sábado, 28 de maio de 2016

A insustentável invisibilidade do ser!


A insustentável invisibilidade do ser!

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

É; a vida realmente teima em nos surpreender! Pena que nem sempre, ou quase sempre, seja negativamente. Há três dias que as mídias nacionais e internacionais dão destaque ao brutal estupro de uma jovem de dezesseis anos na cidade do Rio de Janeiro.  Não, a Lei Maria da Penha 1 continua vagando solitária na sua missão de proteger as mulheres brasileiras da violência.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira na sua totalidade já ultrapassa a casa de 205 milhões de habitantes, sendo que 50,64% são mulheres. No entanto, quando a defesa dos direitos humanos e constitucionais dessas cidadãs é questionada, quase sempre elas acabam sendo estereotipadas no rol das chamadas “minorias sociais”, conjuntamente com a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), os indígenas, os afrodescendentes; enfim, todos os brasileiros e as brasileiras marcados pela indiferença e invisibilidade social.

Vejamos que apesar da manifestação pontual de apoio a essa mais recente vítima da barbárie, não vimos caminhar pelas ruas do país uma multidão em defesa dos direitos humanos. Toda aquela indignação que parecia ter ganhado espaço e força desde junho de 2013, de repente ficou muda, silenciosa; talvez, quem sabe, remoendo escondida a sua decepção com o ser humano. Mas, isso é bem sintomático, quando pensamos no quanto a mulher, enquanto símbolo majoritário dessa sociedade continua sendo esquecida, negligenciada, desrespeitada, violentada na sua existência.  

Muito embora, venha delas, do seu suor diário, uma parcela significativa dos recursos nacionais. Sim, senhoras e senhores, quantas mulheres vivendo em favelas ou em mansões movimentam a máquina econômica desse país através do seu trabalho? Ainda que recebam por cada dia de labuta salário desigual aos homens, por força da inexistência de uma lei que alterasse esse panorama e, também, pusesse fim ao sentimento de inferioridade que tantos homens lhes imputam por isso. Aliás, quantos não fazem dessa discrepância financeira argumento para subjugar, dominar e agir com violência em relação as suas companheiras, dando-lhes ciência de que a separação só lhes causaria prejuízos sociais e financeiros e assim, conseguindo mantê-las cativas de suas violências.

Lá se vão 37 anos desde a estreia do seriado Malu Mulher, exibido pela Rede Globo de Televisão, e os dilemas enfrentados pela personagem título, no fim da década de 70, permanecem praticamente os mesmos. O mundo evoluiu muito, mas não o bastante para crescer em comunhão com a igualdade de gênero, com o respeito à dignidade humana. E essa responsabilidade recai sobre todos nós, de todas as raças, credos, etnias, profissões, status social, grau de escolaridade, quando nos omitimos diante de verdades que julgamos ‘tão inconvenientes’.

Aliás, continuamos a doutrinar nossas crianças desde a primeira infância quanto aos papeis sociais de meninos e de meninas, a começar pelas tarefas domésticas. Continuamos superestimando o casamento tradicional em detrimento da educação e qualificação da mulher, como se ela só viesse a existir socialmente mediante uma larga aliança dourada na mão esquerda. Continuamos a subjugar as mulheres à ditadura da beleza, da moda, do consumo e a segrega-las impiedosamente quando não correspondem aos padrões preestabelecidos. Enfim...

E se mulheres têm galgado, apesar de todos os pesares, o seu espaço na sociedade; qual foi preço exigido? Mesmo diante dos constantes desdobramentos entre tantos compromissos sociais e familiares, poucas são as que de fato recebem algum reconhecimento. Na maioria das vezes, o seu máximo nunca é o bastante, ou suficiente, para contestar as constantes manifestações contrárias as suas competências e habilidades. Ao sinal da menor falta, elas são severamente punidas e desqualificadas de todas as formas, inclusive como pessoas.

Não é à toa, que esse círculo de perversidades têm as feito adoecer. As chamadas “Doenças da Modernidade” – cardiocirculatórias (infarto, acidente vascular cerebral, trombose, embolia), estresse, diabetes, alimentação desregrada e consumo exacerbado de fumo e bebidas alcoólicas têm lhes causado impactos e consequências irreparáveis. Por detrás das aparências, há uma legião de mulheres doentes do corpo e da alma sem que ninguém lhes perceba a existência. Vê-se, então, que elas não morrem só da violência urbana, ou doméstica, ou marital; mas, daquela que se esconde por detrás dos discursos, dos clichês, das imposições de uma sociedade pautada na desigualdade.

Portanto, a perplexidade diante do horror dos últimos acontecimentos, por si só é inútil. É fundamental que haja um posicionamento da sociedade em relação aos fatos, aos valores, aos padrões. Estamos continuamente nos horrorizando diante das barbáries, como se tudo estivesse tão distante de nós... Não, tudo está bem diante do nosso nariz, nítido em nossa retina. Lamentavelmente, eu tenho que admitir que esses absurdos não são um privilégio nacional, haja vista a luta da ativista paquistanesa Malala Yousafzai em favor dos direitos humanos das mulheres e do acesso delas à educação na sua região; mas, isso não significa que devemos aceitar tudo como está resignadamente, como se não houvesse solução.

Em tempos em que a discussão sobre o conceito de família tem gerado tanta polêmica e acirramento de ânimos, caberia nesse momento tão dramático pensar em quantas mulheres estão no contexto de uma família. Gostaríamos que uma filha, uma irmã, uma sobrinha, ou alguém do nosso núcleo familiar passasse por algo semelhante?  Mas, quem pode se considerar a salvo diante de uma violência que extrapola todos os limites, que não respeita valores ou padrões? Andamos tão repletos de ‘travas nos olhos’ que estamos enceguecidos e incapazes de enxergar o ser humano.  A violência não fere ou mata só as suas vítimas, ela repercute também na figura da orfandade física e moral sentida pelas famílias, pelos amigos, por toda a sociedade. Frente à comoção da opinião pública, certamente, os culpados serão legalmente presos e punidos; mas, é preciso também que a população como um todo reflita sobre o ocorrido e repense seu estranho modo de invisibilizar os semelhantes, de estereotipá-los e de considerar que existem vidas que valem mais ou menos.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Reflita: Qual é o preço da vulnerabilidade?


Vulneráveis

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Em um primeiro momento podemos pensar: estamos cada vez mais vulneráveis. Mas, com um pouco mais de reflexão descobrimos que, na maioria do tempo, nós nos colocamos em um nível de vulnerabilidade inquestionável. Deslizando entre os limites da liberdade e da segurança, o mundo pós-moderno tem se deixado atrair pelos encantos da nova Era; sobretudo, a tecnologia, e se esquecido de pensar sobre os meandros dessa dinâmica social.  

Pois bem. Observando atentamente, aqui e ali, conseguimos destacar traços da humanidade que nos fazem questionar se de fato o Homo sapiens é verdadeiramente bom. São muitos os exemplos de atitudes nada altruístas, nada fraternas, com seus pares. Há muito egoísmo, muita vaidade, muita necessidade em se sentir superior, poderoso, imbatível.

E cientes desses perfis contrários ao senso humano e coletivo, porque não dizer patológicos, ideias são lentamente aspergidas no intuito de serem absorvidas e impregnadas a esses valores já distorcidos. Há uma tentativa obscura de manipulação de pensamentos e atitudes, que diferentemente de comportamentos cristalinos e genuinamente radicais e agressivos, fazem suas vítimas através da inação racional.

