quinta-feira, 29 de junho de 2017

Novas epidemias de zika ‘continuam sendo prováveis’ nas Américas, diz ONU

Em artigo publicado na revista científica American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne, adverte que futuras ondas epidêmicas do zika ‘continuam sendo prováveis’ nas Américas. A dirigente lembra que, na América Latina e no Caribe, 500 milhões de pessoas vivem em áreas com risco de transmissão do vírus.

Em artigo publicado na revista científica American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne, adverte que futuras ondas epidêmicas do zika “continuam sendo prováveis” nas Américas. A dirigente lembra que, na América Latina e no Caribe, 500 milhões de pessoas vivem em áreas com risco de transmissão do vírus.
“A luta contra o vírus não é uma corrida de cem metros, mas uma maratona na qual a ciência e a saúde pública precisam atuar de mãos dadas para o benefício de nossos povos”, afirmou Etienne no texto, divulgado em maio desse ano. A diretora da agência da ONU assina o texto com os coautores Marcos Espinal e Thais dos Santos.
Especialistas lembram que mais de 700 mil casos de zika foram oficialmente notificados à OPAS por 48 países e territórios das Américas. Segundo os pesquisadores, a região teve “a desafortunada distinção de ser um campo de testes das infecções”.
A doença se tornou uma “nova vilã” da saúde, “causando medo, perdas econômicas, e, o que é mais importante, marcando a vida de crianças e famílias afetadas por anomalias congênitas debilitantes”, acrescentaram os autores.
“A experiência do vírus zika demonstra mais uma vez que o bom julgamento clínico e o estado de alerta sobre os eventos atípicos são cruciais para a detecção oportuna de doenças emergentes e ressurgentes. Também aponta para a importância de se investir na força de trabalho da saúde como a primeira linha de defesa contra ameaças de doenças infecciosas”, afirma o artigo.
A circulação do zika nas Américas foi difícil de ser diagnosticada devido às semelhanças da infecção com a dengue e a febre amarela, observou Etienne e os outros autores.
“As defesas disponíveis contra o mosquito responsável pela transmissão desses vírus não são mais suficientes para resistir à sua propagação agressiva. Portanto, o desenvolvimento de novas ferramentas acessíveis por parte da comunidade científica, incluindo testes de diagnóstico e uma vacina contra o ZIKAV, bem como a inovação no controle vetorial, são prioridades urgentes”, acrescentou a diretora da agência da ONU.
Etienne defendeu que “nossos sistemas de saúde precisarão estar preparados para garantir que essas novas ferramentas sejam introduzidas e que seus benefícios atinjam todos, e não apenas alguns”.
No artigo, a chefe da OPAS descreveu a resposta da agência da ONU, que coordenou mais de 80 missões de especialistas em 30 países com neurologistas, neonatologistas, obstetras, epidemiologistas, virologistas e especialistas em pesquisa e organização de serviços de saúde. A capacitação e as atividades abarcaram a gestão clínica, o diagnóstico laboratorial, a comunicação de riscos e o controle vetorial.
Etienne lembrou ainda que foram os “astutos trabalhadores de saúde da linha de frente foram os primeiros a perceber que estavam detectando algo incomum” na região Nordeste do Brasil, com aumentos nos transtornos neurológicos, como a Síndrome de Guillain-Barré, e no número de ocorrências de microcefalia.
Acesse o artigo “Vírus zika nas Américas: uma tempestade que se aproxima” clicando aqui.

Brasil e ONU liberam US$ 20 milhões em investimentos em saúde para o Haiti

Em viagem ao Haiti na semana passada, autoridades da ONU e do Brasil firmaram com o governo do país caribenho um acordo para a liberação de 20 milhões de dólares em investimentos no sistema de saúde haitiano. Verba é do Fundo de Reconstrução do Haiti (FRH), que recebeu, em 2010, 55 milhões de dólares do Brasil — o maior contribuinte do instrumento financeiro.

