quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Instituição inglesa ajuda deficientes intelectuais a viver de forma independente


Há 60 anos, uma mãe buscou auxílio do governo para criar e educar o filho deficiente intelectual e não teve um retorno satisfatório. Em seguida escreveu uma nota ao jornal pedindo que outras mães, na mesma situação, entrassem em contato para compartilhar vivências. Com o passar das décadas, esse grupo de mães se tornou uma séria organização inglesa chamada "MENCAP - a voz da deficiência intelectual".
Hoje, a instituição emprega oito mil funcionários em toda Grã-Bretanha e auxilia milhares de pessoas com deficiência intelectual a viver de forma independente, dentro das possibilidades. “Um teste é feito inicialmente para identificar o nível de deficiência da pessoa e, de acordo com o resultado, é estudada a melhor forma de auxiliá-la”, explica o diretor-executivo, Mark Goldring.
O Governo Britânico não possui um departamento específico e paga a organização para exercer funções de assistência social. Em casos de pacientes que necessitam de visitas regulares em casa, como por exemplo, para pagar contas ou tomar medicamentos. As visitas podem variar de 1h por dia ou 1h a cada duas semanas. Em caso de pacientes que necessitam de auxílio 24h, a MENCAP tem casas de apoio para até 12 pacientes.
Mark explica que a acessibilidade em Londres é de muita qualidade. “Caso precise de uma rampa de acesso à entrada do seu prédio é só ligar na prefeitura que no dia seguinte a rampa está lá”, conta. Mas, segundo ele, quando o assunto é facilitar a vida de deficientes intelectuais não é tão simples assim.
O Diretor-Executivo afirma que estão sempre em contato com o governo. Encaminhando projetos, pesquisas e estudos sobre como a legislação deve ser para melhorar a vida dos deficientes. Para as olimpíadas, sugeriram a adaptação de cartilhas, que seriam lançadas especificamente para os jogos, com uma linguagem mais simples (Easy-Read/Leitura-Fácil). Entretanto, o pedido foi negado, pois o governo disse que seria oneroso aos cofres públicos.
Além da parceria com o governo, a MENCAP tem programas próprios. A ideia central é oferecer todo tipo de serviço que uma pessoa deficiente necessita para levar uma vida “normal”. Educação especializada, clubes de dança ou prática de esporte (mantidos por voluntários), concertos, serviço de 0800, preparação para entrar no mercado de trabalho, auxílio para realização de tarefas diárias, entre outros.

Educando e dando exemplos
Já que exemplo se dá em casa, a MENCAP tem no quadro de funcionários pessoas com deficiência, como a Ciara. Ela está na organização há 13 anos e hoje trabalha em dois setores. Inclusive é representante da Grã-Bretanha na associação de Inclusão Internacional, que reúne e troca informações sobre inclusão no mundo todo.
Assim como no Brasil, o sistema de ensino na Inglaterra não chegou a uma decisão sobre o que é melhor para a educação de uma pessoa com deficiência mental. Mark entende que ‘cada caso é um caso’. Ciara acredita nas escolas especiais e divide sua experiência: “Pra mim, foi melhor estudar em uma escola especializada. Os professores explicavam tudo no meu ritmo e dessa forma eu progredi muito e estudei até a faculdade. Mesmo assim, quando terminei os estudos e decidi procurar emprego, foi muito difícil. As entrevistas sempre tinham perguntas muito longas e de difícil compreensão. Foi quando me indicaram a MENCAP e eu comecei a trabalhar”.