Lentamente a humanidade se robotiza e se deixa guiar pelos apelos do mundo. Seja assim, vista isso, compre aquilo, siga tal pensamento,... de modo que seja possível enquadrá-lo dentro de um determinado grupo. Indiscutivelmente o século XXI se apresenta pela diversidade de tribos que surgem a partir dessa tentativa de pertencimento humano. Ser humano já não nos basta; é preciso estar conectado aos demais além das afinidades biológicas.  

O materialismo tomou conta das relações e deteriorou as identidades. Há uma imensa dificuldade em se estabelecer na própria essência e, por isso, personagens e mais personagens surgem em nome de uma sobrevivência; como se a seleção natural fosse agora determinada pelas aparências.  Tudo isso inicia o travamento de uma luta desgastante e cruel, que dissolve a nossa imagem diante do espelho; os indivíduos passam a ser o que eles acreditam que os outros pensam e enxergam deles. Não é à toa, então, a ferocidade com que disputam os seus ‘quinze minutos de fama’.

De fato, a sociedade vive um apartar entre o real e o imaginário. O excesso de visibilidade que se tem através da tecnologia da informação não traduz algo real. Compartilha-se tudo, exceto a sua própria humanidade, os seus defeitos, as suas ideias, os seus desejos, os seus fracassos, enfim. Vive-se uma vida pelo prisma de lentes cor-de-rosa; mas, quem disse que a idealização é uma boa solução contra os problemas? Quando se deita a cabeça no travesseiro, o inconsciente não te deixa dormir; afinal de contas, cada um sabe muito bem aonde lhe apertam os sapatos.

No fundo a humanidade tem sobrevivido de uma ‘propaganda enganosa’ de si mesma. Um trágico complexo de ser ‘politicamente correta’, quando na verdade arde dentro do espírito às chamas mais altas do seu primitivismo, da sua barbárie. Por isso, quando alguém se mostra real há imediatamente um desconforto entre os demais; pois, eles se sentem agredidos pela verdade que destrói a sua imaginação. Quanto mais fomentamos a ilusão, a perfeição; mais, nos colocamos em risco se em um dado momento a verdade vem à tona.

O mundo pós-moderno não ama a diferença seja ela qual for; ao contrário, a competitividade que se acirra está centrada na manutenção da massificação. Todos precisam moldar-se a figura uns dos outros em termos físicos, financeiros, materiais, ideológicos, comportamentais; a disputa é essa.  E isso acontece em todos os níveis de relação social, ou seja, em casa, na escola, no trabalho, no lazer, na religião. Daí, a imensa dificuldade de resolver os desdobramentos que emergem desses comportamentos, como por exemplo, o bullying, o revanchismo, a violência moral. Olhe ao redor e perceba como resultado, a humanidade se encontra cada vez mais doente física e emocionalmente.
Portanto, quem sabe a nossa proteção contra tamanha vulnerabilidade, ou a cura para as nossas mazelas mais profundas, não se inicie pelo passo dado em direção a sermos fieis a nós mesmos, hein? Pense nisso.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Para começar muito bem o fim de semana!

NÃO DESISTA NUNCA

Martha Medeiros


Se você não acreditar naquilo que você é capaz de fazer; quem vai acreditar?
Dizer que existe uma idade certa, tempo certo, local certo, não existe.
Somente quando você estiver convicto daquilo que deseja e esta convicção fizer parte integrante do processo.
Mas quando ocorre este momento? Imagine uma ponte sobre um rio.
Você está em uma margem e seu objetivo está na outra.
Você pensa, raciocina, acredita que a sua realização está lá.
Você atravessa a ponte, abraça o objetivo e não olha para traz.
Estoura a sua ponte.
Pode ser que tenha até dificuldades, mas se você realmente acredita que pode realizá-lo, não perca tempo: vá e faça.
Agora, se você simplesmente não quer ficar nesta margem e não tem um objetivo definido, no momento do estouro, você estará exatamente no meio da ponte.
Já viu alguém no meio de uma ponte na hora da explosão… eu também não.
Realmente não é simples.
Quando você visualizar o seu objetivo e criar a coragem suficiente em realizá-lo, tenha em mente que para a sua concretização, alguns detalhes deverão estar bem claros na cabeça ou seja, facilidades e dificuldades aparecerão, mas se realmente acredita que pode fazer, os incômodos desaparecerão.
É só não se desesperar.
Seja no mínimo um pouco paciente.
Pois é, as diferenças básicas entre os três momentos são:
ESTOURAR A PONTE ANTES DE ATRAVESSÁ-LA Você começou a sonhar… sonhar… sonhar! De repente, sentiu-se estimulado a querer ou gozar de algo melhor.
Entretanto, dentro de sua avaliação, começa a perceber que fatores que fogem ao seu controle, não permitem que suas habilidades e competências o realize.
Pergunto, vale a pena insistir?
Para ficar mais tangível, imaginemos que uma pessoa sonhe viver ou visitar a lua, mas as perspectivas do agora não o permitem, adianta ficar sonhando ou traçando este objetivo?
Para que você não fique no mundo da lua, meio maluquinho, estoure a sua ponte antes de atravessá-la, rompa com este objetivo e parta para outros sonhos! ESTOURAR A PONTE NO MOMENTO DE ATRAVESSÁ-LA Acredito que tenha ficado claro, mas cabe o reforço.
O fato de você desejar não ficar numa situação desagradável é válido, entretanto você não saber o que é mais agradável, já não o é! Ou seja, a falta de perspectiva nem explorada em pensamento, não leva a lugar algum. Você tem a obrigação consciencional de criar alternativas melhores.
Nos dias de hoje, não podemos nos dar ao luxo de sair sem destino.
O nosso futuro não é responsabilidade de outrem, nós é que construímos o nosso futuro. Sem desculpas, pode começar…
ESTOURAR A PONTE DEPOIS DE ATRAVESSÁ-LA.
No início comentei sobre as pessoas que realizaram o sucesso e outras que não tiveram a mesma sorte.
Em primeiro lugar, acredito que temos de definir o que é sucesso.
Sou pelas coisas simples, sucesso é gostar do que faz e fazer o que gosta.
Tentamos nos moldar em uma cultura de determinados valores, onde o sucesso é medido pela posse de coisas, mas é muito mesquinho você ter e não desfrutar daquilo que realmente deseja.
As pessoas que realizaram a oportunidade de estourar as suas pontes de modo adequado e consistente, não só imaginaram, atravessaram e encontraram os objetivos do outro lado.
Os objetivos a serem perseguidos, foram construídos dentro de uma visão clara do que se queria alcançar, em tempo suficiente, de modo adequado, através de fatores pessoais ou impessoais, facilitadores ou não, enfim o grau de comprometimento utilizado para a sua concretização.
A visão sem ação, não passa de um sonho.
A ação sem visão é só um passatempo.
A visão com ação pode mudar o mundo.

Questões de Sustentabilidade Ambiental

Agricultura urbana terá oficinas e feiras em festival lixo zero em SP
20/05/2016 02h00
Por Mara Gama

Sem copos descartáveis e com comida servida em embalagens compostáveis, acontece no domingo, 22, o Festival de Agricultura Urbana em São Paulo. Serão rodas de conversa, oficinas práticas e palestras, além de uma feira de alimentos orgânicos produzidos na cidade e uma feira gastronômica, na praça Victor Civita, em Pinheiros.
O festival é uma boa oportunidade para conhecer alguns dos movimentos alternativos que vêm ganhando adeptos na cidade nos últimos anos, defendendo formas coletivas de ocupar e usar o espaço urbano preservando e restaurando o meio ambiente, combatendo o desperdício e a poluição. [...]