Em viagem ao Haiti na semana passada, autoridades da ONU e do Brasil firmaram com o governo do país caribenho um acordo para a liberação de 20 milhões de dólares em investimentos no sistema de saúde haitiano. Verba é do Fundo de Reconstrução do Haiti (FRH), que recebeu, em 2010, 55 milhões de dólares do Brasil — o maior contribuinte do instrumento financeiro.
A liberação do montante foi formalizada pelo ministro da Saúde brasileiro, Ricardo Barros, e pelo representante-residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, Niky Fabiancic. Logo após a assinatura do instrumento de cooperação, o chefe da pasta federal fez a entrega simbólica de 15 mil doses da vacina antirrábica humana para o Haiti.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) arcou com o transporte da carga, que chegou ao país na quarta-feira (21). A doação foi feita em função do crescente número de casos de raiva no país. Segundo o organismo regional, já foram confirmadas três mortes pela doença em 2017.
Barros e Fabiancic participaram ainda na sexta-feira (23), em Porto Príncipe, de cerimônia que oficializou a nomeação do Hospital Comunitário de Referência Dra. Zilda Arns. O centro de tratamento é uma das três unidades de saúde construídas pelo Brasil no país caribenho.
O hospital foi entregue ao governo haitiano em 2014 e atende mais de 200 pessoas por dia em especialidades como ortopedia, ginecologia, obstetrícia e pediatria, além de clínica geral. A unidade, localizada no bairro de Bon Repos, passa a levar o nome da médica brasileira que morreu vítima do terremoto na capital haitiana em 2010.
Acompanhado do ministro do Desenvolvimento Social do Brasil, Osmar Terra, Barros também se reuniu com o primeiro-ministro do Haiti, Jack Guy Lafontant. No encontro, cumprimentaram o chefe de governo pela aprovação do projeto que garantirá a manutenção dos hospitais construídos pelo Brasil por mais três anos.
Niky Fabiancic também visitou o Batalhão Brasileiro de Força de Paz (BRABAT), que comanda a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH) desde 2004. A missão se encerrará no próximo 15 de outubro, e o atual 26º Contingente Brasileiro no país foi efetivado em 2 de junho desse ano como a última tropa brasileira enviada ao território haitiano.

Parceria entre Brasil, Cuba e Haiti

A construção do Zilda Arns e dos outros dois hospitais faz parte do programa de Cooperação Tripartite Brasil-Cuba-Haiti. O PNUD tem participação direta nos projetos da parceria, que já investiu 135 milhões de reais na saúde do país caribenho. Dinheiro foi utilizado também na criação de laboratórios e oficinas de órteses e próteses, além de contribuir para a formação de recursos humanos.
Dois laboratórios de vigilância epidemiológica foram reformados e equipados em Cabo Haitiano e Les Cayes. As unidades realizam os principais exames necessários à identificação de doenças como malária, dengue, tuberculose, hanseníase e cólera. Trabalho dos profissionais de saúde também envolve o controle de vetores e insetos.
No campo da prevenção, a cooperação doou cerca de 8 milhões de doses de vacina — contra sarampo, rubéola e poliomielite — para serem usadas nas campanhas de imunização. O Brasil financiou 11% do orçamento necessário ao Programa Ampliado de Vacinação do Haiti para a campanha de 2012. A parceria entre as três nações também garantiu a construção de três depósitos para o armazenamento de vacinas, inaugurados em fevereiro de 2017.
Ações incluíram ainda a formação de cerca de 1,6 mil profissionais de saúde, sendo 1.237 agentes comunitários, 53 inspetores sanitários e 310 auxiliares de enfermagem.

#MUITO IMPORTANTE!!!

Mudança na lei dos planos de saúde pode prejudicar usuários

Júlia Lewgoy - EXAME.COM

Uma proposta de mudança na lei dos planos de saúde, de 1998, pode ser apresentada em menos de um mês na Câmara dos Deputados e afetar a vida de 47,6 milhões de usuários.
Criticada por entidades de defesa do consumidor, a reforma pode liberar o livre reajuste dos planos individuais e acabar com o rol mínimo de coberturas obrigatórias, entre outras alterações importantes. A proposta tramita em regime de urgência no Congresso, por meio de uma comissão especial, que pretende reunir as mudanças sugeridas por 140 projetos de lei desde 2006.
Nesta semana, 14 entidades —entre elas o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgaram um manifesto em que denunciam que a reforma atende aos interesses das operadoras.
A nota ressalta que uma das alterações pode proibir a aplicação do Código de Defesa do Consumidor nos contratos de planos de saúde. Isso significa que as decisões judiciais em ações contra planos de saúde não poderiam mais se basear no Código.
“Hoje, os contratos de planos de saúde estabelecem relações de consumo e o Código de Defesa do Consumidor protege a parte mais fraca dessa relação”, explica a advogada Ana Carolina Navarrete, pesquisadora em saúde do Idec.
Atualmente, a maioria das decisões judiciais é favorável a consumidores. Segundo um estudo da Faculdade de Medicina da USP, as ações contra planos de saúde na Justiça de São Paulo aumentaram 631% entre 2011 e 2016. O principal problema que vai parar na Justiça é a negativa de atendimento e a exclusão de coberturas.

Outras mudanças

A mudança na lei dos planos de saúde também pode autorizar a venda dos chamados planos “populares ou “acessíveis”. Segundo entidades de defesa do consumidor, esses planos teriam imensas restrições de coberturas.
A reforma também pode acabar com o ressarcimento ao SUS, que, segundo a lei de 1998, deve ser feito toda vez que um cliente de plano de saúde é atendido na rede pública.
O manifesto em defesa dos usuários alerta que a alteração da lei está sendo feita “a toque de caixa” e que “é crescente a insatisfação de brasileiros que usam planos de saúde, devido a exclusões de cobertura, barreiras de acesso para idosos e doentes crônicos, reajustes proibitivos, rescisões unilaterais de contratos, demora no atendimento e problemas na relação entre operadoras e prestadores de serviços”.
“A atual lei de planos de saúde tem muitas lacunas e brechas que favorecem o mercado. Ela precisa de mudanças, mas não essas que estão sendo discutidas”, ressalta a advogada do Idec. [...]

sábado, 24 de junho de 2017

Crônica do fim de semana!!!

