quinta-feira, 21 de julho de 2022

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos...


Aguardemos as cenas dos próximos capítulos...

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Colocar um fim aos arroubos alucinados da autoridade maior do país, não é uma questão de escolha; mas, de necessidade. Afinal, de constrangimentos em constrangimentos o Brasil vai ficando isolado na sua bolha de delírios que impedem o mínimo de desenvolvimento e progresso.

E aos que ainda insistem e resistem a encarar tudo isso de frente, tomando as medidas cabíveis, é importante lembrar que não somos mais Colônia, que não estamos mais sob a batuta de um Imperador, que se não fizermos por nós não haverá quem faça. Esperar por uma solução miraculosa é tão insano quanto as próprias insanidades cometidas, amiúde, pelo Presidente da República.

É fundamental entender que o não fazer, o não tomar uma atitude, é uma escolha perigosa. Ele não coloca um ponto final, ele não estabelece um limite de tolerância, de aceitabilidade. De modo que ele reafirma os acontecimentos, não permitindo que sejam esquecidos e solucionados. Sem contar que faz recair sobre os ombros de muito mais gente a responsabilidade sobre eles.

Sim, porque aponta para uma conivência, uma condescendência, quase servil. E se você concorda com um erro, se você se abstém de posicionar-se contrariamente a ele, é sinal de que o seu senso ético e moral está, no mínimo, desajustado, comprometendo demasiadamente o seu juízo de valor sobre a vida. Portanto, você se torna sim, cúmplice da situação.

Por isso nunca acreditei nessa história de “ficar em cima do muro”. Quem fica em cima do muro ou cai de um lado ou cai de outro, simples assim. Não há neutralidade. Não há 100% de isenção. Na medida dos prós e dos contras, um deles sempre apresenta numérica vantagem. Porque na vida há o que se pode defender com clareza e profunda objetividade; mas, há também o indefensável.

Vamos e convenhamos, então, o que se tem nesse comportamento é o mais explícito caso de anticidadania, de antidemocracia. De certo modo, algo que reflete bem uma significativa parcela da população brasileira que se apropria de maneira desvirtuada e equivocada do exercício cidadão e da própria Democracia, limitando-o ao benefício de alguns em detrimento de muitos. Assim, fica evidente de que lado eles estão.

Suas escolhas dão conta de bem mais do que uma posição; mas, da sua identidade no que diz respeito às suas crenças, valores e princípios. Elas dizem exatamente quem são eles, sem precisar de uma palavra sequer. Porque a comunicação das ideias, dos pensamentos, não se dá apenas por uma via de linguagem verbalizada.

O não verbal é, muitas vezes, mais retumbante e preciso. Já diz o dito popular, “Um exemplo vale mais do que mil palavras”. Isso significa que qualquer que seja o grau de descompromisso, de negligência, de omissão, de irresponsabilidade, lá está impressa a digital da inação. Não há como negar. Todos conseguem ver. E vendo retiram suas próprias conclusões. Vejam só! De repente se descobre que não é só o “rei” quem está nu; mas, a sua corte, seus asseclas.

O vexame, então, cresce como se tivesse sido fermentado a contento! Deteriorando a imagem do país, que parece uma nau sem rumo. Como se não houvesse ninguém, suficientemente, capaz de manejar o seu leme e conduzi-lo a terras firmes e prósperas. Como se para todos os lados que se olhasse só existissem mentecaptos à solta, trazendo uma sensação de infortúnio e desgraça sem fim. Afinal, as piadas de mau gosto saltaram do discurso para materializar uma realidade infame.

E enquanto o mundo ri, o Brasil se esfacela entre camadas de mazelas e desafios. Sim, porque não há obstáculo maior para um país do que a mistura explosiva que resulta da insanidade com a inação. A realidade é fatalmente subtraída por uma sucessão de delírios, que traz a falsa impressão de um mundo em perfeita ordem, a caminhar tranquilo por si mesmo.

Pois é, e enquanto o mundo ri ... nós rimos de nervoso, talvez, quem sabe, choramos. Debulhamos lágrimas amargas, salgadas, sangrentas. Na perspectiva do tempo presente, do agora, é o que cabe para lavar a frustração, a impossibilidade, a irritabilidade, ... Para transformar a angústia em força de transformação.  

Porque no fundo sabemos que ela há de vir. De um jeito ou de outro. Por mais que tentem as forças omissas atuarem, seu trabalho não muda o curso das conjunturas. O mover das peças no tabuleiro da vida é bem mais complexo do que se pode imaginar. Há sempre um plot twist prestes a acontecer! O jogo só acaba quando termina, não é assim? Então.

O que vemos até aqui, só representa isso, um fragmento. Não vemos o todo. De modo que é muita coragem ter tanta certeza a respeito de alguma coisa nessa vida. Eles querem ter, porque isso faz parte do seu pseudopoder; mas, é só. Eles precisam acreditar que têm as rédeas do país nas mãos; mas, será?

Se fosse verdade, já teriam estourado a bolha, posto fim ao isolamento brasileiro, recolocado o país nos trilhos. Assim, no fim das contas, como aprendemos com os grandes clássicos da dramaturgia, a história vai dizer como esse capítulo acaba e vai apontar, sem cerimônias, quem foram os heróis e os vilões da vez. Aguardemos, portanto, as cenas dos próximos capítulos.  

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