Inflação resiste a ceder e prévia de maio vai a 0,86%, aponta IBGE




LUCAS VETTORAZZO DO RIO


Desde o início do ano que se espera uma desaceleração de preços em razão da crise, mas na prática movimentos pontuais de alta de determinados produtos têm impedido o alívio no bolso do brasileiro. Essas altas independem da situação econômica do país.
A prévia da inflação de maio mostrou que os alimentos e remédios continuam a pressionar o indicador. Cenário igual já havia sido observado na divulgação do índice fechado de abril.
Condições climáticas desfavoráveis fizeram com que os alimentos subissem 1,05% na prévia de maio. Já é uma desaceleração em relação ao mês de abril (1,35%), mas o resultado continua fazendo pressão no índice.
A batata-inglesa, por exemplo, subiu 26,65% na prévia. Outros produtos importantes, como feijão carioca (5,04%), farinha de mandioca (4,45%) e o leite (2,82%), também tiveram altas expressivas.
Impactado por reajustes recentes de preço aprovados pelos órgãos reguladores, os remédios subiram 6,50% em maio. Em abril, já tinham subido 2,64%.
A alta é reflexo do reajuste, que passou a valer a partir de primeiro de abril, de 12,50% no preço de alguns tipos remédios.
Juntos, alimentos e medicamentos representaram 56% da taxa de maio.
O aumento da tarifa de água e esgoto em São Paulo pressionou o grupo habitação, que subiu 0,99%, por causa do fim do incentivo do governo do Estado para quem consome menos água.
Cigarro também foi um produto que subiu de preço, com avanço de 3,70% Os cigarros tiveram reajuste de 3% a 14%, dependendo da marca, a partir de 1º de maio no país. [...]

Enquanto isso...

Argentina aumenta salário mínimo em 33% – para mais de R$ 2 mil

19/05/2016 às 21:46 - Atualizado em

Universidade Federal do Paraná e ACNUR lançam livro sobre refúgio no Brasil nesta sexta-feira (20)

Publicação discute situação delicada de refugiados no Brasil a partir do ponto de vista de juristas, cientistas sociais e linguistas. Livro será lançando em Curitiba e foi organizado por oficial de Proteção da Agência da ONU para Refugiados e outros especialistas.
Na próxima sexta-feira (20), em Curitiba, a Universidade Federal do Paraná e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) lançam o livro “Refúgio e Hospitalidade” – publicação que apresenta reflexões sobre a situação delicada dos refugiados no Brasil a partir do ponto de vista de juristas, cientistas sociais e linguistas.
Com a proposta de apresentar diferentes experiências que contribuem para a integração dessas populações deslocadas no país de acolhida, o livro aborda o conhecimento de direitos e deveres no novo Estado, assim como o aprendizado da língua local.
Organizada pelo professor da UFPR e coordenador do Projeto Hospitalidades, José Gediel, e pelo doutor em Direito e oficial de Proteção do ACNUR, Gabriel Godoy, a publicação é vinculada à Cátedra Sérgio Vieira de Mello – iniciativa implementada pela agência da ONU no Brasil e que conta com a participação de diversas instituições de ensino superior.
“O título do livro em si já reflete essa perspectiva justamente de refúgio e hospitalidade, transcendendo questões técnicas. É preciso visualizar as diferentes matrizes que fazem parte do acolhimento do estrangeiro dentro de uma nova comunidade”, explica Godoy.
A ambição da publicação é se tornar uma inspiração para outras universidades e pesquisadores, apontando caminhos de atuação efetiva para o acolhimento dos refugiados.
É também desejo dos organizadores que a obra atinja a sociedade civil, permitindo com que os cidadãos enxerguem a presença do estrangeiro no seu dia a dia. Para Godoy, “uma resposta de hospitalidade aos refugiados significa que aqueles que estão aqui possam efetivamente pertencer a este espaço”.
Ao longo da sexta-feira, além do lançamento do volume, profissionais do ACNUR e voluntários estarão no campus Santos Andrade da UFPR e nas suas imediações, divulgando a campanha #IBelong e coletando assinaturas para que governos possam assegurar o fim da apatridia.
Serviço
Evento: Lançamento do livro Refúgio e Hospitalidade (ACNUR e UFPR)
Quando: dia 20 de maio (sexta-feira)
Horário: 19h
Onde: Salão Nobre da UFPR (Praça Santos Andrade)
Informações: (61) 3044-5714 / (61) 8354-9221

OIT: objetivo sobre pobreza da Agenda 2030 está em risco sem trabalho decente

O déficit global de empregos de qualidade e a deterioração das condições econômicas em diversas regiões ameaçam desfazer décadas de progresso na redução da pobreza, adverte um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Além do mais, a pobreza relativa em países desenvolvidos está aumentando.
O déficit global de empregos de qualidade e a deterioração das condições econômicas em diversas regiões ameaçam desfazer décadas de progresso na redução da pobreza, adverte um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Além do mais, a pobreza relativa em países desenvolvidos está aumentando.
Usando os dados mais recentes disponíveis, o novo relatório da OIT “Perspectivas sociais e de emprego no mundo 2016 – Transformando empregos para acabar com a pobreza” conclui que mais de 36% do mundo emergente e em desenvolvimento vive na pobreza – com uma renda diária de menos de US$ 3,10 de paridade de poder aquisitivo (PPP).
O relatório calcula que cerca de US$ 600 bilhões por ano – ou quase US$ 10 trilhões no total em mais de 15 anos – são necessários para erradicar a pobreza extrema e moderada globalmente até 2030.
O relatório conclui ainda que o problema da pobreza persistente não pode ser resolvido apenas por transferências de renda; mais e melhores empregos são cruciais para atingir este objetivo.
Estima-se que quase um terço dos extremamente ou moderadamente pobres nas economias em desenvolvimento têm empregos. No entanto, seus empregos são vulneráveis por natureza: muitas vezes, estes empregos não são remunerados e estão concentrados em ocupações de baixa qualificação. Além disso, na ausência de proteção social, estas pessoas dependem quase que exclusivamente da renda de seu trabalho.
Entre os países desenvolvidos, mais trabalhadores têm empregos assalariados, mas isso não os impede de cair na pobreza. O relatório constata que a incidência da pobreza relativa aumentou um ponto percentual na União Europeia, desde o início da crise.
“Claramente, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de acabar com a pobreza em todas as suas formas no mundo inteiro até 2030 está em risco”, disse o Diretor Geral da OIT, Guy Ryder. “Se levamos a sério a Agenda 2030 e queremos finalmente acabar com o flagelo da pobreza que perpetua por gerações, então nós temos que nos concentrar na qualidade dos empregos em todas as nações”.
“Neste momento, 30% do mundo é pobre, mas detém apenas 2% da renda global”, disse Raymond Torres, Assessor Especial da OIT para questões sociais e econômicas. “Somente através da melhora deliberada na qualidade dos postos de trabalho para aqueles que têm empregos e da criação de novos empregos decentes será possível fornecer uma saída duradoura das condições de vida precárias e melhorar os meios de subsistência para os trabalhadores pobres e suas famílias”.
O estudo também constata que níveis altos de desigualdade de renda reduzem o impacto do crescimento econômico sobre a redução da pobreza. “Esta descoberta nos diz que já é mais do que hora de refletir sobre a responsabilidade dos países e indivíduos ricos na perpetuação da pobreza. Aceitar o status quo não é uma opção”, afirma Torres.
Saiba mais em http://bit.ly/1TgxYyP

