domingo, 10 de junho de 2018

"O amor é a força mais sutil do mundo". Mahatma Gandhi

Eis que, de repente...



Por Alessandra Leles Rocha



Na doce magia do inusitado está o amor. No “de repente” das esquinas da vida a surpresa nos toma de assalto. Um olhar. Um sorriso. Um esbarrão. Às vezes, até uma discussão. E quando menos se espera, ele chega para arrebatar.
Por isso, considero uma bobagem imensa tentar definir quaisquer sentimentos, especialmente o amor. Qual a necessidade de palavras? De explicações? De significado?  Amor é para ser sentido. Ser amado. E só.
E esse “só” não é pouca coisa não. Aliás, é o que nos molda a essência. Amar como sabemos amar é algo próprio da raça humana. Talvez, por isso, seja tão confuso, tão complexo, tão maravilhoso, tão... Capaz de interferir de maneira tão intensa no nosso organismo que, em algumas vezes, chega a doer. Pode ser dor de saudade. De alguma discussão. De coração partido. Doer muito ou pouco.
Mesmo assim, o simples fato de amar já traz uma significância imensa para nossa existência. Afinal, quem passa pela vida há de ter amado ao menos uma vez. Porque concordando ou não, amar é uma necessidade. Todos nós precisamos de amor, ainda que expresso de formas e contextos diferentes. E isso não nos torna piegas, coisíssima nenhuma!
Se despojar das armaduras, das couraças do cotidiano e se permitir ser mais leve, mais suave, mais doce deve ser direito e dever de cada um. Nas singularidades que nos constituem a intensidade que imprimimos ao nosso amor também não cabe e nem merece reprovações. Por que protocolizar, burocratizar os sentimentos? Somos o que somos. E os sentimentos advêm disso. Não cabe idealizar, projetar, pensar que pode encaixar o (a) outro (a) dentro das suas expectativas e você nas dele (a).
Mas, enquanto milhões de pessoas se escondem na blindagem virtual como mecanismo de mediação e controle da exposição dos sentimentos, do seu amor, a vida desbota a sua intensidade. Vamos nos tornando bem menos do que na verdade somos, estabelecendo perfis que tentam “agradar”, mascarando nuances que nos são tão próprias. Sem nos darmos conta de imediato, essas amarras são muito mais dolorosas do que o próprio amor, porque elas nos fazem desaprender a relacionar, a conviver intimamente com o outro.
Os sentimentos precisam do toque, do olhar, do afago, do riso, da presença. Se assim não fosse, não teríamos o menor problema em lidar com as perdas; sobretudo, com a morte. Estar com é um princípio fundamental na nossa concepção humanitária, porque é a forma de tecer os laços no dia a dia, de aprender com as semelhanças e com as diferenças. Por isso sentimos falta, saudade, vontade de estar com o outro.
Se hoje tudo parece fácil, conecta aqui, desconecta ali, inclusive no campo das relações humanas; a grande verdade é que apesar de vivermos em uma sociedade de consumo, os seres humanos não são mercadoria. Conscientes ou não, todos querem ser amados, além das aparências ou quaisquer senões, e para isso é necessário tempo e disposição para se conhecer, para conviver. Portanto, o amor não está fora de moda; caso contrário, não haveria tantas pessoas em busca de um amor.
O fundamental é estar aberto as possibilidades. Deixar acontecer. Se permitir. Deixar o coração bater mais forte. Deixar a razão se perder em sonhos. Deixar a alma transcender o infinito. Não sabemos todas as perguntas que a vida nos fará. Nem todas as respostas que teremos que oferecer. Mas, de uma coisa todos nós temos certeza, de que podemos amar hoje, sempre, muito. 


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