quinta-feira, 19 de setembro de 2024

ABALAR. ESTREMECER. ATINGIR. DESORGANIZAR. DESESTRUTURAR. PERTURBAR. ALTERAR. DESARRANJAR. DESORDENAR. DESEQUILIBRAR.

ABALAR. ESTREMECER. ATINGIR. DESORGANIZAR. DESESTRUTURAR. PERTURBAR. ALTERAR. DESARRANJAR. DESORDENAR. DESEQUILIBRAR.

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Não há coincidência. Desestabilizar é a palavra de ordem da ultradireita ao redor do mundo. Sim, ela quer se reafirmar no cenário geopolítico pela beligerância desrespeitosa e virulenta.  

Olhando à primeira vista, nada dialoga com nada. Mas, um pouco de atenção, para perceber que os focos de tensão e instabilidade se conectam em nome de um mesmo objetivo.

Há um projeto de lei, na Câmara dos Deputados, que pode aumentar a circulação de opioides no Brasil, como se desconsiderasse, por completo, a epidemia existente nos EUA, por conta desse tipo de medicação, que já matou mais de 100.000 norte-americanos, só em 2021.

Há a situação das casas de apostas virtuais, conhecidas como bets, cuja displicência das autoridades já consolida um problema de saúde mental, no país. Além de gerar repercussões sociais que vão desde o endividamento profundo entre apostadores, especialmente, de baixa renda, até a cooptação de menores de idade para o vício em jogos de azar, ampliando as fronteiras da ludopatia nacional.

Há o terrorismo ambiental instituído pela onda de queimadas criminosas, Brasil afora. Aproveitando-se do conhecimento sobre os efeitos da situação extrema do clima, comumente presente nesse recorte temporal anual, indivíduos vêm promovendo focos de incêndio, os quais rapidamente se alastram e ganham proporções gigantescas.   

Há o recrudescimento das campanhas difamatórias contra o Brasil, no cenário internacional, fomentado, principalmente, pelas atitudes provocativas, insultuosas e de total de desacato às instituições e à legislação brasileira, por um empresário multimilionário, naturalizado norte-americano.

Esses quatro exemplos, então, demonstram bem as intenções da teia internacional de ultradireita. O que querem é tensionar o Brasil em nome dos seus interesses político-econômicos, sob um espectro imperialista internacional.  Ao estabelecer diferentes alvos de injúria, no Brasil, eles querem impedir uma reposta jurídica mais efetiva e contundente, como, por exemplo, a aprovação de uma regulamentação das mídias sociais.

Desse modo, a bandeira da liberdade de expressão hasteada pelos membros e simpatizantes da ultradireita é pura falácia! O grande objetivo dessa teia internacional é retomar seus espaços absolutos de poder, e para tal, eles almejam uma desconstrução do ordenamento jurídico e institucional, para que possam instituir suas próprias bases ideológicas.

O que significa que não estão, minimamente, preocupados em relação ao esgarçamento do tecido social que estão promovendo. Aliás, historicamente a ultradireita se compraz na ideia desagregadora da sociedade, na construção das polarizações, na desunião dos indivíduos.  Como escreveu George Orwell, “A consciência de estar em guerra, e portanto em perigo, faz parecer natural a entrega de todo poder a uma pequena casta”.

Assim, ao incutir o pensamento de liberdade, sob a perspectiva de cada indivíduo, a ultradireita faz emergir uma liberdade totalmente enviesada, desigual. Afinal, não somos cópias idênticas e os pontos de vista sobre uma mesmo assunto, também, não são. Assim, o que é liberdade para um, pode não ser para o outro. De modo que os muros começam a ser erguidos e a sociedade a se fragmentar, como já aconteceu em outros recortes da história.