sábado, 11 de maio de 2024

Mãe ... Maternidade ... Maternar ...


Mãe ... Maternidade ... Maternar ...

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Há quem fale em Mãe Terra, Mãe Natureza. Considero essa ideia bastante oportuna e didática para apresentar as devidas reflexões que merece a maternidade, em toda a sua dimensão.

Afinal, essa perspectiva descortina o sentido da vida, que é o objeto do ser Mãe. Mãe que gesta. Mãe que acolhe. Mãe que protege. Mãe que cuida. Mãe que ama. Independentemente de quaisquer diferenças.

De modo que mesmo em tempos de guerra, de luto, de sofrimento e dor, de destruição, mães jamais deixam de ser o que são.

Sustentadas por míseros fiapos de energia e de esperança, as suas figuras, por si só, permanecem como o esteio, o farol, para os seus filhos de sangue ou de jornada.

Talvez, por isso, apesar de todos os pesares, o mundo não sucumbe. É como se a força maternal tivesse em si uma potência curativa e regenerativa que transcendesse a capacidade humana de entendimento.

Não é possível ver, ou entender, ou explicar. Sente-se a energia e vive-se a sutil acomodação dos acontecimentos. Daí as mães estarem dispersas por todos os lugares, diferentemente iguais na sua essência.

Por mais que tentem rotular ou estereotipar as mães, o que as define é a maternidade, a construção e a consolidação do ato de maternar.  

O qual é único, simbólico, profundo, porque se fundamenta na subjetividade do compromisso de garantir a preservação da espécie. Não fosse assim, não haveria gerações e gerações de indivíduos. Não haveria história nesse mundo.

No entanto, cabe ressaltar que a maternidade tem uma influência natural da aleatoriedade, para caber no equilíbrio geográfico espacial. Vejam, o mundo possui 8 bilhões de seres humanos!

Se cada indivíduo do sexo feminino exercesse a maternidade, a dinâmica da vida, no sentido da sua sobrevivência, estaria comprometida. Haveria uma insuficiência, ou carência, de condições minimamente ideais.

Assim, por diversas razões biológicas, ideológicas, comportamentais ou socioeconômicas, a maternidade tem suas limitações estatísticas. Justamente para que ela não perca o seu propósito, o seu sentido, a sua importância.

Algo que deveria nos fazer pensar ainda mais e com profundidade, por se tratar de uma demonstração de respeito absoluto com o ciclo da vida. Pois é, a maternidade nos possibilita aprender sobre ela, mesmo quando uma mulher não é mãe.

Ora, diante de circunstâncias tão hostis e complexas do cotidiano, quem disse que a maternidade não pode existir por outros caminhos? Existe sim. Há sempre uma mãe para colher, proteger, cuidar e amar, independentemente de quaisquer diferenças, por aí.

Porque, também, há sempre um ser que por diversas razões biológicas, ideológicas, comportamentais ou socioeconômicas, não pode permanecer junto à mãe que o gestou; mas, encontrou em outros essa figura.

Há uma citação da atriz Meryl Streep que eu considero perfeita. Segundo ela, “A maternidade tem um efeito muito humanizador. Tudo fica reduzido ao essencial”.

É o entendimento de que o maternar é capaz de desconstruir e ressignificar as sombras da natureza do ser, para fazer emergir um conjunto de virtudes simples, francas, honestas e totalmente desapegadas de desimportâncias e futilidades. Mães estão sempre pensando no hoje, no agora; mas, cientes de que será preciso fazer o mesmo, amanhã.  

Portanto, quando pensar na figura de sua mãe lembre-se que “Na natureza, nada é perfeito e tudo é perfeito. As árvores podem ser contorcidas, dobradas em formas estranhas, e ainda assim continuam lindas” (Alice Walker). Daí a necessidade de que “Observe profundamente a natureza e você vai entender tudo melhor” (Albert Einstein).

Afinal de contas, como escreveu o poeta gaúcho Mário Quintana, “Mãe! São três letras apenas / As desse nome bendito: / Três letrinhas, nada mais... / E nelas cabe o infinito / E palavra tão pequena / - confessam mesmo os ateus - / É do tamanho do céu! / E apenas menor que Deus ...” 1.   



1 QUINTANA, M. Lili inventa o mundo. São Paulo: Global Editora, 2020.