Entendeu
ou preciso desenhar???
Por
Alessandra Leles Rocha
Chega! Já deu! Passou da hora de
demonstrar uma gota que seja de maturidade cidadã diante da crise que se
arrasta. Por mais contornos de imprevisibilidade que resida na sua essência,
não seria difícil imaginar que qualquer vento de cauda retiraria o país dos
eixos. Afinal, muito antes do COVID-19, nada estava efetivamente em ordem para
o enfrentamento de quaisquer desafios; nem finanças, nem empregos, nem saúde,
... nada.
E sendo a Pandemia uma crise de
ordem mundial, se os mais preparados já arrancaram os cabelos da cabeça, o que
diremos de nós pobres criaturas. Embrulhados
nas amarras globalizadas e globalizantes do mercado, um espirro deles é
internação, na certa, por aqui. Portanto, caberia na lógica do bom senso,
caminhar na mira do traçado que seguem os demais, a fim de se evitar o máximo
de contratempos possíveis. Mas, não tem sido essa a realidade...
Desajustado dentro de uma espiral
caótica de irresponsabilidade e ausência de planejamento estratégico, o país
rodopia pelos ralos da Pandemia. Reproduzindo
o provérbio, dizem alguns que ele está “mais
perdido do que cego em tiroteio”, porque além de não sair do lugar, nada
parece dar certo. Assim, vai ficando cada vez mais isolado e distante de
encontrar uma luz no fim do túnel. E “quem
não escuta cuidado, escuta coitado”... Agora, ficam nessa histeria coletiva,
encenando um “cabo de guerra”, como nos tempos da escola; o que não leva
ninguém a lugar nenhum, mais uma vez.
Esquecendo-se dos imbróglios que
já se arrastavam anteriormente e olhando de maneira fixa para o início da
Pandemia, há pouco mais de 9 meses que quem dá as cartas é o COVID-19. Ele está
batendo de 7x1 na seleção do mundo, haja vista o terceiro lockdown imposto pelo Reino Unido, no dia de hoje; mesmo em franca
vacinação, mesmo com todo planejamento traçado, mesmo com todos os recursos
disponíveis. Porque o danado invisível é esperto que só! Está se transformando
numa rapidez que está colocando a Ciência com a língua para fora, na tentativa
de superá-lo.
Ele é mais ele. Na sua linha de raciocínio
tanto faz se a economia vai mal ou vai bem. Se milhões irão morrer. Ele quer se
reproduzir, se manter vivo e ativo, só isso. Até faz lembrar alguns governos
que se baseiam em olhar apenas para si e causam uma destruição enorme. Matam sonhos.
Matam esperanças. Matam pessoas no contexto da sua dignidade humana. Enfim...
Quem não se lembra dessa fala no
filme Matrix 1? “Eu gostaria de te contar uma revelação que eu tive durante o meu tempo
aqui. Ela me ocorreu quando eu tentei classificar sua espécie e me dei conta de
que vocês não são mamíferos. Todos os mamíferos do planeta instintivamente
entram em equilíbrio com o meio ambiente. Mas os humanos não. Vocês vão para
uma área e se multiplicam e se multiplicam, até que todos os recursos naturais sejam
consumidos. A única forma de sobreviverem é indo para uma outra área. Há um
organismo neste planeta que segue o mesmo padrão. Você sabe qual é? Um vírus. Os
seres humanos são uma doença. Um câncer neste planeta. Vocês são uma praga. E nós
somos a cura. ...” (Agente Smith – Matrix). Pois é...
Enquanto isso, o país se permitiu
ao longo de todos esses meses estabelecer um “efeito sanfona” de
flexibilização, cujo padrão absurdamente heterogêneo conseguiu garantir a
viabilidade de disseminação viral. De modo que mais de 190 mil cidadãos brasileiros
morreram até agora. Mais de 7 milhões foram contaminados. Inúmeros casos de
reinfecção. Desdobramentos variados com quadros de sequelas graves. Sem contar uma
economia patinando em um cenário global de incertezas e de demandas, acrescidas
de uma das piores crises ambientais promovidas no país. Desmatamentos e incêndios
devastaram hectares e hectares da Floresta Amazônica, do Pantanal e do Cerrado,
impactando severamente a fauna, a flora e os recursos hídricos nessas regiões. É pouco ou quer mais?
Nem diante desse cenário horroroso
fez-se mover as peças do tabuleiro. Corrijo, a falta de soluções se expandiu e
na contramão, eis que parte da sociedade decidiu trabalhar em desfavor do país,
como se nada estivesse acontecendo aqui ou em qualquer lugar do planeta. Aglomerações.
Muitas. Variadas. Fake News sobre as possíveis vacinas. Mobilizações contra as
medidas de isolamento social. Guerra ao uso de máscaras. Quase que um surto
paralelo de “Napoleões de Hospício”.
Mas, brincadeiras à parte, a
situação é gravíssima. Método não é um princípio exclusivamente científico;
mas, de vida. Não dá para fazer as coisas do fim para o começo. Senso lógico,
senso crítico, senso prático são premissas fundamentais para se alcançar os
objetivos, para solucionar as demandas. Se o país sem Pandemia já necessitava
de método, com ela esse trato é fundamental. É preciso parar com esse “diz que me disse” infernal e assumir
uma postura de país responsável e ativo. Com tantos sobressaltos e
descompassos, o Brasil realmente “não consegue respirar”. E como sabemos...
quem não respira morre. Então...