SER, NÃO SER E TODAS AS NOSSAS REVOLUÇÕES



Por Alessandra Leles Rocha



Já alcançamos a 4ª Revolução Industrial 1, mas não a liberdade existencial que reside na satisfação dos pequenos e mais simples gestos, na paz, nas gotas de felicidade que salpicam sobre nosso amanhecer e anoitecer.
Os avanços, as transformações, de fato atingiram diretamente o nosso modo de ser, pensar e agir; mas, não o suficiente para alcançar aquilo que vai além dos meandros do inconsciente e das emoções. Ao contrário do que tentam fazê-lo acreditar, o incômodo não está no outro, está em você mesmo.
Vejamos, por exemplo, a obsessão de milhares de pessoas em transformar a própria vida em reality show. Quem é pleno de si, vive sereno diante dos altos e baixos do cotidiano, encara a vida de peito aberto, surfando as ondas que o dia aprouver, não sofre a fissura de precisar expor a intimidade, como uma banca de frutas na feira, não é mesmo?
As redes sociais estão cheias de histórias nada reais, retocadas de acessórios fictícios, para vender uma felicidade, que nem os melhores comerciais de margarina conseguiriam. Enquanto transbordam seus excessos de sucesso, de riqueza, de luxo e afins, esses seres humanos (porque embora não pareçam, continuam sendo humanos) transitam entre o autoconvencimento e a competição com os outros.
Na mesma proporção que colecionam cartões de crédito, sua autoafirmação social se exibe ainda mais através da internet, onde são fieis frequentadores. Nesse mundo de ostentação e glória se dividem entre alimentarem a curiosidade alheia e bisbilhotarem o restante. O que antes fazia parte do universo das personalidades de revistas de fofocas, agora é parte do cotidiano do cidadão comum, nada glamoroso.
Enquanto se esquece de SER, a humanidade só se preocupa em TER. Em longo prazo uma frustração generalizada toma de assalto o bem estar e a autoestima dos indivíduos, de modo que eles passam a se agredir ou a agredir os demais. A necessidade em ser o “top trend” da vez, ou bater os recordes de “curtidas”, ou verificar a inveja despertada através dos comentários de seus posts, são alguns dos sinais visíveis de uma patologia comportamental que se instalou na sociedade moderna.
Recordando o trabalho do sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, sobre a Identidade no Mundo Globalizado, a ansiedade e a audácia, o medo e a coragem, o desespero e a esperança nascem juntos, mas é a proporção na qual elas se misturam é que depende dos recursos de posse de cada um; e a modernidade é especialista em transformar uma coisa em outra e essa capacidade presente nos seres humanos os fez compreender que poderiam “realizar sem limites”, de acordo com a própria vontade.
Assim, Bauman coloca a individualização na transformação da identidade humana a partir do que é ‘dado’ em uma ‘tarefa’, ou seja, a modernidade substitui a determinação de um padrão social por uma autodeterminação compulsiva e obrigatória. Para ele, o problema da identidade para homens e mulheres não é tanto como obter as identidades de suas escolhas, mas com tê-las reconhecidas pelas pessoas ao redor; então, como fazer a melhor escolha? Cria-se um círculo vicioso. Há uma dificuldade do ser humano em resistir à tamanha tentação, que ao mesmo tempo em que aparenta a conquista de poder e triunfo, gera frustração, medo e ansiedade.
Enquanto o ser humano se deixa engolir pela própria criação, preocupado exacerbadamente com a imagem a qual o mundo faz dele e a dele em relação ao mundo, a vida é dilapidada. Pessoas estão morrendo. O planeta está se esfacelando. As relações humanas estão se deteriorando. As riquezas estão se perdendo... Compramos a ideia da Revolução Industrial sem ler as letras miúdas do rodapé. Resistir aos apelos dessa realidade é, portanto, o grande desafio. Como escreveu William Shakespeare, no Ato III, Cena I, de Hamlet:
Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e flechas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer... Dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.[...]2
Voltar a olhar para dentro de si, estabelecendo os próprios limites e escolhas, é sempre a ruptura necessária para quem pretende sobreviver as grandes metamorfoses do mundo. Isso serve para príncipes e plebeus.




