terça-feira, 3 de abril de 2018

Pare. Leia. Reflita.

O que mancha a imagem de um país é...



Por Alessandra Leles Rocha




A desigualdade flagrante, na qual os direitos e os deveres dos cidadãos são definidos a sombra de milhões de pesos e medidas.
A justiça atrasada que não faz justiça; mas, só acentua a injustiça qualificada e manifesta 1.
A desassistência dolosa que esfacela os direitos humanos fundamentais.
O desemprego que afeta a dignidade em nível mais aviltante do que a própria sobrevivência.
A fragilidade da educação que ao não cumprir o papel de ensinar, tampouco favorece a construção de uma cidadania forte e consciente.
A deturpação da política, quando a transforma em profissão vitalícia ao invés de mecanismo temporário de representação social.
A reafirmação contínua da corrupção, como status do comportamento nacional, por meio dos precedentes, das prerrogativas, das exceções.
O imobilismo administrativo que fracassou o passado interrompe o presente e nega aspirações ao futuro.
A morte nossa de cada dia que nem ao menos se preocupa com os desdobramentos dessa orfandade social a se instalar.
A incapacidade de se enxergar nação responsável individual e coletivamente. ...
Enfim, para entender essa mancha talvez tenhamos que nos debruçar sobre as considerações do trabalho de Michel Foucault2 a respeito das “estruturas de poder”; pois,  segundo ele, elas são criadas para reprimir e domesticar o corpo social, instalando sutis, mas eficazes formas de sujeição e alienação, a fim de garantir a perpetuação dos privilégios e o controle do poder dos grupos sociais dominantes.


1 Referência à citação de Rui Barbosa – “A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta”.