Fenômenos naturais deslocaram 19,2 milhões de pessoas em 2015, alerta escritório da ONU

Número representa quase 70% do total de deslocados internos do mundo registrado em 2015. Fenômenos extremos, associados às mudanças climáticas e a fatores de risco para desastres, foram apontados como principal causa dos deslocamentos internos de 2015 pelo Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR).
Fenômenos naturais forçaram 19,2 milhões de pessoas a abandonarem seus lares em 2015. O contingente representa quase 70% do total de deslocados internos – 27,8 milhões – que se viram obrigados a fugir dos lugares onde moravam por conta de conflitos, violência ou desastres naturais ao longo do ano passado.
Os números foram divulgados na semana passada (12) pelo Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR) em relatório que apresenta um panorama do deslocamento interno global e de suas causas.
O documento alerta alerta para os fatores de risco de desastres associados a processos lentos de alteração ambiental, tais como secas, elevação do nível do mar e desertificação — fenômenos provocados pelas transformações do clima. Ameaças climáticas foram responsáveis por 14,7 milhões de deslocamentos.
“A maioria dos deslocamentos ocasionados por desastres naturais ocorreu devido a eventos climáticos extremos, que aconteceram em um ano com um número recorde de secas, inundações e grandes tempestades tropicais”, continuou Glasser, lembrando que grande parte disso foi causada por um forte El Niño registrado em meio a mudanças climáticas cada vez mais maiores.
Para Glasser, diante desse cenário, é necessário o desenvolvimento de um sistema capaz de melhorar a gestão de risco de desastres a nível local, a fim de evitar o deslocamento de pessoas nesta escala.
“Isso significa melhorar alertas precoces, proporcionar habitação de baixo custo em locais seguros e fazer todo o possível para reduzir o número de pessoas afetadas por catástrofes, segundo o que foi acordado pelos Estados-membros no Quadro para a Redução do Risco de Desastres de Sendai, no ano passado”, ressaltou.
O Quadro para a Redução do Risco de Desastres (2015-2030) é o plano global para reduzir as ameaças de catástrofe adotado pelos Estados-membros das Nações Unidas, no ano passado, durante a Conferência Mundial em Sendai, no Japão.
O acordo estabelece metas para a redução da mortalidade relacionada a desastres, assim como para a diminuição do número de pessoas afetadas, dos danos à infraestrutura e das perdas econômicas.
Fonte: https://nacoesunidas.org/fenomenos-naturais-deslocaram-192-milhoes-de-pessoas-em-2015-alerta-escritorio-da-onu/

‘Ser lésbica, gay, bissexual ou trans não é uma doença, e sim parte da diversidade humana’

No Dia Internacional contra a Homofobia e a Transfobia, especialistas independentes da ONU, organismos regionais de direitos humanos e agências das Nações Unidas se uniram para pedir o fim do tratamento de pessoas LGBTI como ‘portadores de patologias’.
Classificações médicas estigmatizantes justificam, em diferentes partes do mundo, a submissão de pessoas a terapias forçadas. Procedimentos considerados ‘capazes de converter indivíduos’ foram criticados por serem ‘abusivos, prejudiciais e antiéticos’.
Às vésperas do Dia Internacional contra a Homofobia e a Transfobia – celebrado nesta terça-feira (17) –, especialistas de direitos humanos das Nações Unidas e outros organismos internacionais pediram na semana passada (12) o “fim urgente” da patologização de adultos e crianças lésbicas, gays, bissexuais e trans em diferentes partes do mundo.
Considerar pessoas doentes de acordo com sua orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero “tem sido historicamente uma das principais causas por trás das violações de direitos humanos” enfrentadas pelo público LGBTI.
Classificações médicas estigmatizantes são usadas, por exemplo, para justificar a sujeição de pessoas trans — mesmo em idade jovem — à esterilização coercitiva, terapias hormonais, cirurgias e avaliações psiquiátricas.
Tratamentos forçados ou involuntários — considerados “reparadores” ou capazes de “converter” indivíduos — foram descritos como “abusivos, prejudiciais e antiéticos”, com consequências particularmente danosas para crianças e adolescentes.
Segundo o grupo de especialistas — formado pelo Comitê da ONU sobre Direitos da Criança, um grupo de especialistas independentes das Nações Unidas, a Comissão Interamericana sobre Direitos Humanos, a Comissão Africana sobre Direitos Humanos e dos Povos e o comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Nils Muižnieks —, procedimentos como esses podem provocar dor e sofrimento, físicos e psíquicos, severos e para a vida toda.
Isso viola o direito que protege todos os seres humanos da tortura e de outras formas de tratamento ou punição cruel, inumano ou degradante.
Apesar dos efeitos danosos, pessoas LGBTI ainda são continuamente submetidas a esses procedimentos, lamentaram os especialistas.
Essa triste realidade já havia sido motivo de preocupação do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), cujo relator independente sobre tortura, Juan Méndez, criticou em março desse ano a violência generalizada contra a população LGBTI. Em 76 países, relacionamentos homoafetivos ainda são criminalizados.
Os especialistas que se pronunciaram na última sexta-feira alertaram que a criminalização de pessoas trans e homossexuais tem sido justificada pela tendência a tratar determinadas identidades de gênero e orientações sexuais como doença — o que contribui para a marginalização e exclusão do público LGBTI de redes de educação, saúde, emprego e moradia.
A mesma consequência nociva é produzida pela negação ou exigência de condições abusivas para o reconhecimento oficial da identidade de gênero de pessoas trans.
Tratar LGBTIs como doentes estimula violência e preconceito
Apesar de progressos observados — há 26 anos, a Organização Mundial da Saúde parou de tratar a homossexualidade como doença e a removeu da sua Classificação Internacional de Doenças —, os especialistas ressaltaram que categorias diagnósticas patologizantes continuam sendo aplicadas por associações médicas nacionais.
“Reformas legais e de políticas são necessárias para eliminar leis discriminatórias e proteger as pessoas LGBTI da violência. Mas essas não serão eficazes ou suficientes por conta própria enquanto classificações médicas ultrapassadas persistirem.”
“Essas classificações devem ser modificadas para ‘despatologizar’ identidades e expressões trans e a atração pelo mesmo sexo. Estados devem adotar medidas para prevenir, investigar e condenar todas as formas de tratamentos e procedimentos forçados, coercitivos ou involuntários (imposto) às pessoas LGBTI.”
Os especialistas pediram ainda que governos garantam a prestação de serviços de saúde baseados no consentimento informado e livres de estigma e discriminação. Atendimento médico deve contemplar procedimentos de afirmação de gênero para pessoas trans.
Neste Dia Internacional contra a Homofobia e a Transfobia, conheça aqui as ações das Nações Unidas no Brasil e no mundo para combater o preconceito e a discriminação contra a população LGBTI.