1 Uma revolução industrial é caracterizada por mudanças abruptas e radicais, motivadas pela incorporação de tecnologias, tendo desdobramentos nos âmbitos econômico, social e político. Há um consenso sobre a ocorrência de três revoluções industriais. A primeira deu-se entre 1760 e 1840, movida por tecnologias como máquinas a vapor e linhas férreas. A segunda deu-se entre o final do século XIX e início do século XX, tendo como principais inovações a eletricidade, a linha de montagem e a difusão da produção em massa. A terceira, que se iniciou na década de 1960, rompeu com paradigmas por meio do desenvolvimento de semicondutores e tecnologias como mainframes, computadores pessoais e, mais tarde, nos anos 1990, a internet. Porém, com um grande desenvolvimento e difusão de algumas das tecnologias da terceira revolução industrial, assim como o advento e incorporação de outras tecnologias, autores têm sugerido que, no começo do século XXI, teríamos dado início a uma quarta revolução industrial. (TADEU; SANTOS, 2016, p.2) Disponível em: https://www.fdc.org.br/professoresepesquisa/nucleos/Documents/inovacao/digitalizacao/boletim_digitalizacao_fevereiro2016.pdf
2 Tradução de SILVA RAMOS, P. E. da. Hamlet Editora Abril, 1976. 

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Assédio sexual no trabalho é tema de nova cartilha da OIT e do MPT

Uma nova cartilha com orientações sobre assédio sexual no ambiente de trabalho será lançada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Produzida em formato de perguntas e respostas, a publicação traz informações sobre como identificar e denunciar o assédio sexual no trabalho, além de explicar as responsabilidades e consequências para trabalhadoras(es) e empregadoras(es) nessas situações.
O lançamento da cartilha aconteceu nesta quarta-feira, às 18h, na Procuradoria-Geral do Trabalho em Brasília.
Uma nova cartilha com orientações sobre assédio sexual no ambiente de trabalho foi lançada nesta quarta-feira (21) pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Produzida em formato de perguntas e respostas, a publicação traz informações detalhadas sobre como identificar e denunciar o assédio sexual no trabalho, além de explicar as responsabilidades e consequências para trabalhadoras(es) e empregadoras(es) nessas situações.
“Há uma dificuldade entre as vítimas de assédio, gestores de empresas e instituições e dos próprios agressores de entenderem o que significa assédio sexual”, explica a vice-coordenadora nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho do MPT, Sofia Vilela. Segundo ela, a publicação auxiliará tanto nas investigações ministeriais quanto nas denúncias e na divulgação do tema. Também está prevista a produção de seis vídeos que apresentarão o conteúdo da cartilha de forma simples e objetiva, para disseminar seu conteúdo nas redes sociais.
Segundo a oficial técnica em Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho da OIT, Thaís Faria, o assédio sexual no trabalho é uma forma de violência que atinge especialmente as mulheres e pode ser cometido de diversas formas, o que gera dúvida em relação ao seu conceito e às maneiras de prevenção e combate. “Essa cartilha busca disseminar o tema e esclarecer para a população que o assédio sexual é proibido e deve ser denunciado”, afirma Faria.
Além disso, ela destaca que o assédio sexual é uma das formas de aumentar as desigualdades e reforçar as relações de poder no ambiente de trabalho, retirando oportunidades das vítimas e fazendo com que muitas delas deixem sua atividade laboral por medo ou sintomas emocionais. Para a oficial técnica da OIT, “combater o assédio sexual no trabalho é combater as desigualdades e buscar um ambiente mais justo e produtivo para todas as trabalhadoras e trabalhadores”.
O lançamento da cartilha acontece nesta quarta-feira, às 18h, na Procuradoria-Geral do Trabalho em Brasília, com a presença do Procurador-Geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury.

Desafios

Devido ao contexto cultural, sociológico e antropológico do Brasil, a conduta de assédio sexual geralmente não é investigada nem punida pelas empresas da mesma forma que faltas cometidas contra o patrimônio, como um furto. A subnotificação dos casos de assédio sexual e a confusão com assédio moral ainda são frequentes, com poucos casos sendo denunciados aos órgãos competentes, como MPT e sindicatos, e um número ainda menor chegando até a Justiça do Trabalho.
Além disso, as vítimas ainda enfrentam uma série de barreiras e preconceitos para romper o silêncio e denunciar o crime. Independentemente do gênero, a ação contra o assédio sexual é uma luta de todos que desejam um ambiente de trabalho saudável, seguro e inclusivo. Derrotar esta prática é parte integrante da conquista da plena igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres no mundo do trabalho.

Cartilha

Concebida, redigida e revisada pelas procuradoras do Trabalho Sofia Vilela, Renata Coelho e Nathalia Azevedo — integrantes do grupo de trabalho Gênero, da Coordenadoria Nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho do MPT, a cartilha foi finalizada e impressa com apoio da OIT mediante verba de termo de ajuste de conduta.
Com 26 páginas de texto inédito resultante de seis meses de estudos do grupo de trabalho, a cartilha aborda mitos e controvérsias, principais dúvidas das(os) trabalhadoras(es) e questões enfrentadas pelos Membros do MPT em sua atuação.
A versão impressa inclui um encarte de adesivos com 25 frases destacáveis. São mensagens inéditas de conscientização, advertência e de enfrentamento do assédio sexual, escritas por autores de várias áreas do conhecimento e de atuação especialmente para a cartilha. Essas frases serão utilizadas em campanhas de conscientização.

