sexta-feira, 11 de junho de 2021

Antes de postar o dedo em riste: REFLITA


Antes de postar o dedo em riste: REFLITA

 

Por Alessandra Leles Rocha


Antes de postar o dedo em riste faça uma reflexão sobre os fatos. A Pandemia é um evento que pegou o mundo de susto, de cheio, de repente, motivo para que muitas decisões tivessem que se ajustar as circunstâncias e não às vontades de uns e outros.

Surpreendendo, também, as expectativas, as vacinas surgiram bem antes do previsto e foram sendo aprovadas para uso, em caráter emergencial, pelas agências reguladoras em cada país. Sim, vacinas. Mais de um tipo foi apresentado ao mundo, o que foi outro ganho importantíssimo; na medida em que, haveria uma insuficiência muito maior se tivéssemos a dependência de um único fornecedor.

Por isso, houve a necessidade de um consenso científico, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em relação à segurança dessas vacinas desenvolvidas, antes da liberação para uso junto à população. Acontece que o desenvolvimento delas obedeceu a propostas científicas distintas. Algumas já conhecidas pela fabricação de outros imunobiológicos. Outras, totalmente, inovadoras, como é o caso da vacina Fiocruz Oxford/AstraZeneca.  

A tecnologia empregada requer uma versão enfraquecida de adenovírus como vetor. Isso significa que essa versão não é capaz de se replicar no nosso organismo; mas, carrega o material genético que codifica a proteína Spike do Sars-COV-2, que é a responsável pela entrada do vírus na célula humana. Assim, ao ser produzida, a proteína Spike ativa a resposta imune para atacar o vírus caso entremos em contato com ele.

Contudo, além dos eventuais efeitos colaterais produzidos pelos imunobiológicos – dor no local da aplicação, cefaleia, mal-estar, houve relatos, em relação à vacina Fiocruz Oxford/AstraZeneca, da ocorrência de trombose.

O que levou a uma suspensão preventiva da aplicação em gestantes, as quais já têm maior predisposição ao fenômeno. Os achados sugerem que, de 4 a 28 dias após a vacinação, o processo inflamatório que vai desencadear a resposta imune pode atacar as plaquetas do próprio corpo e levar a formação de coágulos em diferentes áreas do organismo. Embora, não seja o mesmo processo de uma trombose relacionada a fatores de coagulação, o risco não pode ser desconsiderado.

Explicado esse ponto, já é de conhecimento público como transcorreram os processos de aquisição das vacinas para o país. Negligência, morosidade e ausência de planejamento constituíram um cenário que apresenta uma distribuição das vacinas autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), totalmente, irregular.

A obstaculização criada pelas constantes desavenças promovidas pelo governo brasileiro com o governo chinês, que é o maior fornecedor de insumos biológicos para a produção das vacinas CoronaVac Butantan/Sinovac e a Fiocruz Oxford/AstraZeneca, levou a uma instabilidade na produção e distribuição das mesmas. Têm sido semanas de atraso e redução dos volumes de insumos importados pelo Brasil, para que os processos sejam retomados a contento.

Não esquecendo, a situação envolvendo a vacina da Pfizer/BioNTech, que só recentemente foi adquirida pelo país, em quantidades bastante inferiores a que poderíamos estar recebendo desde dezembro de 2020, se o contrato tivesse sido assinado antecipadamente.

Bom, tendo em vista, as medidas de precaução para com as gestantes e puérperas, as doses da vacina da Pfizer têm sido destinadas prioritariamente a atender esse público alvo.

De modo que toda essa conjuntura cria um terreno fértil para especulações e inseguranças, que é, também, estimulado por inúmeras FakeNews em torno das vacinas.

As pessoas saem de casa sem saber que vacina receberão. Não há um serviço de orientação, amplamente divulgado nos municípios, capaz de esclarecer sobre eventuais riscos da vacina Fiocruz Oxford/AstraZeneca para quem tem histórico de doença vascular, por exemplo. Não há tranquilidade em relação a administração das duas doses, dentro dos prazos estabelecidos, para as vacinas. Enfim... Parece que há um esforço descomunal para dissuadir as pessoas a se vacinarem e se protegerem da COVID-19.

Em caso de dúvidas, especialmente por pessoas que têm doenças preexistentes, é fundamental conversar com o médico a respeito da melhor orientação em relação a vacina. Não é a vacinação que está em discussão. Todos devem se vacinar, porque sem a imunização de toda a população o vírus permanecerá circulando entre nós, tranquilamente, se disseminando e dando origem a muitas novas cepas ou variantes.

O que precisamos saber é qual o melhor tipo de vacina dentro da realidade de saúde de cada um, ou seja, qual traria menos possíveis efeitos colaterais ou qual seria contraindicada. Porque informação é direito. É exercício de cidadania. Mas, precisa ser informação técnica, com base na ciência, com total responsabilidade. Afinal, o organismo humano tem especificidades que a própria especificidade desconhece; por isso, cada um que cuide de si.