UNAIDS pede acesso pleno a cuidados de saúde de qualidade para pessoas LGBTI

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) divulgou comunicado se colocando “ao lado das pessoas e organizações em todo o mundo” na comemoração do Dia.
Embora ainda haja muito progresso a ser feito para ser alcançada a visão do UNAIDS de zero discriminação, “houve passos encorajadores na direção certa”, destacou o texto. Em junho de 2015, Moçambique descriminalizou a homossexualidade em seu novo código penal. Em setembro de 2015, 12 agências das Nações Unidas emitiram um “poderoso chamado” à ação pelo fim da violência e discriminação contra lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e intersexuais (LGBTI).
Além disso, em maio de 2016, o governo dos Estados Unidos divulgou um guia com orientações “para ajudar a fornecer a educadores a informação que precisam para garantir que todas e todos os estudantes, incluindo pessoas trans, possam frequentar a escola em um ambiente livre de discriminação baseada no sexo”.
“É inaceitável que lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e pessoas intersex (LGBTI) enfrentem violência e discriminação apenas por causa de quem elas são e de quem elas amam”, disse o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sidibé.
“São nossos filhos e nossas filhas, irmãos e irmãs, amigos, amigas e colegas. Direitos LGBTI são direitos humanos. Nossa obrigação é desafiar o preconceito onde quer que estejamos.”
Muitas pessoas LGBTI seguem enfrentando enormes desafios diários, às vezes vivendo com medo, em isolamento e fora do alcance de serviços de saúde. O medo de abuso ou discriminação por parte dos profissionais de saúde impede as pessoas de terem acesso a serviços de testagem e tratamento para o HIV.
Além disso, um grande percentual de pessoas LGBTI enfrenta isolamento e discriminação em seu ambiente social mais próximo, afetando negativamente a sua saúde mental.
Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que incluem acabar com a AIDS até 2030, exige o fim da discriminação em todas as suas formas, destacou a agência da ONU.
O UNAIDS pediu o acesso pleno e completo aos cuidados de saúde de qualidade para pessoas LGBTI, incluindo o acesso aos serviços de saúde mental, que muitas vezes contam com menos recursos nos sistemas de saúde. “Agir com compaixão. Abraçar a diversidade. Não deixar ninguém para trás”, acrescentou Sidibé.
A eliminação da discriminação será um dos temas centrais de discussão na Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU para o fim da AIDS, que acontecerá na sede das Nações Unidas em Nova York (EUA), de 8 a 10 de junho de 2016. Para mais informações, acesse www.hlm2016aids.unaids.org

PNUD: Persiste o estigma e a discriminação contra pessoas LGBTI

A data tem como foco, neste ano, a conscientização sobre a saúde mental e o bem-estar de lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e intersex (LGBTI). A administradora mundial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Helen Clark, destacou que os problemas de saúde devidos a desordens mentais são crescentes em nível mundial. “A depressão é a principal causa da incapacitação mundo afora. A prevalência de tentativas de suicídio entre homens gays/bissexuais, ao longo da vida, é cerca de quatro vezes mais elevada quando comparada à de homens heterossexuais”, alertou.
Pesquisas têm demonstrado, de forma conclusiva, que pessoas LGBTI apresentam taxas de desordem psiquiátrica acima das expectativas, mas, uma vez que seus direitos e sua igualdade passam a ser reconhecidos, essas taxas começam a declinar, afirmou Clark.
“Reconhece-se cada vez mais em todo o mundo que a orientação sexual voltada para pessoas do mesmo sexo e a diversidade da identidade e de expressão de gênero não são desordens mentais ou físicas. Entretanto, muitos milhões de pessoas LGBTI pelo mundo continuam a deparar com estigma e discriminação, e muitas delas sofrem violência e opressão”, acrescentou.
“Tal quadro exige ação. Podemos e devemos fazer mais”, disse a chefe do PNUD.
Para ela, é preciso continuar a conscientizar e agir para garantir que todas as pessoas tenham o mesmo direito de levar vidas saudáveis, livres de violência, perseguição, estigma e discriminação. “O insucesso em apoiar os direitos humanos das pessoas LGBTI e em garantir que elas tenham proteção contra o abuso e a violência tem consequências negativas para a saúde, o bem-estar e o desenvolvimento”, disse.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos promete um mundo justo e inclusivo para todos, lembrou Clark. “No PNUD, estamos comprometidos com a redução das desigualdades e com o fim da exclusão. Não alcançaremos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável se segmentos de nossas população não forem tratadas como iguais simplesmente por serem o que são.”
“Não deixar ninguém para trás” é um princípio-chave da Agenda 2030. “Isso inclui pessoas LGBTI – por uma saúde melhor, por uma melhor saúde mental e pelos direitos humanos”, concluiu a representante da agência da ONU.

Vídeo chama atenção para questão global

Charles Radcliffe, chefe de Questões Globais e Assuntos Intergovernamentais do Escritório de Direitos Humanos da ONU (ACNUDH), destacou que o vídeo “Porque Nós Lutamos”, lançado por ocasião data e que mostra os diversos enfoques da luta LGBTI em diferentes lugares do mundo, capta um pouco da força e do espírito que os ativistas LGBTI e seus aliados trazem para seu trabalho, e a grande diversidade de causas que ajudam este movimento a se tornar global.
Para Radcliffe, este é também um lembrete para ativistas de que eles não estão sozinhos. “A ONU está com você, (e) milhões de pessoas em todo o mundo os apoiam”, ressaltou.
“Leva tempo para superar séculos de discriminação e preconceito, e ativistas em diferentes países estão participando a partir de ângulos diferentes – seja nas cortes, nas ruas ou nos meios de comunicação”, disse.
“Nosso escritório é responsável por proteger e promover os direitos humanos para todos os seres humanos”, disse Radcliffe. “Estaríamos falhando se não assumíssemos esta causa. Se as palavras da Declaração Universal dos Direitos Humanos – de que todos nós nascemos livres e iguais – devem significar alguma coisa, se todo mundo vai ter a chance de prosperar, então temos de ser capazes de acomodar este tipo de diversidade – ou, melhor ainda, celebrá-la.”

OIT e UNESCO divulgam estudos sobre o tema

Uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e outras agências indicam que a grande maioria dos trabalhadores LGBTI mantém sua orientação sexual em segredo, muitas vezes resultando em considerável estresse, depressão e perda de produtividade.
A OIT constatou que as pessoas que conseguem expressar sua orientação sexual no trabalho têm menos sintomas de ansiedade, depressão e esgotamento, e um fator central para esta de decisão é um ambiente de apoio às políticas pró-ativas de diversidade e de inclusão.
A data foi marcada pela UNESCO por meio de uma reunião com ministros da Educação sobre as respostas do setor educativo à violência baseada na orientação sexual ou identidade e expressão de gênero.
A reunião ministerial coincide com o lançamento de um relatório global e inédito da UNESCO (leia aqui) sobre a violência com base na orientação sexual e identidade ou expressão de gênero em ambientes educacionais – e as respostas existentes por setores da educação em todas as regiões do mundo.
Embora os dados não estejam disponíveis para todos os países, o relatório mostra que, em alguns deles, 85% dos estudantes LGBTI experimentam violência homofóbica e transfóbica na escola, 45% das pessoas trans desistem das instituições de ensino.
A violência homofóbica também atinge 33% dos estudantes que são erroneamente percebidos como LGBTI, porque não parecem estar em conformidade com as normas de gênero, de acordo com o documento da UNESCO.
“Em 2015, na Cúpula de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, os líderes mundiais fizeram uma promessa de fornecer educação inclusiva, igualitária e de qualidade para todos, bem como garantir uma vida saudável e promover o bem-estar para todos em 2030”, lembrou Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO.
“A UNESCO reconhece, no entanto, que nenhum país pode alcançar este objetivo enquanto os estudantes estão sendo discriminados ou experimentando a violência, incluindo a perseguição por causa da sua orientação sexual ou identidade de gênero, real ou percebida”, acrescentou.
A diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, lembrou que a data é comemorada pela primeira vez no contato da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável. “A fim de garantir que ninguém seja deixado para trás, devemos ter certeza que ninguém seja deixado de fora. Aqueles que estão mais atrás, mais vulneráveis e menos apoiados são a nossa prioridade.”
A chefe da ONU Mulheres destacou que medidas para acabar com a discriminação e a exclusão com base na orientação sexual e identidade de gênero são um aspecto natural do planejamento para executar a agenda “à medida que a homofobia e transfobia permanecem profundamente enraizadas, resultando em violência e exclusão dos serviços sociais e da tomada de decisão.”