Drogas causam transtornos a 0,6% da população adulta global, diz agência da ONU

Cerca de 250 milhões de pessoas usavam drogas em 2015 no mundo. Desse total, cerca de 29,5 milhões — ou 0,6% da população adulta global — usavam drogas de forma problemática e apresentam transtornos relacionados ao consumo, incluindo a dependência.
Os opióides (ópio, morfina, heroína e derivados sintéticos) apresentam os maiores riscos de danos à saúde, representando 70% do impacto negativo associado ao consumo de drogas no mundo, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas, lançado nesta quinta-feira (22) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

Apesar de baixa fertilidade, mundo terá 9,8 bilhões de pessoas em 2050

A população mundial tem atualmente quase 7,6 bilhões, em comparação com as 7,4 bilhões em 2015. Esse número é estimulado pelas taxas de fertilidade relativamente altas nos países em desenvolvimento – apesar de uma queda geral no número do nascimento de crianças em todo o mundo. Os dados estão em um documento publicado pela ONU nessa semana.

A população mundial tem atualmente quase 7,6 bilhões, em comparação com as 7,4 bilhões em 2015. Esse número é estimulado pelas taxas de fertilidade relativamente altas nos países em desenvolvimento – apesar de uma queda geral no número do nascimento de crianças em todo o mundo.
A informação consta em um relatório divulgado pelas Nações Unidas nessa quarta-feira (21).
A concentração do crescimento da população mundial está nos países mais pobres, segundo o relatório “Perspectivas da População Mundial: Revisão de 2017”, o que representa um desafio enquanto a comunidade internacional busca implementar a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, cujo objetivo é acabar com a pobreza e preservar o planeta.
“Com quase 83 milhões de pessoas que a população mundial aumenta a cada ano, espera-se que a tendência ascendente em tamanho da população continue, inclusive supondo que as taxas de fertilidade continuarão diminuindo”, afirmaram os autores do relatório produzido pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU.
Nesse ritmo, espera-se que a população mundial chegue a 8,6 bilhões em 2030, 9,8 bilhões em 2050 e que supere os 11,2 bilhões em 2100.
Espera-se que o crescimento venha, em parte, dos 47 países menos desenvolvidos, onde a taxa de fertilidade é em torno de 4,3 nascimentos por mulher, e onde se espera que a população chegue a 1,9 bilhão em 2050 em comparação ao atual estimado de um bilhão.
Além disso, populações de 26 países africanos são propensas a “pelo menos dobrar” até 2050, segundo o relatório.
Essa tendência surge apesar das baixas taxas de fertilidade em quase todas as regiões do mundo, incluindo a África, onde as taxas caíram de 5,1 nascimentos por mulher de 2000 a 2005 a 4,7 nascimentos de 2010 a 2015.
Em contraste, a taxa de natalidade em Europa era de 1,6 nascimento por mulher entre 2010 e 2015, em comparação aos 1,4 entre 2000 e 2005.
“Entre 2010 e 2015, a fertilidade esteve abaixo do nível de substituição em 83 países, compreendendo 46% da população mundial”, afirma o relatório.
As baixas taxas de fertilidade estão resultando em um envelhecimento da população, com a expectativa de que o número de pessoas com 60 anos ou mais podendo duplicar (ou mais que duplicar) em 2050, e triplicar 2100, dos atuais 962 milhões a 3,1 bilhões.
É projetado que a África, que detém a distribuição mais jovem que qualquer outra região, passe por um envelhecimento rápido de sua população, aponta o relatório.
“Embora a população africana se mantenha relativamente jovem durante várias décadas mais, é esperado que a porcentagem da população com 60 anos ou mais aumente de 5% em 2017 a cerca de 9% em 2050, e a quase 20% até o final do século”, escrevem os autores.
Entre outras tendências populacionais retratadas no relatório, a população da Índia, que atualmente aparece no ranking como o segundo país mais populoso do mundo com 1,3 bilhão de habitantes, superará os 1,4 bilhão de cidadãos chineses em 2024.
Em 2050, o terceiro país mais populoso será a Nigéria, que aparece hoje no sétimo lugar e que deve ocupar o lugar dos Estados Unidos.
O relatório também aponta para o impacto dos fluxos de imigrantes e refugiados entre países, particularmente o impacto da crise de refugiados da Síria e da saída estimada de 4,2 milhões de pessoas entre 2010 e 2015.
O documento diz ainda que, embora a migração internacional nos níveis atuais ou aproximados seja insuficiente para compensar totalmente a perda esperada de população ligada aos baixos níveis de fertilidade, especialmente na região europeia, “o deslocamento de pessoas entre países pode ajudar a atenuar algumas das consequências adversas do envelhecimento populacional”, escrevem os autores.

