terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Sustentabilidade & Consumo: Os dilemas da energia elétrica!



Xi! Quero só ver desatar esse nó!


Por Alessandra Leles Rocha



Xi! Quero só ver desatar esse nó! Falam tão mal do passado, tratam-no como velharia sem sentido, apontam-no agruras de todos os tipos, pintam-no um quadro de total ausência de progresso e desenvolvimento. Pois é! Mas para quem pensa que ele ouve esses comentários sem contestar, engana-se! Nada de palavrões, murmúrios ou muxoxos; afinal, o passado é bem educado e acredita que exemplos práticos são mais eficazes do que centenas de milhões de palavras.
Desde que ficou de pé, a raça humana não faz outra coisa senão criar moda. Descobriu o fogo, aprendeu a caçar, desenvolveu vestimenta a partir da pele de animais, começou a plantar,... tudo dentro de um processo lento e gradual pautado no equilíbrio entre a necessidade real e a maquinação engenhosa do seu cérebro privilegiado. Foi, foi, foi... até que um dia ele se esqueceu do equilíbrio e deixou a ousadia extrapolar todos os limites; então, cá estamos nós na era da informação, da tecnologia, do virtualismo e, sobretudo, do consumismo.
Sim! O progresso e o desenvolvimento da humanidade nos entorpeceram os sentidos. Não é de se estranhar se esse tal comportamento consumista lembra bastante os efeitos das drogas. Nada mais nos satisfaz o querer por muito tempo; precisamos de mais, mais e mais para ver se um fiapinho de felicidade nos causa arrepio. Com ares de pré-história muita gente considera esquentar a comida no fogão um atraso descomunal, quando basta colocar no micro-ondas para ficar tudo quentinho em fração de segundos. Em dias quentes de verão em que água do chuveiro sai naturalmente em temperatura aquecida, por causa da eletricidade ao alcance das mãos, ninguém mais se lembra de desligar o chuveiro e resgatar os “tempos da vovó”. O velho e bom hábito de escrever cartas e cartões, por exemplo, está à beira da extinção por causa da praticidade do mundo dos computadores... É uma dependência tão absurda que transformamos o cotidiano numa via crucis de fios, tomadas, interruptores, telas “touch screen”, cabos e toda a parafernália eletroeletrônica disponível.
 Apenas nos esquecemos de um mísero detalhe: a grandiosidade de todo esse progresso e desenvolvimento tecnológico, o qual tanto nos traz comodismo e certa agilidade no mundo contemporâneo, surgiu intimamente dependente dos recursos naturais. É! Minerais que compõem a cadeia de elementos constituintes do sistema eletroeletrônico, o plástico oriundo do petróleo e que hoje representa um dos principais materiais utilizados na indústria, a água e o carvão mineral dos quais se obtêm a energia elétrica para uso individual e coletivo. Bem, mas em se tratando da Natureza, todo cuidado deveria ser dispensado; afinal, já se sabe, ou pelo menos deveríamos saber, as reservas são finitas!
A vida não para, a população continua a crescer, o tempo corre e o progresso para não ficar para trás seguiu o fluxo; mas, aqui no Brasil, só nos demos conta da crise energética lá pelos anos 2000. Foi um chororô só, quando anunciaram que seria preciso racionar energia! Mas, para não ter que pagar pelo excedente, todo mundo seguiu a cartilha do racionamento direitinho! Lâmpadas incandescentes substituídas por fluorescentes, banho contado no relógio, adeus as “chapinhas” e secadores de cabelo, nada de micro-ondas, freezers desligados, ar condicionado só em situações extremas, eletrodomésticos antigos e altos consumidores de energia substituídos por novos com tecnologia sustentável,... enfim, uma longa lista de boas mudanças de hábito.
Mas, como a alegria da Natureza dura pouco, logo após o “susto” do racionamento começaram a ressurgir as notícias da construção de novas hidrelétricas e termoelétricas (que ajudam, mas são de altíssimo custo o qual é repassado nas tarifas aos consumidores), fazendo transparecer que o risco de racionamento havia desaparecido como em um passe de mágica: apagões nunca mais! Voltamos a gastar como antes, ou até pior, e nos esquecemos de olhar para o Meio Ambiente!
Não precisa ser expert em ambientalismo para ver a mudança climática que vem se desenvolvendo ao longo dos anos caracterizada por catástrofes inimagináveis. No caso das águas o desequilíbrio é total, graças ao derretimento das calotas polares, ao aquecimento das aguas oceânicas e a alteração dos regimes pluviométricos em todo o planeta. Já se fala abertamente sobre uma eventual escassez hídrica no mundo; então, sem água não há como produzir energia elétrica.
Por incrível que pareça a decisão sobre o futuro energético do planeta não está apenas nas mãos governamentais, ela está principalmente em nossas mãos, nos nossos hábitos. O governo brasileiro, por exemplo, pode até favorecer a criação de novas fontes de energia elétrica a partir da energia solar e eólica, tão abundantes em nosso território tropical; mas, se não nos conscientizarmos individualmente sobre o modo que estamos conduzindo nosso consumo, nada adiantará, pois estaremos retirando “água da canoa com dedal”!
No final de dois mil e doze a população recebeu a noticia da redução no valor da tarifa de energia elétrica a partir do ano seguinte 1. Agora, já em dois mil e treze, recebemos a notícia de que os reservatórios de água que abastecem as usinas estão muito abaixo dos limites necessários e que a utilização das termoelétricas têm sido inevitável 2. Para fugir da crise econômica mundial, o Brasil precisa movimentar a engrenagem produção e consumo; só que, para tal, depende do equilíbrio na disponibilização da oferta de sua reserva de energia elétrica. Como se configura o quadro atual, talvez só haja êxito se a população for conclamada a fazer sua parte e reduzir o consumo, ou melhor, aprender a consumir apenas o que for estritamente necessário. Entretanto, dessa vez não seria apenas uma medida em curto prazo, mas já se pensado na sustentabilidade do país e da população em médio e longo prazo, porque ou usamos a luz da razão ou ficaremos no escuro graças às trevas da ignorância!