Com apoio de Agência da ONU para Refugiados, organizações recebem refugiados LGBTI nos EUA

Em sua cidade natal Idlib, na Síria, andar na rua de mãos dadas com o namorado poderia levar Subhi Nahas, 28 anos, à morte, já que milícias extremistas costumam perseguir e executar homens gays. Essa situação fez com que ele decidisse deixar o país, que também passa por um grave conflito armado.
“Minha família nunca me aceitou por ser gay e, naquele momento, eu não estava seguro nem dentro nem fora de casa”, disse Nahas, que foi para San Francisco, Estados Unidos, em junho de 2015. Ele contou com a assistência de duas organizações que ajudam refugiados(as) LGBTI e são apoiadas pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Uma das entidades é a Organização para Refúgio, Asilo e Migração (ORAM), que dispõe de funcionários na Turquia para acolher refugiados LGBTI. A outra é a Jewish Family and Community Services East Bay (JFCS), que opera programas de reassentamento.
A Agência da ONU para Refugiados também tem suas próprias iniciativas para impulsionar a capacidade de seus funcionários na proteção dos direitos da população LGBTI.
Nesse sentido, a agência lançou no ano passado o relatório “Protegendo pessoas com orientação sexual diversa e identidade de gênero” (acesse aqui), o primeiro documento global de proteção a lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais solicitantes de refúgio, refugiados e outros. Saiba mais clicando aqui.

Fonte:https://nacoesunidas.org/ser-lesbica-gay-bissexual-ou-trans-nao-e-uma-doenca-e-sim-parte-da-diversidade-humana/

ONU lembra 10 anos de convenção dos direitos das pessoas com deficiência

Há quase dez anos, em 13 de dezembro de 2006, a Assembleia Geral da ONU adotou resolução que estabeleceu a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, com o objetivo de “proteger e garantir o total e igual acesso a todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência, e promover o respeito à sua dignidade”.
Por conta do aniversário do documento, as Nações Unidas deram início em abril a esforços para promover a convenção, em eventos e iniciativas que ocorrerão ao longo do ano.
Há quase dez anos, em 13 de dezembro de 2006, a Assembleia Geral da ONU adotou resolução que estabeleceu a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, com o objetivo de “proteger e garantir o total e igual acesso a todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência, e promover o respeito à sua dignidade”.
Por conta do aniversário do documento, as Nações Unidas deram início em abril a esforços para promover a convenção, em eventos e iniciativas que ocorrerão ao longo do próximo ano.
A mensagem principal da convenção é a de que pessoas com deficiência têm direito ao total espectro dos direitos humanos e liberdades fundamentais, sem discriminação.
Para atingir esse objetivo, a iniciativa promove a total participação de pessoas com deficiência em todas as esferas da vida, desafiando costumes, estereótipos, preconceitos, práticas danosas e estigmas.
Nos 10 anos desde sua adoção, a convenção foi uma das mais rapidamente ratificadas de todos os tratados de direitos humanos internacionais até agora, uma vez que mais de 160 Estados assinaram o documento. Contudo, ainda restam enormes desafios no acesso total aos direitos por parte das pessoas com deficiência.
O Comitê da ONU para os Direitos das Pessoas com Deficiência monitora de que forma os países que ratificaram a convenção estão evoluindo, analisando-os regularmente e emitindo recomendações concretas sobre como as violações podem ser combatidas e os direitos garantidos.
As comemorações dos 10 anos da convenção foram iniciadas em abril, com eventos e iniciativas que ocorrerão ao longo do ano, tendo como meta impulsionar a ratificação de mais Estados que até o momento não assinaram o documento. Saiba mais aqui.

Agências da ONU apresentam plano para reduzir danos causados por agrotóxicos perigosos

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicaram novas diretrizes com o objetivo de reduzir os danos causados pelos agrotóxicos, que representam um risco elevado para a saúde humana e o meio ambiente.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicaram novas diretrizes com o objetivo de reduzir os danos causados pelos agrotóxicos, que representam um risco elevado para a saúde humana e o meio ambiente.
Os produtos com toxicidade aguda são os responsáveis por um elevado número de casos de intoxicação imediata, sobretudo nos países em desenvolvimento, enquanto os produtos com efeitos tóxicos crônicos podem provocar câncer ou transtornos de desenvolvimento em crianças em fase de crescimento.
Nos países industrializados, não se permite o uso dos chamados “agrotóxicos muito perigosos” ou sua utilização é restrita. No entanto, estes continuam sendo fáceis de conseguir nos países em desenvolvimento. Além disso, mesmo os produtos perigosos que ainda são permitidos nos países industrializados podem causar graves problemas no mundo em desenvolvimento, onde as circunstâncias em que são utilizados podem ser muito diferentes.
Particularmente, os pequenos agricultores nos países em desenvolvimento não utilizam equipamento de proteção necessário, e frequentemente usam pulverizadores de mochila que representam um alto risco à saúde. Limitar a utilização desses produtos muito perigosos acaba sendo difícil, sendo empregados de forma generalizada por pessoas não qualificadas. Entre as possíveis consequências, estão numerosos casos de intoxicação, contaminação de alimentos e danos ambientais.

Localizar os responsáveis

Um grupo relativamente pequeno de praguicidas muito perigosos costuma ser a causa da maior parte das intoxicações. Em muitos casos, esses agrotóxicos podem ser substituídos por produtos menos perigosos ou pelo manejo integrado de pragas, que tem como objetivo reduzir a dependência de produtos químicos.
As diretrizes oferecem um caminho para ajudar os países a identificar e gerir os praguicidas mais perigosos. Também auxiliam na realização de inventários, avaliação dos riscos e das necessidades reais, e na adoção de medidas para mitigar riscos.
Em muitos casos, será necessário retirar o produto de forma gradual, mas quando não existem boas alternativas, poderão ser consideradas outras medidas para mitigar riscos. As condições locais de uso e a viabilidade das medidas de controle devem ser um fator importante na tomada de decisões.
A FAO também lançou um conjunto de ferramentas para o Registro de Praguicidas para ajudar os governos a realizar avaliações de perigos e riscos, como parte de seu processo nacional de aprovação de praguicidas. Esse kit também pode ser utilizado para reavaliar produtos que foram aprovados no passado, mas que atualmente são considerados muito perigosos.

Ação global unificada

O impulso para melhorar a governança dos agrotóxicos intensificou-se no ano passado quando a Conferência Internacional sobre a Gestão de Produtos Químicos aprovou em nível internacional uma resolução pedindo uma ação unificada para fazer frente aos agrotóxicos muito perigosos. A FAO e a OMS deram assessoramento para avançar neste tema.
Foi feito um pedido para que governos utilizem as novas diretrizes e o conjunto de ferramentas para revisar suas atuais listas de agrotóxicos autorizados, com o objetivo de identificar aqueles que são muito perigosos e tomar as medidas necessárias para reduzir os riscos dos usuários, dos consumidores e do meio ambiente.