Mudanças climáticas devem intensificar deslocamentos forçados, dizem especialistas


As mudanças globais do clima são uma ameaça à segurança humana e comprometem a cultura e identidade de populações inteiras. O alerta foi feito por especialistas que discutiram nesta semana os deslocamentos causados por questões climáticas durante o seminário ‘Vozes do Refúgio’, no Museu do Amanhã, no Rio, para marcar o Dia Mundial do Refugiado (20).
Durante o encontro, os participantes pediram comprometimento com os acordos climáticos e a criação de políticas de proteção para populações em maior situação de vulnerabilidade. O evento e a exposição são uma parceria do Museu com o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e a Agence France-Presse (AFP).

Programação Museu Correios

Fonte: Marta Ribeiro de Souza - ANALISTA DE CORREIOS JR - JORNALISTA

sábado, 17 de junho de 2017

Crônica do fim de semana!


Amor e Ódio – o que guarda o poder das palavras


Por Alessandra Leles Rocha



Palavras não são ditas a esmo. Por detrás de cada uma delas há, inevitavelmente, uma intenção. O importante é que se possa manifestá-las, pois foi para esse fim que viemos – nós, seres humanos - dotados da capacidade intelectual e cognitiva. Entre concordâncias e divergências, as palavras vêm sintetizando a nossa evolução histórica, científica, tecnológica,... Humanística.
E, sem grandes esforços, esse processo natural das palavras formalizou caminhos imprescindíveis para o desenvolvimento das relações sociais, a partir da consolidação dos meios de comunicação e da profissão jornalística. Aliás, o que seria de nós, sem a mídia a nos informar sobre o que acontece além das fronteiras de nosso próprio quintal, não é mesmo? Longe da onipresença e onisciência, que tantos gostariam de ter, nossa capacidade de saber o que acontece aqui, ali e acolá, no exato instante, é limitada. Então, cabe a essas pessoas nos satisfazerem a curiosidade.
Ora, mas se entre nós e a notícia há um ou mais intermediários é óbvio que as palavras virão traduzir o discurso de quem estava diante do acontecimento. Portanto, esses olhos e percepções são sempre singulares. Além disso, mesmo os profissionais independentes de imprensa, no frigir dos ovos, acabam subordinados as linhas editoriais das empresas que contratam seus trabalhos. Nesse caso, mais um crivo interpretativo que incide anteriormente aos olhos do cidadão comum.
No entanto, mesmo existindo um movimento, uma intenção, as palavras e as ideias que representam não perdem o seu valor informativo. Daquilo que recebemos é dever de cada um o exercício de uma nova reflexão e interpretação crítica; inclusive, porque esse é o caminho de construção de nossa própria cidadania.
Mas, ao contrário disso, o ofício da informação pública tem sido ameaçado, por conta da incapacidade de muitas pessoas em lidar com a divergência ou a discordância de opiniões. O que durante muito tempo foi atribuído aos regimes ditatoriais e de extremo radicalismo, hoje se vê, em plena luz do dia, acontecer em terras ditas democráticas e tolerantes.
Não é à toa, a preocupação constante da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a crescente onda de violência que tem se abatido sobre os jornalistas ao redor do mundo. Contudo, além da violência tipificada pelas práticas excessivas de agentes subordinados ao poder público, há, também, uma violência subliminar (não menos radical) que tem se propagado entre cidadãos comuns que se opõem ao trabalho jornalístico.
Movidas pelas paixões ideológicas manifestas à flor da pele, esses indivíduos se colocam na posição intransigente de não aceitar outros discursos que diferem dos seus; como se apregoassem a existência de uma única verdade a ser dita e aceita pela coletividade. Na fúria da sua contestação, eles chegam a se esquecer de que “é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato” 1, bem como, “é livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” 2 e, se deve respeitar o outro, na medida em que, “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” 3.
Sabe, o ser humano é mesmo interessante. Na hora de apontar o dedo em riste para o radicalismo que se exaspera mundo afora contra os meios de comunicação, ninguém mede esforços; mas, logo em seguida, comunga de práticas semelhantes no âmbito da própria geografia, sem o menor pudor. Só que a intolerância é intolerância em qualquer lugar ou situação, porque não há como ranquear uma ação que fere diretamente o ser humano, seja física, psicológica ou moralmente.
Além disso, também é parte do coletivo humano ter sempre alguém na contramão, torcendo pelo “quanto pior melhor”. Então, essas manifestações extremistas de intolerância servem como combustível bastante inflamável para desenvolver situações que podem eventualmente não acabar de maneira pacífica.
Naturalmente, a realidade brasileira não está favorecendo uma convivência equilibrada, diante de uma crise social e econômica sem precedentes que tenciona de forma drástica o cotidiano dos cidadãos. Por isso, qualquer traço potencial de conflito deveria ser evitado, inclusive como gesto de profunda consciência cidadã. Ser cidadão é manifestar ideias e não, sair por aí, distribuindo intolerância e violência por onde passa, porque isso não constrói absolutamente nada.
 Aos que andam enceguecidos pelos descaminhos da anticidadania, destilando ódio e intolerância, “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto na Constituição” 4. Portanto, talvez, seja esse o momento de se informar um pouco mais, começando pelas próprias leis que regem o seu país.



