UNAIDS: Mais
investimentos podem evitar centenas de milhares de mortes por HIV até 2020
Em junho deste ano será realizada uma reunião sobre o fim da
epidemia de HIV no mundo. Para o UNAIDS, caso os Estados-membros aumentem
recursos usados no combate à doença, número de novos infectados pode cair de 2
milhões por ano para menos de 500 mil até 2020.
No último
dia 2 de março, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS)
deu início a uma contagem regressiva de 100 dias rumo à Reunião de
Alto Nível da Assembleia Geral da ONU sobre o fim da epidemia de HIV. O
encontro vai reunir Estados-membros em junho desse ano. Até lá, a agência das
Nações Unidas vai promover debates junto a governos, empresas e à sociedade
civil. O objetivo é alertar sobre a importância da adoção do plano de
Aceleração da Resposta à doença.
A estratégia
elaborada pelo UNAIDS prevê a redução do número de pessoas infectadas pelo HIV,
de 2 milhões em 2014 para menos de 500 mil em 2020. O plano também espera
diminuir, significativamente, o número de mortes causadas pela Aids, de 1,2
milhão em 2014 para menos de 500 mil em 2020. Outro ponto fundamental do
projeto é o fim da discriminação contra pessoas vivendo com o vírus HIV.
“Nos
próximos cinco anos, temos uma curta janela de oportunidade para mudarmos a
marcha e colocarmos a resposta global ao HIV em linha com a Aceleração da
Resposta para acabar com a epidemia de Aids”, disse o diretor executivo do
UNAIDS, Michel Sidibé. “Essa reunião será fundamental para aproveitar o que construímos
até o momento e assegurar o compromisso global de acabar de vez com a
epidemia.”
Em 2015,
cerca de 21,7 bilhões de dólares foram investidos em ações de combate à Aids,
em países de baixa e média renda. Para que as metas da Aceleração da Resposta
sejam alcançadas, orçamentos devem aumentar em 40% até 2020.
A última
Reunião de Alto Nível sobre o tema ocorreu em 2011, quando líderes mundiais
definiram um objetivo ambicioso: garantir o acesso a antirretrovirais para 15
milhões de pessoas até o final de 2015.
No ano
passado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, informou que a meta já havia
sido alcançada e ultrapassada em meados de 2015, com quase 16 milhões de
indivíduos recebendo o tratamento. O número representa o dobro do registrado em
2011.
Agora, a
comunidade internacional deve se empenhar em manter essas conquistas e buscar
novos avanços, tanto para 2020, quanto para 2030, quando serão avaliados os
progressos obtidos com os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O plano do UNAIDS determina a realocação de recursos para os lugares onde eles
sejam mais necessários, assegurando que as populações mais afetadas pelo HIV
sejam alcançadas por serviços de saúde.
“Estamos em
um momento crítico na resposta à epidemia de Aids”, afirmou o presidente da
Assembleia Geral, Mogens Likketoft. “Todos os Estados-membros devem trabalhar
em conjunto sobre uma forte declaração política que crie as condições
necessárias para a Aceleração da Resposta e acabe com a epidemia da AIDS até
2030.”
Parceria
para cumprir metas de tratamento
O UNAIDS e a
iniciativa ‘Um Milhão de Trabalhadores Comunitários da Saúde’ anunciaram em fevereiro uma parceria para cumprir as metas de
tratamento contra a Aids, chamada 90-90-90, e estabelecer as bases para a saúde
e desenvolvimento sustentável.
Os objetivos
do tratamento são que, até 2020, 90% das pessoas vivendo com HIV estejam
diagnosticadas; que 90% deste grupo esteja retido em tratamento; e que 90% das
pessoas em tratamento alcancem o nível indetectável para sua carga viral. A
parceria foi concretizada em Adis Abeba, Etiópia, em reunião com oito ministros
da saúde da África e outras partes interessadas.
Para
alcançar essas metas, o número de pessoas realizando tratamento antirretroviral
terá que quase dobrar ao longo dos próximos cinco anos, e a quantidade de
trabalhadores de saúde com serviços nesta área também precisará aumentar.
“O fim da
AIDS está ao nosso alcance e agentes comunitários de saúde irão desempenhar um
papel fundamental na capacitação das comunidades para acabar com as as mortes
por Aids e para quebrar a transmissão do vírus”, afirmou o conselheiro especial
do secretário-geral da ONU sobre os ODS, Jeffrey Sachs, que reafirmou ainda o
compromisso de colocar o desafio no centro da agenda dos novos objetivos
globais da ONU.
Agência pede
20 bilhões de preservativos até 2020
A estratégia
UNAIDS 2016-2021 estabeleceu também em fevereiro o objetivo de expandir a
oferta anual de preservativos para 20 bilhões até 2020 em países de baixa e média renda e
aumentar o uso de preservativo nas relações sexuais com parceiros não
regulares, atingindo os 90%.
Os
preservativos são 98% eficazes na prevenção de doenças sexualmente
transmissíveis, ou DST. Segundo o UNAIDS, mais de 1 milhão de pessoas contraem
DSTs no mundo por dia, e anualmente, 80 milhões de casos de gravidez indesejada
são notificados.
“Investir em
preservativos salva vidas. É inaceitável que tantas pessoas sejam infectadas
com o HIV e com infecções sexualmente transmissíveis por que não têm acesso a
algo tão fácil de usar, eficaz e de baixo custo como preservativos”, afirmou o
diretor executivo adjunto do UNAIDS, o brasileiro Luiz Loures.
Cerca de 50
milhões de infecções de HIV foram evitadas devido ao uso do preservativo desde
1980. Apesar do aumento da prevenção, o número de pessoas com preservativos em
relações sexuais com parceiros não regulares, dependendo do país, variou de 80%
para menos de 30%.
O UNAIDS,
juntamente com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e outros
parceiros, apoia novos investimentos em programas que se dirijam à prevenção e
ao aumento do uso dos preservativos em países com maior incidência de DSTs.