Mais de 80% em centros urbanos vivem com ar poluído, diz OMS

Relatório da agência da ONU analisou a qualidade do ar em 3 mil cidades de 103 países; Curitiba é citada como modelo com várias ações e medidas verdes; nível de poluição está aumentando nas regiões mais pobres.


Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.


A Organização Mundial da Saúde, OMS, alertou que mais de 80% da população urbana mundial vive em áreas com alta taxa de poluição do ar.
A informação consta do 3º Relatório Global sobre o assunto, lançado esta quinta-feira pela agência da ONU. Segundo os especialistas, a poluição do ar representa o maior risco ambiental à saúde. Ela é responsável por mais de 3 milhões de mortes prematuras no mundo todos os anos.
Piorar
Segundo o documento, 98% das cidades dos países de baixa e média rendas, com mais de 100 mil habitantes, apresentam índices de qualidade do ar piores do que o estipulado pela OMS. No caso dos países ricos, a taxa das cidades que registram ar poluído caiu para 56%.
De Genebra, em entrevista à Rádio ONU, Carlos Dora, epidemiologista da agência falou sobre as conclusões do relatório.
"Nas cidades dos países em desenvolvimento, a gente vê que tem uma quantidade maior (de cidades poluídas) e a tendência é piorar. Então isso é, obviamente preocupante. Uma parte dos dados, mostra exatamente essa tendência temporária. A piora no geral é de 8%."
O estudo da OMS foi feito em 3 mil cidades em 103 países. No Brasil, os especialistas analisaram 45 cidades do nordeste ao sul do país, entre elas, Curitiba, Campinas, São Paulo, Campos, no Estado do Rio de Janeiro e Malembá e Madre de Deus, na região metropolitana de Salvador.
"Tem, por exemplo, cidades como Curitiba, que tinha um nível que antes era acima do preconizado pela OMS e que agora tem o ar limpo de acordo com a qualidade de ar da agência da ONU. É uma coisa muito positiva porque Curitiba também tem um dos melhores exemplos de políticas públicas que levam a limpar a qualidade do ar. Gestão dos resíduos para não queimar o lixo, (a cidade) faz uma gestão ecológica dos resíduos, deixa fermentar e colhe o metano para usar como biogás. Então tem uma série de soluções na gestão de resíduos que eles estão implementando."
Rodízio de Carros
Dora falou ainda que o rodízio de carros implementado em várias cidades mundiais, como por exemplo em São Paulo e na Cidade do México, funciona para reduzir a poluição em situação aguda.
Mas ele disse que a longo prazo, as cidades devem analisar a situação detalhadamente e buscar a causa da poluição.
O representante da OMS citou que Nova York, na época do prefeito Michael Bloomberg, fez um estudo que concluiu que metade da poluição do ar vinha do combustível "sujo" usado nos equipamentos de aquecimento e refrigeração dos prédios da cidade e não dos carros.
Poluição e Saúde
Dora fez uma comparação dizendo que as medidas adotadas para combater a poluição do ar podem ajudar na área de saúde. Segundo ele, as pessoas que têm doenças vasculares recebem recomendações para fazer exercício físico, não fumar e ter uma dieta saudável.
Mas o epidemiologista da OMS declarou que não há uma recomendação especial para que essas pessoas evitem ambientes poluídos.
Para ele, "é crucial que os governos e cidades façam da qualidade do ar em regiões urbanas uma prioridade de saúde e desenvolvimento".
Dora afirmou que "quando a qualidade do ar melhora, diminuem os gastos de saúde relativos a doenças como alergias e infecções pulmonares, aumenta a produtividade dos trabalhadores e também a expectativa de vida da população".

OMS: Expectativa de vida subiu 5 anos desde 2000, mas desigualdades na saúde persistem

19 de maio de 2016 – O aumento da expectativa de vida a nível global tem aumentado significativamente desde o ano 2000, entretanto grandes desigualdades persistem dentro e entre países, segundo o relatório "World Health Statistics: Monitoring Health for the SDGs" deste ano. Entre 2000 e 2015, a expectativa de vida aumentou em cinco anos, evolução mais rápida desde a década de 60. Houve um declínio durante os anos 1990, quando a expectativa de vida caiu na África devido à epidemia de AIDS, e na Europa Oriental, seguindo o colapso da União Soviética.
O aumento registrado até 2015 foi maior na Região Africana da OMS, onde a expectativa de vida subiu 9,4 anos, passando para 60 anos de idade, principalmente por causa das melhorias na sobrevivência infantil, dos avanços no controle da malária e de um maior acesso aos antirretrovirais para o tratamento de HIV.
“O mundo tem feito grandes progressos na redução do sofrimento desnecessário e mortes prematuras decorrentes de doenças evitáveis e tratáveis”, afirmou Margaret Chan, diretora-geral da OMS. “Mas os ganhos foram desiguais. Apoiar países para avançar na cobertura universal de saúde baseada na atenção básica é a melhor coisa que podemos fazer para nos certificar que ninguém seja deixado para trás.”
A expectativa de vida a nível mundial para crianças nascidas em 2015 foi de 71,4 anos (73,8 para mulheres e 69,1 para homens), mas as perspectivas de uma criança, individualmente, dependem de onde ela nasce. O relatório mostra que recém-nascidos de 29 países – todos eles de alta renda – têm expectativa média de vida de 80 anos ou mais, enquanto os recém-nascidos em 22 países da África Subsariana têm expectativa de vida de menos de 60 anos.
Com uma média de vida de 86,8 anos, as mulheres no Japão serão as que mais viverão. A Suíça terá a sobrevivência média mais longa para homens – 81,3 anos. Pessoas em Serra Leoa têm a menor expectativa de vida do mundo para ambos os sexos: 50,8% para mulheres e 49,3 anos para homens.
A expectativa de vida saudável a nível global, uma medida do número de anos de boa saúde que um recém-nascido em 2015 pode esperar, é de 63,1 anos (64,6 anos para mulheres e 61,5 para homens).
Este ano, o "World Health Statistics" reúne os dados mais recentes sobre as metas relacionadas à saúde incluídas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), adotados pela Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 2015. O relatório destaca lacunas de dados significativos que precisam ser preenchidas para rastrear de maneira confiável os progressos em direção aos ODS relacionados à saúde. Estima-se, por exemplo, que 53% das mortes em todo o mundo não são registradas, apesar de que vários países – incluindo Brasil, China, República Islâmica do Irã, África do Sul e Turquia – têm feitos progressos consideráveis nessa área.
Enquanto os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) estão focados em um conjunto limitado de metas de saúde para doenças específicas em 2015, os ODS têm o olhar voltado para 2030 e são muito mais abrangentes. Os ODS, por exemplo, incluem uma meta ampla de saúde, “Garantir uma vida saudável e promover o bem estar para todos, de todas as idades” e convocar para alcançar a cobertura de saúde universal. Este ano, o relatório mostra que muitos países ainda estão longe de ter uma cobertura universal de saúde, conforme apontado por um índice de acesso a 16 serviços essenciais, especialmente nas Regiões da África e do Leste do Mediterrâneo. Além disso, um número significativo de pessoas que utilizam os serviços se depara com altas despesas de saúde, definidas como “custos extras”, ultrapassando 25% do gasto total das famílias.
O relatório inclui dados que ilustram as desigualdades no acesso aos serviços de saúde dentro dos países – entre os residentes mais pobres de um determinado país e a média nacional para um conjunto de serviços de saúde materna, reprodutiva e infantil. Entre um número limitado de países com dados recentes, Suazilândia, Costa Rica, Maldivas, Tailândia, Uzbequistão, Jordânia e Mongólia lideram suas regiões no acesso mais igualitário aos serviços de saúde reprodutiva, materna, neonatal e infantil.
O relatório "World Health Statistics 2016" oferece uma visão abrangente dos mais recentes dados anuais das metas dos ODS relacionadas à saúde, ilustrando a escala de desafios. Todo ano:
• 303.000 mulheres morrem em decorrência de complicações na gravidez e no parto;
• 5,9 milhões de crianças morrem antes de seu quinto aniversário;
• 2 milhões de pessoas estão infectadas com HIV e existem 9,6 milhões de novos casos de tuberculose e 214 milhões de casos de malária;
• 1,7 bilhões de pessoas precisam de tratamento para doenças tropicais negligenciadas;
• Mais de 10 milhões de pessoas morrem antes de chegar aos 70 anos por conta de doenças cardiovasculares e câncer;
• 800.000 pessoas cometem suicídio;
• 1,25 milhões de pessoas morrem em acidentes de trânsito;
• 4,3 milhões de pessoas morrem devido à poluição do ar causada por combustíveis de cozinha;
• 3 milhões de pessoas morrem devido à poluição do ar urbano;
• 475.000 pessoas são assassinadas, 80% delas do sexo masculino.
Não será possível alcançar as metas sem combater os fatores de risco que contribuem para doenças. Atualmente, em todo o mundo:
• 1,1 bilhão de pessoas fumam tabaco;
• 156 milhões de crianças com menos de cinco anos estão desnutridas e 42 milhões de crianças com menos de cinco estão acima do peso;
• 1,8 bilhão de pessoas bebem água contaminada e 946 milhões defecam ao ar livre;
• 3,1 bilhões de pessoas dependem principalmente de combustíveis poluentes para cozinhar.
Nota para editores
Publicado anualmente desde 2005, o relatório da OMS "World Health Statistics" é a fonte definitiva de informações sobre a saúde das pessoas no mundo. O documento contêm dados de 194 países em uma série de indicadores de mortalidade, doenças e do sistema de saúde, incluindo expectativa de vida; morte por doenças-chave; serviços de saúde e tratamentos; investimentos financeiros em saúde; e fatores e comportamentos de risco que afetam a saúde.
O Observatório de Saúde Global da OMS atualiza as estatísticas de saúde ao longo do ano em um banco de dados online com mais de 1.000 indicadores de saúde. O público pode usá-lo para encontrar as últimas estatísticas e saúde nos níveis global, regional e nacional.
Para acessar o "World Health Statistics 2016" (em inglês): http://www.who.int/gho/publications/world_health_statistics/2016/en/