1 Inciso IV, do art. 5º, da Constituição Federal de 1988.
2 Inciso IX, do art. 5º, da Constituição Federal de 1988.
3 Inciso X, do art. 5º, da Constituição Federal de 1988.
4 Art. 220, da Constituição Federal de 1988. 

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Para uma boa reflexão!!!

Vulnerável…


Por Alessandra Leles Rocha


Um incêndio de grandes proporções. Mortos. Feridos. Pessoas de diferentes idades, etnias, gêneros, tomadas pela perplexidade do inesperado 1. É em momento como esse que a raça humana deveria se por a pensar sobre a vulnerabilidade que nos reveste o corpo.
Sabe, não é a tecnologia que corre a velocidade da luz. Antes dela, a vida sempre fez isso. Ao contrário da nossa arrogância pensante, não temos controle sobre absolutamente nada. Somos escravos subservientes dos relógios. O que acontecerá daqui a um segundo? Nem eu, nem você podemos responder.
Isso é ser vulnerável. Não há como nos precaver ou nos proteger de toda e quaisquer intempéries. A vida é um mutante sem freios. Morremos de fome. De sede. Por vírus. Por bactérias. Por protozoários. Por fungos. Por plantas. Por remédios. Por venenos. ...Por tudo o que vemos e o que não vemos. Basta um descuido aqui ou ali, para que a nossa vulnerabilidade se agigante e nos faça microscópicos. Mas, talvez, seja pela nossa estupidez intelectualizada o caminho mais curto para esse inevitável fim.
Portanto, sem que haja nenhum esforço de nossa parte para tornar a vida desafiadora e difícil, ela é capaz de assim fazê-lo. Então, por que insistimos em colaborar com o caos? É estranho, mas a humanidade parece se comprazer com o caos. Entres as lágrimas e o sofrimento ostentados, hasteados como bandeira de autopiedade, não se esconde uma parcela, ainda que mínima, de responsabilidade por nosso caos. Nem sempre as responsabilidades são diretas e palpáveis; no entanto, nas omissões e nas escolhas encontram-se o nosso quinhão.
Esse caos inflamável que consome a paz mundial intensifica com ares perversos a nossa vulnerabilidade humana. Nossas ideias, nossas palavras, nossos mínimos gestos que contrariam o equilíbrio de uma coexistência pacífica e altruísta nos colocam nas linhas de fronte desnecessariamente. Em nome do poder, em nome do dinheiro, em nome de... elevamos a índices estratosféricos o nosso ser vulnerável e somos substituídos por outros, e outros, e outros... Porque esse processo em série, apontado pelo viés do vulnerável, também nos dá conta do ridículo. Queremos tudo. Queremos tanto. Queremos. Queremos. Queremos. Até que em uma fração de segundos somos varridos e abruptamente esquecidos.
Enquanto teimamos em viver perigosamente, flertando de luz acesa com inimigos imaginários, realçamos a tolice de acreditar na imortalidade e na invencibilidade, como se de alguma forma tivéssemos descoberto o segredo para vencer a vulnerabilidade. Mas, o ser humano de carne e osso não é e nunca será um herói dos quadrinhos. Se ele não é capaz de proteger a si mesmo, o que dirá, os fracos e oprimidos que ele encontra pelo caminho, hein?
Pensar na vulnerabilidade é só um gesto consciente de maturidade sobre o que de fato somos nesse mundo. Quem se reconhece na medida exata, não ocupa os espaços alheios, não perturba o sossego do mundo, não usufruiu o que não lhe pertence (e, muito menos, do que não precisa). Que se reconhece ao dar o melhor de si naquilo faz, naquilo pensa, sem, no entanto, esperar aplauso, plateia, ou recompensa. Portanto, a vulnerabilidade nos liberta de amarras nem sempre visíveis e/ou efetivamente compreensíveis. Pensemos mais sobre isso.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Mostra de cinema ‘Olhares sobre o Refúgio’ é lançada no Rio de Janeiro com casa cheia

