Tudo
é uma questão de perspectiva
Por
Alessandra Leles Rocha
Tudo é uma questão de
perspectiva. É isso o que a ultradireita tem demonstrado nas suas ações mundo
afora, como no caso da eleição na Câmara do EUA 1
ou nos acampamentos antidemocráticos no Brasil 2.
Porque não se trata de mera defesa arraigada de posicionamentos
político-partidários ou ideológicos. O que ela quer é se impor para consolidar
o seu ideário de mundo, custe o que custar.
Então, ao obstaculizar o fluxo
natural do cotidiano de pessoas e de instituições, eles tentam impedir que
outras formas de ler e entender o mundo possam ter espaço e conquistar sucesso,
por mínimo que seja. Na verdade, essa é uma luta para provar as suas verdades e
a sua superioridade, tidas como imprescindíveis para que a dinâmica social não
saia dos trilhos, segundo o seu ponto de vista.
Basta colocar um bocadinho de
reparo, portanto, para entender que essas pessoas não estão, nem um pingo,
preocupadas com o país, ou com o seu desenvolvimento, o seu progresso e o seu protagonismo
internacional. Os membros da ultradireita são extremamente individualistas,
narcisistas e egoístas. O que significa desprovidos por completo de senso
coletivo, de princípios humanitários, que poderiam transformar o bem e suas
conquistas em benefícios lucrativos para todos.
Infelizmente, eles querem um
planeta que gire ao seu redor, ao seu comando, satisfazendo os seus interesses.
Afinal, como escreveu Gustave Le Bon, “Não
existe partido extremista que não reclame a liberdade, mas todos pretendem que
ela predomine com métodos idênticos aos empregados outrora para impor a
sujeição”. Então, tudo o que orbitar fora desse raio de visão, é
desconsiderado. Porque o mundo tem que ser deles, para eles, por eles. Caso
contrário, só lhes resta investir o caos, a beligerância e o extremismo em
diferentes formas e conteúdos, instituindo assim, uma atmosfera tóxica e pesada
às relações sociais.
Acontece que, na verdade, o mundo
não está nem aí para essa gente, ele continua se guiando pelas suas próprias crenças,
valores e perspectivas. Ajustando-se as conjunturas que se desenham no
horizonte todos os dias, com algumas delas impondo, até mesmo, desdobramentos imprevisíveis
e radicais. Haja vista os eventos extremos do clima. O que tira da ultradireita
quaisquer vestígios de credibilidade e lucidez.
É, caro (a) leitor (a), enquanto uma
parte do mundo pega fogo, outra se cobre de gelo, e mais uma transborda em
águas! Há destruição por todo canto. Há falta de alimentos, de abrigos, de água
potável. Há risco de epidemias. Há interrupções na dinâmica econômica dos países.
Enfim... Enquanto isso, elementos da ultradireita brincam de criar o caos, a
instabilidade, a desorganização. Se vangloriam das mentiras, das distorções premeditadas
da realidade.
Claramente, eles estão
trabalhando em prol da falência global, ainda que não consigam perceber ou
admitir. Segundo Franklin Delano Roosevelt,
“Um radical é um homem com os pés
firmemente plantados no ar”, o que, em linhas gerais, nos traz a consciência
de que “Sim, há uma crise humana porque
no mundo atual podemos contemplar a morte ou a tortura de um ser humano com um
sentimento de indiferença, preocupação amigável, interesse científico ou simplesmente
com passividade” (Albert Camus).
Mas, se tudo é uma questão de
perspectiva, então, “Mesmo quando tudo
parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir
ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o
decidir” (atribuído à Cora Coralina). Por isso, lembre-se: “Nossa liberdade fundamental é o direito e o
poder de decidir como qualquer pessoa ou qualquer coisa fora de nós nos afetará”
(Stephen Covey).