sábado, 7 de janeiro de 2023

Tudo é uma questão de perspectiva


Tudo é uma questão de perspectiva

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Tudo é uma questão de perspectiva. É isso o que a ultradireita tem demonstrado nas suas ações mundo afora, como no caso da eleição na Câmara do EUA 1 ou nos acampamentos antidemocráticos no Brasil 2. Porque não se trata de mera defesa arraigada de posicionamentos político-partidários ou ideológicos. O que ela quer é se impor para consolidar o seu ideário de mundo, custe o que custar.

Então, ao obstaculizar o fluxo natural do cotidiano de pessoas e de instituições, eles tentam impedir que outras formas de ler e entender o mundo possam ter espaço e conquistar sucesso, por mínimo que seja. Na verdade, essa é uma luta para provar as suas verdades e a sua superioridade, tidas como imprescindíveis para que a dinâmica social não saia dos trilhos, segundo o seu ponto de vista.

Basta colocar um bocadinho de reparo, portanto, para entender que essas pessoas não estão, nem um pingo, preocupadas com o país, ou com o seu desenvolvimento, o seu progresso e o seu protagonismo internacional. Os membros da ultradireita são extremamente individualistas, narcisistas e egoístas. O que significa desprovidos por completo de senso coletivo, de princípios humanitários, que poderiam transformar o bem e suas conquistas em benefícios lucrativos para todos.

Infelizmente, eles querem um planeta que gire ao seu redor, ao seu comando, satisfazendo os seus interesses. Afinal, como escreveu Gustave Le Bon, “Não existe partido extremista que não reclame a liberdade, mas todos pretendem que ela predomine com métodos idênticos aos empregados outrora para impor a sujeição”. Então, tudo o que orbitar fora desse raio de visão, é desconsiderado. Porque o mundo tem que ser deles, para eles, por eles. Caso contrário, só lhes resta investir o caos, a beligerância e o extremismo em diferentes formas e conteúdos, instituindo assim, uma atmosfera tóxica e pesada às relações sociais.

Acontece que, na verdade, o mundo não está nem aí para essa gente, ele continua se guiando pelas suas próprias crenças, valores e perspectivas. Ajustando-se as conjunturas que se desenham no horizonte todos os dias, com algumas delas impondo, até mesmo, desdobramentos imprevisíveis e radicais. Haja vista os eventos extremos do clima. O que tira da ultradireita quaisquer vestígios de credibilidade e lucidez.

É, caro (a) leitor (a), enquanto uma parte do mundo pega fogo, outra se cobre de gelo, e mais uma transborda em águas! Há destruição por todo canto. Há falta de alimentos, de abrigos, de água potável. Há risco de epidemias. Há interrupções na dinâmica econômica dos países. Enfim... Enquanto isso, elementos da ultradireita brincam de criar o caos, a instabilidade, a desorganização. Se vangloriam das mentiras, das distorções premeditadas da realidade.

Claramente, eles estão trabalhando em prol da falência global, ainda que não consigam perceber ou admitir.  Segundo Franklin Delano Roosevelt, “Um radical é um homem com os pés firmemente plantados no ar”, o que, em linhas gerais, nos traz a consciência de que “Sim, há uma crise humana porque no mundo atual podemos contemplar a morte ou a tortura de um ser humano com um sentimento de indiferença, preocupação amigável, interesse científico ou simplesmente com passividade” (Albert Camus).  

Mas, se tudo é uma questão de perspectiva, então, “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir” (atribuído à Cora Coralina). Por isso, lembre-se: “Nossa liberdade fundamental é o direito e o poder de decidir como qualquer pessoa ou qualquer coisa fora de nós nos afetará” (Stephen Covey).