quarta-feira, 9 de março de 2016

No mês da mulher o grupo de teatro “Morro Encena” segue em circulação com peça que critica os estereótipos do universo feminino


No mês da mulher grupo de teatro “Morro Encena” segue em circulação com peça que critica os estereótipos do universo feminino

 

O espetáculo teatral O Marido que Comprou Uma Bunda à Prestação, do Grupo de Teatro Morro Encena, aborda as imposições sociais e a ditadura da beleza infligida ao universo feminino. A peça terá novas apresentações gratuitas pelos centros culturais de Belo Horizonte. Dia 10 de março, às 19h, no Centro Cultural Salgado Filho (Rua Nova Ponte, nº 22, Salgado Filho) e no dia 19 de março, às 17h, no Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga - antiga Feira Coberta, nº 821, Padre Eustáquio). Essa última data contará também com uma roda de conversas com a jornalista e curadora do Festival de Arte Negra, Rosália Diogo.  

Sobre o espetáculo

Com texto e direção de Fernando Limoeiro (Teatro Universitário - UFMG) a peça narra, de forma divertida e bem humorada, as desventuras de Fedegunda, mulher que se sente inferiorizada por não se encaixar nos padrões estéticos difundidos socialmente. Com muita descontração e sacadas irônicas, a história aborda a imposição de determinados padrões estéticos às mulheres. As quatro atrizes que integram o grupo são moradoras do Aglomerado da Serra e utilizam diversas referências culturais da comunidade de origem, a exemplo de ritmos muito presentes no cotidiano dos jovens como o rap e o funk.  

A circulação do espetáculo se realiza por meio dos recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e integra as ações contempladas pelo projeto Descentra Cultura, da Fundação Municipal de Belo Horizonte. As apresentações são gratuitas e abertas ao público de todas as idades. 

A mulher e os estereótipos

O papel da mulher contemporânea, seu lugar na sociedade e a luta contra o machismo são pautas presentes em discussões cotidianas, tanto nas ruas quanto nas redes sociais. A peça “O marido que comprou uma bunda à prestação” não apresenta essa mulher emancipada e questionadora, mas aquela que ainda se sente presa às imposições do mundo masculino e, portanto, sujeita aos padrões valorizados pelos meios de comunicação. A ingênua Fedegunda, personagem central da peça, é colocada nas situações mais absurdas para conquistar a “bunda perfeita”. A escolha de uma protagonista ainda não tão consciente do papel das mulheres, e das formas de exploração sofridas por elas no cotidiano, ajuda a contar a história sob um ponto de vista crítico e conduz o público à indagação: “você quer ser apenas uma bunda ou mudar o seu papel?”, frase que sintetiza muito da postura ativa e questionadora do Morro Encena.

Para a atriz Hérlen Romão, uma das fundadoras do grupo, a mulher ainda precisa enfrentar muitos desafios e entre eles está a imposição dos padrões estéticos.  “Acho terrível que isso aconteça, pois não é a pessoa que é colocada em primeira instância, mas sim a estética feminina, valorizando aquele que é considerado o “corpão brasileiro” – bunda, coxa e peito grande”, protesta.

Hérlen chama a atenção ainda para a questão racial, com a qual a mulher negra precisa lidar no dia a dia. “É como se para que sejamos vistas como ‘bonitas’ nós tivéssemos que ser brancas, de olhos claros e cabelos loiros e lisos. Isso é uma injustiça. São os nossos traços, negros, indígenas ou a mistura deles que fazem de nós o que somos”, afirma.  

Morro Encena

Criado em 2009 no Aglomerado da Serra, o Grupo de Teatro Morro Encena explora em suas peças temas ligadas aos direitos humanos e à desconstrução dos estereótipos. Com apresentações irônicas e bem humoradas o grupo provoca risos e reflexões, valendo-se de uma linguagem acessível a todos os públicos. Formado por quatro mulheres negras, as atrizes Beatriz Alvarenga, Érica Lucas, Herlen Romão e Sandra Sawilza, o Morro Encena aborda questões relacionadas ao universo feminino, e traz em sua gênese provocações sobre a representação do negro na sociedade contemporânea.



 

Este espetáculo é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte - Fundação Municipal de Cultura. Projeto nº 1546/2013

 

Serviço:

Fundação Municipal de Cultura apresenta: “O marido que comprou uma bunda à prestação”

Entrada franca

Datas e locais:

- 10/03 às 19h – Centro Cultural Salgado Filho (Rua Nova Ponte, nº 22, Salgado Filho)

- 19/03, às 17h – Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga  - antiga Feira Coberta , nº 821, Padre Eustáquio)

Fonte: Rogério Dias - Assessoria de Imprensa / Aclive Comunicação e Projetos