quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Apesar dos pesares... Ainda há esperança!


Apesar dos pesares... Ainda há esperança!

 

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

 

Tantos episódios de desrespeito, de indiferença, de desumanidade explícita, que já estava quase me rendendo ao pensamento no qual não tardaria o dia em que coração e cérebro se tornariam órgãos vestigiais pelo simples desuso.

Mas, eis que um sopro de esperança aconteceu através dos noticiários. Uma reportagem exibida nesta última tarde de 2020, dava conta das centenas de homenageados pela Coroa Britânica em razão de seus esforços em diferentes áreas neste ano pandêmico. Famosos e anônimos que voluntariamente se puseram nas linhas de frente da história para tecer solidariedade, fraternidade, cidadania. Gente movida pela consciência e pelo coração.

Uau! Que fantástico! Como diriam os Titãs, “o pulso ainda pulsa...”1, no sentido mais pleno e humanista da existência de uma corrente do Bem. Uma corrente onde cada elo se coloca a serviço sem precisar ser convocado. Por pura vontade. Por genuína humanidade. Sem barganha. Sem recompensa material. Sem pódio. Um sinal claro de que nem tudo está perdido.

E assim se esvaem as desculpas. As justificativas insanas e frágeis. Os pretextos ridículos. Porque a consciência, o exercício pleno do bom senso, a grandeza do caráter digno fala por si só. O altruísmo não está fora de moda. Ser do Bem ainda é um clássico indefectível. Ainda é uma honraria. Ainda faz distinção.

Enquanto o mundo rodopia nas voltas do infinito, são esses seres humanos que estão sob os verdadeiros holofotes. Iluminados por uma luz que transcende suas próprias almas e faz jorrar sobre o planeta uma onda imaterial de reflexão. Pacificados pelo desapego em relação as frivolidades virtuais e contemporâneas, eles são os agentes das mudanças silenciosas. Porque se engana quem pensa estar a metamorfose necessária do mundo atrelada aos burburinhos midiáticos.

Segundo Charles Darwin, “O homem que tem coragem de desperdiçar uma hora do seu tempo não descobriu o valor da vida”. Afinal, por mais que se faça haverá sempre o que fazer. No mundo desigual as razões clamam à inquietude humana. Talvez, por isso “A verdadeira inteligência trabalha em silêncio. É no silêncio em que a criatividade e a solução de problemas se encontram” (Eckhart Tolle) 2.

O COVID-19 é apenas um item de uma lista infindável de questões a perturbar a humanidade. Por isso não adianta se avestruzar diante da vida ou usar lentes cor- de-rosa para fingir que a vida não é o que é. Tudo está sempre por um triz. Uma hora é o desemprego. Outra é a carestia. Mais adiante são as catástrofes naturais. Aqui e ali as doenças. Enfim...

Diante dessa realidade o mundo precisa de corações e cérebros funcionantes. Não pelas metades. Não seletivos. Não alienados pela reverberação dos efeitos manadas existentes. Mas, plenos. Plenamente aptos a cumprirem seus papeis. Plenamente aptos a contribuir com nossa essência humana. A fim de que o pêndulo da vida possa oscilar no perfeito equilíbrio entre a razão e a sensibilidade. Que 2021 seja, então, um ano pródigo em revelar mais seres humanos dotados dessa habilidade. Afinal, apesar dos pesares, ainda há esperança!