O
que mancha a imagem de um país é...
Por
Alessandra Leles Rocha
A desigualdade flagrante, na qual os direitos e os
deveres dos cidadãos são definidos a sombra de milhões de pesos e medidas.
A
justiça atrasada que não faz justiça; mas, só acentua a injustiça qualificada e
manifesta 1.
A desassistência dolosa que esfacela os direitos
humanos fundamentais.
O desemprego que afeta a dignidade em nível mais
aviltante do que a própria sobrevivência.
A fragilidade da educação que ao não cumprir o
papel de ensinar, tampouco favorece a construção de uma cidadania forte e
consciente.
A deturpação da política, quando a transforma em
profissão vitalícia ao invés de mecanismo temporário de representação social.
A reafirmação contínua da corrupção, como status
do comportamento nacional, por meio dos precedentes, das prerrogativas, das
exceções.
O imobilismo administrativo que fracassou o
passado interrompe o presente e nega aspirações ao futuro.
A morte nossa de cada dia que nem ao menos se
preocupa com os desdobramentos dessa orfandade social a se instalar.
A incapacidade de se enxergar nação responsável individual
e coletivamente. ...
Enfim, para entender essa mancha
talvez tenhamos que nos debruçar sobre as considerações do trabalho de Michel Foucault2
a respeito das “estruturas de poder”; pois, segundo ele, elas são criadas para reprimir e domesticar
o corpo social, instalando sutis, mas eficazes formas de sujeição e alienação,
a fim de garantir a perpetuação dos privilégios e o controle do poder dos
grupos sociais dominantes.
1 Referência
à citação de Rui Barbosa – “A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça
qualificada e manifesta”.