No mês da mulher grupo de teatro “Morro Encena” segue em circulação com
peça que critica os estereótipos do universo feminino
O
espetáculo teatral O Marido que Comprou Uma Bunda à Prestação, do Grupo de
Teatro Morro Encena, aborda as imposições sociais e a ditadura da beleza
infligida ao universo feminino. A peça terá novas apresentações gratuitas pelos
centros culturais de Belo Horizonte. Dia 10 de março, às 19h, no Centro
Cultural Salgado Filho (Rua Nova Ponte, nº 22, Salgado Filho) e no dia 19 de
março, às 17h, no Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga - antiga Feira
Coberta, nº 821, Padre Eustáquio). Essa última data contará também com uma roda
de conversas com a jornalista e curadora do Festival de Arte Negra, Rosália
Diogo.
Sobre o espetáculo
Com
texto e direção de Fernando Limoeiro (Teatro Universitário - UFMG) a peça
narra, de forma divertida e bem humorada, as desventuras de Fedegunda, mulher
que se sente inferiorizada por não se encaixar nos padrões estéticos difundidos
socialmente. Com muita descontração e sacadas irônicas, a história aborda a
imposição de determinados padrões estéticos às mulheres. As quatro atrizes que
integram o grupo são moradoras do Aglomerado da Serra e utilizam diversas
referências culturais da comunidade de origem, a exemplo de ritmos muito
presentes no cotidiano dos jovens como o rap e o funk.
A
circulação do espetáculo se realiza por meio dos recursos da Lei Municipal de
Incentivo à Cultura e integra as ações contempladas pelo projeto Descentra
Cultura, da Fundação Municipal de Belo Horizonte. As apresentações são
gratuitas e abertas ao público de todas as idades.
A mulher e os estereótipos
O
papel da mulher contemporânea, seu lugar na sociedade e a luta contra o
machismo são pautas presentes em discussões cotidianas, tanto nas ruas quanto
nas redes sociais. A peça “O marido que comprou uma bunda à prestação” não
apresenta essa mulher emancipada e questionadora, mas aquela que ainda se sente
presa às imposições do mundo masculino e, portanto, sujeita aos padrões
valorizados pelos meios de comunicação. A ingênua Fedegunda, personagem central
da peça, é colocada nas situações mais absurdas para conquistar a “bunda
perfeita”. A escolha de uma protagonista ainda não tão consciente do papel das
mulheres, e das formas de exploração sofridas por elas no cotidiano, ajuda a
contar a história sob um ponto de vista crítico e conduz o público à indagação:
“você quer ser apenas uma bunda ou mudar o seu papel?”, frase que sintetiza
muito da postura ativa e questionadora do Morro Encena.
Para a
atriz Hérlen Romão, uma das fundadoras do grupo, a mulher ainda precisa
enfrentar muitos desafios e entre eles está a imposição dos padrões estéticos.
“Acho terrível que isso aconteça, pois não é a pessoa que é colocada em
primeira instância, mas sim a estética feminina, valorizando aquele que é
considerado o “corpão brasileiro” – bunda, coxa e peito grande”, protesta.
Hérlen
chama a atenção ainda para a questão racial, com a qual a mulher negra precisa
lidar no dia a dia. “É como se para que sejamos vistas como ‘bonitas’ nós
tivéssemos que ser brancas, de olhos claros e cabelos loiros e lisos. Isso é
uma injustiça. São os nossos traços, negros, indígenas ou a mistura deles que
fazem de nós o que somos”, afirma.
Morro Encena
Criado
em 2009 no Aglomerado da Serra, o Grupo de Teatro Morro Encena explora em suas
peças temas ligadas aos direitos humanos e à desconstrução dos estereótipos.
Com apresentações irônicas e bem humoradas o grupo provoca risos e reflexões,
valendo-se de uma linguagem acessível a todos os públicos. Formado por quatro
mulheres negras, as atrizes Beatriz Alvarenga, Érica Lucas, Herlen Romão e
Sandra Sawilza, o Morro Encena aborda questões relacionadas ao universo
feminino, e traz em sua gênese provocações sobre a representação do negro na
sociedade contemporânea.
Contatos:
morroencena@gmail.com
Este
espetáculo é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de
Belo Horizonte - Fundação Municipal de Cultura. Projeto nº 1546/2013
Serviço:
Fundação Municipal de Cultura apresenta: “O marido que comprou uma bunda
à prestação”
Entrada franca
Datas e locais:
- 10/03 às 19h – Centro Cultural Salgado Filho (Rua Nova Ponte, nº 22,
Salgado Filho)
- 19/03, às 17h – Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga -
antiga Feira Coberta , nº 821, Padre Eustáquio)
Fonte: Rogério Dias - Assessoria de
Imprensa / Aclive Comunicação e Projetos