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Vejam só, a expectativa de vida subiu 5 anos desde 2000!


A vida e seus relativismos

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) publicados hoje, “Entre 2000 e 2015, a expectativa de vida aumentou em cinco anos, evolução mais rápida desde a década de 60” 1. Pois bem, muitas são as formas de se enxergar a questão: avanços da tecnologia na área médica, possível melhoria na qualidade de vida através da prática de atividade física aliada a um modelo de alimentação mais saudável, acesso a novos medicamentos e terapias, enfim... Mas, sejamos realistas sobre o fato de que nem tudo isso está de fato disponível a todos os bilhões de seres humanos. Viver mais seria uma maravilha se no pacote dessa ‘felicidade’ estivesse também à certeza da qualidade, da dignidade cidadã.

Poderíamos, mas nem é preciso ir longe do nosso mundinho, para admitirmos milhares de verdades tão inconvenientes. Muito embora estejamos em pleno século XXI, nossa gente ainda enfrenta desafios seculares como a Tuberculose, a Dengue, a Malária, a Leishmaniose, concomitantemente a outras mazelas terríveis como a AIDS, os diversos tipos de Câncer, o Alzheimer, o Parkinson.  Mas, independentemente daquilo que aflige e adoece a população está o quadro mais triste e perverso do sucateamento da saúde pública no Brasil, que impõe a todos um regime de desassistência e incertezas.

Há muito o direito básico à saúde ficou restrito à legislação, posto que na prática ele não existe. Filas intermináveis, burocracias que promovem o desenvolvimento da corrupção, a carência de insumos essenciais (inclusive para atendimentos de emergência), doentes abandonados à própria sorte em corredores revestidos da frieza institucional... A consciência sobre esses fatos e seus desdobramentos é pública e amplamente divulgada pelos veículos de informação; mas, não representa razão suficiente para indignação e mobilização efetiva por parte dos gestores, da representação política, e nem da parcela da sociedade que depende diretamente dos serviços estatais, na figura de Municípios, Estados e União.

Então, ouvir que a expectativa de vida aumentou parece um deboche, um acréscimo na atual condição de penúria e mendicância do cidadão, que não materializa no seu cotidiano a aplicação dos impostos os quais lhe são cobrados regiamente. Significa, portanto, um arrastar de correntes sem fim, por um longo caminho de abandono e sofrimento; sobretudo, para um povo que está em franco processo de envelhecimento.

Ora, não precisa ser nenhum especialista para dar conta das inúmeras agruras pelas quais são submetidos os idosos no Brasil. Bastam os primeiros fios brancos nos cabelos, a pele um pouco mais enrugada, para que a sociedade se encarregue de excluí-los sumariamente. Na linguagem subliminar das calçadas irregulares, da impaciência dos servidores dos transportes públicos, da investida dos golpes para roubar-lhes a parca aposentadoria, ou seja, da falta de acessibilidade e garantia aos direitos fundamentais. É assim, simples assim, que milhões de brasileiros vão sendo colocados à margem, em um cruel esquecimento social. No fundo, um retrato da sociedade do trabalho que exaure até a última gota o individuo e depois o descarta sem nenhuma preocupação.

Enquanto se fiam as tramas desse horror pós-moderno, a juventude preocupada com o próprio umbigo, alienada pelos ‘encantos’ do mundo virtual e tecnológico se abstém do direito de pensar o próprio futuro e suas demandas.  Esquecem-se de que ‘cada minuto a mais é um a menos’, de que os ponteiros do relógio ao contrário do ser de carne e osso trabalha ininterruptamente e, por isso, envelhecer é inevitável; não seremos sempre os mesmos, inclusive no tocante ao esplendor da força, da beleza, da destreza que nos faz tão incrivelmente ‘superiores’.  Então, o que a raça humana pretende fazer para que possa usufruir desses cinco anos a mais e poder dizer que a vida realmente valeu a pena?

Como disse o personagem Benjamin Button, no filme O Curioso Caso de Benjamin Button 2, Para as coisas importantes, nunca é tarde demais, ou no meu caso, muito cedo, para sermos quem queremos. Não há um limite de tempo, comece quando quiser. Você pode mudar ou não. Não há regras. Podemos fazer o melhor ou o pior. Espero que você faça o melhor. Espero que veja as coisas que a assustam. Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes. Espero que conheça pessoas com diferentes opiniões. Espero que viva uma vida da qual se orgulhe. Se você achar que não tem, espero que tenha a força para começar novamente”.

Lembre-se de que a pura ausência de caráter e personalidade, travestidos de apatia, favorecem a outorga das mais importantes decisões aos outros.  Há milhões de ‘vítimas’ pelo mundo frutos da permanência dessa inação e esse é, com certeza, o maior risco a essa longevidade que se acena para todos nós.