quarta-feira, 13 de julho de 2016

Novas infecções por HIV sobem 2,3% no Brasil entre 2010 e 2015, diz UNAIDS

Novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) divulgado nesta terça-feira (12) mostrou que as novas infecções por HIV entre adultos subiram de 43 mil para 44 mil no Brasil entre 2010 e 2015 — aumento de 2,3% —, em linha com o avanço de 2% das novas infecções na América Latina, mas no sentido oposto do indicador global.
“Estamos soando o alarme”, disse Michel Sidibé, diretor-executivo do UNAIDS, sobre os números globais. “O poder da prevenção não está sendo concretizado. Se ocorrer uma ressurgência no número de novas infecções pelo HIV agora, a epidemia se tornará incontrolável”, completou.
Novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) divulgado nesta terça-feira (12) mostrou que as novas infecções por HIV entre adultos subiram de 43 mil para 44 mil no Brasil entre 2010 e 2015 — aumento de 2,3% —, em linha com o avanço de 2% das novas infecções na América Latina, mas no sentido oposto do indicador global.
O crescimento na América Latina foi impulsionado, além do Brasil, por países como Colômbia e México, onde as novas infecções por HIV subiram de 10 mil para 11 mil no período. Cuba também teve forte aumento, com as novas infecções passando de 1,7 mil em 2010 para 3,1 mil no ano passado. Por outro lado, houve quedas na Argentina e na Bolívia no período analisado.
No mundo, as novas infecções tiveram baixa de 4,5%, passando de 2,2 milhões em 2010 para 2,1 milhões em 2015. Apesar de o indicador global ter caído, outras regiões além da América Latina tiveram aumento das novas infecções por HIV: Europa Oriental e Ásia Central (alta de 57%), Caribe (9%) e Oriente Médio e norte da África (4%).
A redução ocorreu somente nas regiões da África Oriental e do Sul (baixa de 4%) e da Ásia e do Pacífico (queda de 3%), enquanto Europa Ocidental e Central, assim como América do Norte, tiveram quedas marginais no período.
Segundo o UNAIDS, os esforços para a prevenção devem ser intensificados para que o mundo continue acelerando a resposta e alcance o fim da AIDS até 2030. “Estamos soando o alarme”, disse Michel Sidibé, diretor-executivo do UNAIDS. “O poder da prevenção não está sendo concretizado. Se ocorrer uma ressurgência no número de novas infecções pelo HIV agora, a epidemia se tornará incontrolável.”
O UNAIDS lembrou os fortes impactos da epidemia de AIDS nos últimos 35 anos, quando 35 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à doença e cerca de 78 milhões foram infectadas pelo HIV.

Impactos da terapia antirretroviral

O documento do UNAIDS estimou que mais de metade de todas as pessoas vivendo com HIV no mundo (36,7 milhões) conhecem sua condição, enquanto 46% têm acesso ao tratamento antirretroviral e 38% atingiram a supressão viral, mantendo-se saudáveis e prevenindo a transmissão do vírus.
O programa da ONU lembrou a necessidade de cumprir as metas do UNAIDS 90-90-90 para que o pleno potencial da terapia antirretroviral seja concretizado. As metas preveem que, até 2020, 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; 90% deste grupo esteja retido em tratamento; e 90% das pessoas em tratamento alcancem o nível indetectável para sua carga viral.

Equidade no acesso a tratamento e prevenção

Em 2014, as chamadas “populações-chave”, que incluem gays e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e seus clientes, pessoas trans, pessoas que usam drogas injetáveis e pessoas em situação de prisão, representavam 35% das novas infecções por HIV em todo o mundo.
A estimativa do UNAIDS é de que os homens que fazem sexo com homens possuem 24 vezes mais probabilidade de ser infectados pelo HIV que a população geral, enquanto profissionais do sexo são dez vezes mais propensos e pessoas que usam drogas injetáveis, 24 vezes. No caso das pessoas trans, as chances são 49 vezes maiores, enquanto das pessoas em situação de prisão, cinco vezes mais elevadas.
De acordo com o programa da ONU, é essencial que essas populações tenham acesso a toda a gama de opções de prevenção do HIV, a fim de se proteger e proteger seus parceiros sexuais. “Atualmente, temos múltiplas opções de prevenção”, disse Sidibé. “A questão é acesso: se as pessoas não se sentem seguras ou não possuem os meios para acessar os serviços de prevenção combinada, não vamos conseguir acabar com esta epidemia.”

Meninas e mulheres

O documento mostrou que, na África Oriental e Austral, três quartos de todas as novas infecções pelo HIV entre adolescentes com idade entre 10 e 19 anos ocorrem entre as meninas.
Isso ocorre porque as adolescentes são muitas vezes impedidas de acessar serviços devido à desigualdade de gênero, à falta de serviços apropriados para a idade, ao estigma, à falta de poder de decisão e por conta da violência de gênero.
Em 2014, apenas 57% dos 104 países que forneceram dados para o UNAIDS tinham uma estratégia de HIV com orçamento específico para as mulheres. Estima-se que, em todo o mundo, apenas três em cada dez meninas adolescentes e mulheres jovens entre 15 e 24 anos possuem conhecimento abrangente e correto sobre o HIV.
“Ciência, inovação e pesquisa têm proporcionado novas e eficazes opções de prevenção, diagnóstico rápido e melhor tratamento do HIV”, disse Sidibé. “Investir em inovação é a única maneira de garantir o próximo grande avanço — uma cura ou uma vacina”, declarou.