Depois de passar com sucesso por Curitiba (PR), a mostra de cinema internacional “Olhares sobre o Refúgio” chegou ao Rio de Janeiro. Cerca de 60 pessoas encheram o pátio do Instituto Oi Futuro, no Flamengo, para assistir aos filmes da noite de abertura: “Bem-vindo ao Canadá” e “Exodus: de onde eu vim não existe mais”.
Evento promovido pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e parceiros abre ampla e variada programação cultural em celebração ao Dia Mundial do Refugiado na capital fluminense.
Depois de passar com sucesso por Curitiba (PR), a mostra de cinema internacional “Olhares sobre o Refúgio” chegou ao Rio de Janeiro na última terça-feira (6), inaugurando as celebrações pelo Dia Mundial do Refugiado na cidade. Cerca de 60 pessoas encheram o pátio do Instituto Oi Futuro, no Flamengo, para assistir aos dois filmes da noite de abertura: “Bem-vindo ao Canadá” e “Exodus: de onde eu vim não existe mais”.
A sessão inaugural foi prestigiada também pela representante do ACNUR no Brasil, Isabel Marquez, pela vice-cônsul do Canadá no Rio de Janeiro, Raphaelle Lapierre-Houssian, e pela coordenadora do Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas do Rio de Janeiro, Aline Thuller, que falaram sobre a importância do cinema como ferramenta de divulgação e sensibilização para o tema do refúgio junto à sociedade.
“Através desta mostra, diretores de vários lugares do mundo nos oferecem seu olhar sobre os desafios que os refugiados têm que enfrentar, mas também sobre a força e a resiliência dessas pessoas”, disse a representante do ACNUR ao público presente. “Espero que hoje vocês não vejam o refugiado e a refugiada apenas como vítimas de atrocidades, mas também como pessoas que contribuem para o desenvolvimento da sociedade”.
O primeiro filme da noite, o curta-metragem “Bem-vindo ao Canadá”, levou os espectadores à América do Norte para mostrar a história de um jovem refugiado sírio que ajuda outros refugiados recém-chegados a reconstruírem suas vidas. Em seguida, o longa “Exodus”, dirigido por Hank Levine, deu a volta ao mundo, passando por cinco continentes e vários países, inclusive o Brasil, para retratar seis pessoas refugiadas em busca de um recomeço diante de circunstâncias desafiadoras.
A assistente social Letícia Chahaira assistiu aos dois filmes e elogiou a ideia de promover uma mostra exclusiva para o tema do refúgio. “Foi muito bom. O cinema tem um impacto grande nas pessoas e, através de uma linguagem acessível, cria empatia para uma realidade aparentemente tão distante, mas que está do nosso lado. Os refugiados estão muito próximos. Somos nós que às vezes não enxergamos isso”, disse.
Apenas no Rio de Janeiro, segundo números do Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas RJ, vivem mais de quatro 1 mil refugiados reconhecidos pelo governo brasileiro e quase 3 mil solicitantes de refúgio. Em todo o planeta, o total de pessoas deslocadas por guerras ou perseguições ultrapassa os 65 milhões de pessoas, dos quais 21 milhões atravessaram fronteiras nacionais e se tornaram refugiados.
“O mundo vive uma situação muito difícil em relação aos refugiados, e nós não poderíamos deixar de fazer alguma coisa a respeito”, afirmou Roberto Guimarães, diretor de cultura do Oi Futuro. “Nosso caminho, como instituto cultural, é olhar para esse tema tão importante através da arte”.
A programação da mostra “Olhares sobre o Refúgio” segue no Oi Futuro com a exibição de filmes todas as terças-feiras de junho, sempre às 19h, e com entrada gratuita. Nas próximas três semanas, as sessões serão sucedidas por debates com a presença de profissionais que trabalham com o tema no Rio de Janeiro e de cineastas envolvidos na produção dos filmes.
Nesta terça-feira (13), será exibido o longa “Era o Hotel Cambridge”, dirigido por Eliane Caffé, que traz à luz os dilemas de moradia para populações vulneráveis – inclusive refugiados – nos grandes centros urbanos.
No dia 20 (Dia Mundial do Refugiado), será a vez da produção ítalo-palestina “Estou com a Noiva”, dirigida por Antonio Augugliaro, Gabriele Del Grande e Khaled Soliman Al Nassiry. O filme mostra a saga de refugiados numa viagem de 3 mil quilômetros entre Milão (Itália) e Estocolmo (Suécia), tendo como pano de fundo um casamento fictício.
A mostra se encerra em 27 de junho, com o documentário brasileiro “A Casa de Lúcia”, dirigido por João Marcelo e Lúcia Luz. O filme retrata a inesperada viagem de uma refugiada síria que vive no Brasil ao Kuwait, onde ela reencontra seus familiares e evidencia a dificuldade de retornar para um local ao qual já não pertence mais.
A mostra internacional de cinema promovida pelo ACNUR levará esses olhares diversos e multifacetados sobre o refúgio a outras três cidades do Brasil: Porto Alegre (de 8 a 11 de junho), Brasília (17 de junho) e São Paulo (de 22 a 27 de junho), sempre com entrada franca.
No Rio de Janeiro, são parceiros do ACNUR na realização da mostra a Embaixada do Canadá, a Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, a Cátedra Sérgio Vieira de Mello e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o apoio do Instituto Oi Futuro.
A programação do Dia Mundial do Refugiado no Rio inclui ainda a realização do seminário “Vozes do Refúgio”, no dia 20 de junho, e o lançamento da exposição “Vidas Deslocadas”, no dia 22, ambos no Museu do Amanhã, além do lançamento do relatório global do ACNUR, também no dia 20, com os números atualizados do refúgio no mundo.
No último sábado do mês, 24 de junho, a Cáritas RJ, o Abraço Cultural e o Chega Junto realizarão uma grande festa de integração no Parque das Ruínas, que incluirá feira gastronômica com quitutes de diversos países, oficinas para crianças e atrações culturais.