Reaprender...
a ser
Por
Alessandra Leles Rocha
A Bomba Atômica provou que podia
exterminar a raça humana num piscar de olhos. O mundo se assustou; mas, não o
bastante para mudar de atitude.
Mariana e Brumadinho provaram a
dimensão da negligência humana e da ganância capital. O mundo se assustou; mas,
não o bastante para exigir outra postura das autoridades.
Queimadas e desmatamentos nos principais
Biomas nacionais provaram o descaso com a sustentabilidade socioambiental. O
mundo se assustou; mas, não o bastante para estabelecer na prática novos
paradigmas de desenvolvimento.
Povos indígenas ameaçados e
privados do seu espaço natural e cultura provaram a intransigência das
políticas públicas. O mundo se assustou; mas, não o bastante para intervir e
proteger.
As guerras e conflitos armados provam
a incapacidade dialógica na expressão do bom senso comum. O mundo se assusta;
mas, não o bastante para compreender o significado que o globalismo desempenha
em tais situações e desdobramentos.
A migração forçada prova os
reflexos da desumanidade na desconstrução das identidades. O mundo se assusta;
mas, não o bastante para emanar empatia e solidariedade efetivas.
...
Então, de repente, vem uma
Pandemia. O mundo fica em pânico. Dessa vez não é com o outro, nem em outro
país ou continente. Dessa vez somos todos. Dessa vez cada um pode sentir pela
própria experiência, na ótica da própria perspectiva.
O aprender e o desaprender se
tornam simultâneos nesse processo. Dá medo. Dá ânsia. Dá dúvida. ... Na busca da ordem em meio ao caos.
Dessa vez não dá para fugir. Para se
esconder. Para postergar. Para adormecer. Não tem escolha. Não tem opção.
Só o exercício fundamental da própria
humanidade. Projeção da alma no espelho. Inteira. Desnuda. (Im)perfeita.
A velocidade. A intensidade. Tudo é
avassalador. Nada e nem ninguém será o mesmo ao final. A dinâmica que estava em
curso foi ceifada.
Será necessário repensar, refazer,
reconstruir, reaprender a ser. Pois, tudo pelo qual não se lutava, não se
questionava, não se exigia, não se entedia,... começará a fazer sentido.
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