sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Colocando os pingos nos is...

Colocando os pingos nos is


Por Alessandra Leles Rocha



Para mim, mudanças repentinas de atitude só se justificam em razão de algum distúrbio psicoemocional. Caso contrário, o bom e velho diálogo, ou como dizem por aí “colocar os pingos nos is”, é a postura mais digna para harmonizar o que eventualmente possa estar em desarmonia.
No mundo em que vivemos não é raro quem confunda “alhos com bugalhos” e acabe saindo por aí, destilando o veneno da ira contra uns e outros. Parecem até que gostam de remoer as diferenças, os mal entendidos, as divergências... para não dar o braço a torcer e buscar em um bom “dedo de prosa” o esclarecimento para uma dada situação. Um pretexto sem noção para, no fundo, tornarem-se vitimas dos próprios ruídos da comunicação.
É; eu sei que comunicar não é lá tarefa muito fácil. Nem sempre conseguimos nos fazer entender completamente.  Precisa paciência, boa vontade, clareza, etc.etc.etc. e, ainda sim, incorre-se no risco da coisa não funcionar muito bem. Mas, não há outra forma de coexistir pacífica e harmonicamente se não for assim; afinal de contas, não dá para ficar no meio do caminho de cara amarrada com o beiço dependurado, o nariz torcido e a cachola fervendo em caraminholas diversas. Isso só serve para causar estresse, infarto, e outras doenças mais.
Ora, sejamos uma vez sensatos e reconheçamos nossas diferenças. Não somos cópia de carbono! Cada um é um; pensa diferente, sente diferente, entende diferente. Não é possível, então, tirar conclusões precipitadas e, em muitos momentos, descontextualizadas. Nem tampouco fazê-las embasadas pelos olhares de terceiros.
Se algo te incomoda, fale. Não deixa para amanhã, sob a fervura do tempo, que nesses casos não costuma ser bom conselheiro.  Passe a limpo a história; retire toda e qualquer dúvida que paire, como nuvem de tempestade, sobre sua cabeça. É conversando que nós, seres humanos, nos entendemos. A vida é breve e não se deve desperdiça-la com coisas tão desnecessárias.
Temos tido tão maus exemplos por aí, de gente que não sabe, ou não se permite, ou não quer mesmo conversar, dialogar, com o semelhante. É assim, simples assim, que começam os conflitos, as guerras, as barbáries. Pura ausência de palavras verbalizadas, ditas olhos nos olhos, para se chegar a um denominador comum.
É por isso que eu prefiro a franqueza, as cartas na mesa, o diálogo aberto e sem meias palavras, sem desculpas para deixar para amanhã. Aí, se tiver que discutir brigar contestar,... esse é o momento. Como uma tempestade que depois de deixar fluir toda a água represada permite que o céu se abra em estio. Assim, preserva-se o melhor da vida, do ser humano, das relações. Como diz a canção, “Sentimento ilhado / morto, amordaçado / volta a incomodar” 1. Então, não se esconda atrás de máscaras, subterfúgios ou silêncios. Palavras não ditas podem sufocar.  


1 Revelação – Fagner.