2018
– transforme em ação
Por
Alessandra Leles Rocha
Ok. Mais uma vez o
ciclo se repete. Os primeiros passos rumo ao novo ano já foram dados. Mas, onde
está a euforia, a lista de planos, os sonhos e tudo mais que fazia parte desse
movimento anual? Parece que estamos mais contidos dessa vez, não é mesmo?
Não consigo precisar
até que ponto esse “pé atrás” seja bom ou ruim; mas, esse despertar de
consciência é sim, um indicativo da nossa evolução humana, no que diz respeito
ao nosso velho e bom instinto de sobrevivência da espécie.
Depois de tantos anos,
tantos espumantes brindados, tantos votos e promessas de felicidade, finalmente
nós estamos entendendo que por detrás de tudo isso está à força das nossas
ações, dos nossos trabalhos, do nosso querer.
Segundo o poeta Carlos
Drummond de Andrade, “Para ganhar um Ano Novo /que mereça este
nome, /você, meu caro,/tem de merecê-lo,/ tem de fazê-lo novo, / eu sei
que não é fácil, / mas tente, experimente, consciente. /É dentro de
você que o Ano Novo/ cochila e espera desde sempre” 1.
Como as conjunturas do
Terceiro Milênio não têm sido nada amenas com as nossas displicências
existenciais, com a nossa arrogância e mania de grandeza, a todo instante um
puxão de orelhas aqui e outro ali nos obrigam a ser mais responsáveis consigo e
com o mundo, apontando com clareza como é firme aquela tal lei da “Ação e
Reação”.
De repente ficou perceptível
como o futuro se constrói no presente. Que o amanhã é todos os dias. Que não é
possível abdicar ou terceirizar a vida, os sonhos, os deveres... Para viver é
preciso ser protagonista da própria história, repercutindo de modo bastante
positivo nos caminhos coletivos da sociedade.
Chega de pensar que a
vida é só uma festa! Ninguém chega a esse mundo despido de obrigação; cada um
tem o seu quinhão, a sua parcela. Isso significa que depende de mim, de você,
de todos nós a construção de um mundo melhor, de uma sociedade que seja digna
de coexistir em paz e harmonia.
Aliás, redescobrir a
nossa capacidade humana de pensar é o grande desafio para o sujeito
pós-moderno. Quando retomamos o nosso direito de refletir pela própria cabeça,
assumindo os nossos pontos de vista e entendimentos da vida, oportunizamos a
construção de um projeto de futuro muito mais verdadeiro e consistente.
A velocidade com a qual
a sociedade industrial teve sua essência individual consumida nos dois últimos
séculos fez com que as mazelas sociais se tornassem frutos de um processo de
subserviência e doutrinação animal: “seu mestre mandou...” Mas quem é ele? Por
que obedecê-lo? Por que fazer assim e não de outro modo? Ninguém mais sabe a
resposta ou se preocupa em responder, porque deixou de pensar.
Assim, desejo que 2018
seja um ano de reafirmação de nosso processo catártico, para que sejamos
efetivamente capazes e livres para nos reapropriarmos da vida, da razão e da
sensibilidade. Como disse o escritor e ensaísta
britânico, Gilbert Keith Chesterton 2,
“O objetivo de um ano novo não é que
nós deveríamos ter um ano novo. É que nós deveríamos ter uma alma nova”.