O
caos e sua espiral...
Por
Alessandra Leles Rocha
Qualquer ser humano, em bom
estado de lucidez, sabe que apagar incêndio com gasolina não é um bom negócio. E
não é de ontem, quando algumas notícias internacionais trataram do Brasil, que
já temos sido avisados que o país está fora do mapa mundi. A Pandemia é o fiel
da balança nesse momento, por isso não adianta dobrar a aposta sobre a sua má
gestão. Inclusive, porque isso não deixa de ser um balizador para outras áreas
do governo, além da própria Saúde.
Portanto, ameaças veladas de caos
sobre o caos são de uma estupidez sem precedentes. O que mais o país quer
perder? Vidas humanas estão sendo perdidas a rodo. Credibilidade ambiental, também.
Ascensão econômica, melhor nem comentar. ... Podem, até não admitir, mas o
consenso de que o Brasil já é um pária internacional circula entre as altas
rodas do poder mundial. E tudo o que o mundo civilizado pretende nesse momento
é reunir esforços para superar os efeitos catastróficos que a Pandemia impôs a
todos. A paciência com desvarios alheios está fora de cogitação.
Se o Brasil quer chamar, ainda
mais, a atenção do mundo para o seu modo “sui
generis” de governar, está escolhendo a maneira errada. Quaisquer
desarranjos internos no país que coloquem em risco a seguridade sanitária
internacional terão respostas diplomáticas a contento. Ninguém vai assistir de
camarote a um eventual curto circuito do país e permitir que novas variantes do
Sars-COV-2 se espalhem rapidamente pelo planeta.
Principalmente, porque lá fora os
governos não se fiam em conversinhas de corredor. As relações diplomáticas e
comerciais acontecem pautadas por aspectos técnicos, de ações práticas,
passiveis de comprovação in loco. Não
é à toa que as últimas décadas do século XX e as primeiras do século XXI têm contribuído
tão intensamente para o contínuo desenvolvimento de processos de monitoramento
via satélite.
Mais do que o trabalho imprescindível
da imprensa, na comunicação e informação de tudo o que acontece no mundo; a
verdade é que há milhares de olhos cibernéticos a vigiar a Terra a partir da imensidão
azul do espaço sideral. E eles não deixam dúvidas sobre o que acontece de micro
e de macro aqui embaixo, tornando certas verdades, muito mais, incontestáveis.
Não é hora de valentia
bravateira! A conjuntura do agora é de seriedade, de austeridade. Seja para
pessoas. Seja para governos. Esse é um momento de aprender a ser dentro de um
panorama totalmente novo. E se ajustar as transformações, especialmente quando
elas são abruptas demais, não é uma tarefa simples. Ainda que muitos não
admitam; mas, a população está fragilizada, confusa, perdida diante dos
acontecimentos. Ela precisa de um norte, de uma liderança que seja capaz de guiá-la
por caminhos menos difíceis e tortuosos.
Alguém que possa entender
exatamente o significado do que disse o empreendedor e palestrante
motivacional, Jim Rohn, ou seja, “o
desafio da liderança é ser forte, mas não rude; ser gentil, mas não fraco; ser
ousado, mas não um valentão; ser humilde, mas não tímido; ser orgulhoso, mas
não arrogante; que tenha humor, mas sem loucura”. Em suma, alguém que se
permita conduzir pelo diálogo e o bom senso; pois, “infeliz a nação que precisa de heróis” (Bertold Brecht – “A vida de
Galileu”, cena 12, p.115, 1938).
Portanto, a necessidade de uma
figura como descrita acima é porque urge a presença de alguém que assuma a
responsabilidade, em agir com habilidade e competência suficientes, para mudar
a direção dos fatos. Afinal de contas, até aqui, o que vigora nas entrelinhas
dos acontecimentos é que esta “não é uma
questão se a guerra é real ou não é. A vitória não é possível. A guerra não é destinada
para ser ganha. É destinada para ser contínua. Uma grande sociedade arcaica só
é possível às custas da pobreza e da ignorância” (George Orwell – escritor e
jornalista inglês).