domingo, 6 de janeiro de 2013

Crônica da Semana!!!



Na corda bamba


Por Alessandra Leles Rocha


Uma notícia aqui, outra ali. Fatos ocorridos à luz de nossos olhos. Então, de repente, torna-se impossível não parar para refletir e até se tomar por um sentimento de desânimo e tristeza 1. Apesar de todo ano ser uma caixinha de surpresas, um sobe e desce de emoções e acontecimentos, há certas coisas que não se alteram do ponto de vista prático da vida; compras no supermercado, arrumações na casa, rotina de trabalho,... e o pagamento mensal das despesas fixas (água, luz, telefone, plano de saúde etc.etc.etc.) e dos impostos.
Ah! Os impostos!... Pesquisas já mostraram que nós, brasileiros e brasileiras, despendemos alguns meses do ano em trabalho apenas para o pagamento da elevadíssima carga tributária 2. Pagamos, pagamos, pagamos e no fim das contas vemos tão pouco restituído em nosso benefício 3.
Não sou especialista em economia e finanças; mas, sou boa observadora do que acontece ao meu redor e, talvez, por isso tantas questões me intrigam e ficam sem uma resposta satisfatória. Ano a ano divulgam os órgãos governamentais os índices de inflação do país. Há quem diga que ela está sob controle... 4 Mas, basta uma breve corrida ao mercado para descobrir o “milagre da multiplicação dos preços” de uma semana para outra ou solicitar a visita de um prestador de serviços 5! Então, por que será que a carestia aponta uma elevação bem superior aos dados divulgados?!
Fala-se muito sobre esforços em combater a miséria no país; mas, basta sair dela para perceber o peso da carga tributaria a incidir sobre o cotidiano do cidadão. Cada degrau que se tenta subir na pirâmide social a mordida do fisco fica mais dolorosa, especialmente no que diz respeito ao recolhimento do imposto de renda na fonte 6.  Para começar, desde quando salário significa renda?! Ora, salário é a paga recebida pelo exercício de uma função que visa exclusivamente à manutenção das necessidades básicas do trabalhador (alimentação, moradia, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social), não um valor a ser acumulado ao longo do tempo para consolidação de riqueza. Renda, ao meu modo de entender, significa aquilo que representa acúmulo de bem por si só ou por constante valorização ao longo do tempo, como por exemplo: aplicações financeiras, ações na bolsa de valores, imóveis para aluguel. Mas, aqui na terra Brasilis, não há choro e nem vela, mensalmente o desconto do IR está descrito no contracheque e no ano seguinte, o contribuinte ainda é obrigado a fazer uma “declaração de ajuste” para ver se não é possível tirar dele um bocadinho mais. Por essas e por outras, já faz algum tempo que a estratificação social do país vem achatando, ou melhor, fundindo e extinguindo algumas classes 7; com a menor capacidade de contribuição do IR ocorre inevitavelmente uma sobrecarga aos poucos que podem fazê-la 8.
Nessa corrida de gato e rato para se manter nos trilhos, a população só faz exaurir as próprias forças, lutar contra as marés. Não vemos o poder de compra ampliar com segurança, mas vemos a capacidade de endividamento entornar; afinal, sobra mês e falta salário para dar conta do recado. É! Um “recado” que deveria estar sendo oferecido, de forma satisfatória, pelo próprio Estado; pois, não está escrito na Constituição Federal de 1988 que “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”, então?! Pagamos dobrado, triplicado, pelo mesmo serviço porque pagamos através dos impostos e de forma direta e individual; por isso, a conta sempre fecha no vermelho.
Até quando equilibraremos a nossa sobrevivência e a do Estado é difícil precisar! A pressão da conjuntura social e econômica do país, bem como do mundo, nos comprime cada vez mais. Já passou da hora de rever as práticas, de sanear as contas, de estancar os desperdícios e de gerir os recursos de maneira responsável para que não havemos de assistir por aqui a explosão de uma “bolha econômica”, como aconteceu nos Estados Unidos e diversos países da Europa 9.





terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Crônica da semana!!!



E quem disse que não há de ser um bom ano?!


Por Alessandra Leles Rocha


E quem disse que não há de ser um bom ano?! É só reparar que chegamos a dois mil e treze sem sinais de chuva, emoldurados por um céu enluarado e muitos, muitos fogos de artifício explodindo em pontinhos coloridos as esperanças. Se for possível enumerar outros bons sinais, os noticiários nos foram “amigos” e trouxeram nesse primeiro dia mensagens bem mais alegres do que tristes!
Sim, ainda estamos nas primeiras vinte e quatro horas; o mundo não mudou de lugar, a vida segue sua rotina, a ressaca nos deixa um pouco mais preguiçosos; mas... mas, a atmosfera parece de fato bem diferente! O novo ano transpira esperança e trabalho!
Ao costumeiro ditado popular “em que o ano no Brasil só começa após o Carnaval”, a exceção tomou lugar à regra! Pelo país afora as cidades deram, hoje, posse a suas novas lideranças no Executivo e no Legislativo 1. Hora de arregaçar as mangas e trabalhar para tornar concretas as propostas que inspiraram a confiança da população!
O salário mínimo, ainda é mínimo, mas chega reajustado de R$622,00 para R$678,00 2. É! Não deixa de trazer esperança de que um dia chegue realmente a satisfazer os quesitos da sua proposição ideal, ou seja, suprir as necessidades básicas (alimentação, moradia, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social) do trabalhador e sua família, conforme estabelece a Constituição de 1988 3.
Nas universidades federais as férias costumeiras cederão lugar à continuação de mais um semestre letivo na próxima semana, em razão da desgastante greve do funcionalismo público federal 4. Sai o descanso, entra o estudo; especialmente para aqueles que estavam tão perto de concluir a graduação ainda no ano velho!
Nos canteiros de obras não falta o que fazer! Estádios, aeroportos, hotéis, moradias, escolas, hospitais ... é vida que segue rumo aos grandes acontecimentos dessa década no país 5. A grande engrenagem a movimentar a sociedade e a economia, quando une os diversos segmentos em prol de manter ativo o desenvolvimento e afastar os riscos das intempéries econômicas que continuam a soprar...
E tanta esperança só faz sentido porque várias de suas sementes (pare para fazer uma retrospectiva para identificá-las! 6) germinaram no ano que passou! Então, não havia como chegarmos diferentes nesse novo ciclo! Do micro ao macro houve uma revolução nos pensamentos, nos sentimentos, nos paradigmas, nas ações! É claro que ela não veio sozinha; esperança pede trabalho! Teremos que agir, atuar, nos movimentar em favor das nossas esperanças; mas, isso é genial! Nada daquela rotina maçante, daquele esperar vazio no horizonte. Será um ano de comemoração, de celebração do que a subjetividade de um sentimento múltiplo, como é a esperança, é capaz de materializar na transformação positiva da sociedade, a partir de cada um de seus elementos. Ainda que sejamos “tocados” de modo diferente pelas conjunturas da vida, a síntese será em favor da coletividade, da sobrevivência, do bem comum. Bem vindos a dois mil e treze!