão pequena / - confessam mesmo os ateus - / É do tamanho do céu! / E apenas menor que Deus ...” 1.