Leda
Letra, da Rádio ONU em Nova York.*
A seca
recente nos Estados Unidos e seu impacto no preço do milho chamou a atenção do
mundo para o preço global dos alimentos. Os últimos dados da Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, mostram uma subida nos
preços após um período de queda. Essa mudança causa um impacto no orçamento dos
mais pobres e nos custos da ajuda alimentar.
As causas
e os efeitos do valor da comida são diversificados. Confira as 10 explicações a
perguntas-chave sobre o tema, respondidas pelo Programa Mundial de Alimentos,
PMA.
1 - Quão
alto realmente está o preço dos alimentos?
Após três
meses em declínio, o índice global do preço dos alimentos produzido pela FAO
subiu 6% em julho, chegando a 213 pontos. Mas ainda está abaixo do pico
histórico de 238 pontos, alcançado em fevereiro de 2011.
2 – Qual
foi a causa desse aumento repentino em julho?
Foi o
efeito de uma onda nos preços dos grãos e do açúcar. De acordo com a FAO, com a
recente seca em plantações de milho nos Estados Unidos, são esperadas colheitas
no país mais baixas do que o previsto. Isso puxou o preço do milho para uma
alta de 23% em julho.
3 – Seria
esse o começo de uma nova tendência de alta?
Ainda é
cedo para dizer. No momento, o preço do arroz está estável e isso é um fator
importante. Mas no geral, há muitos sinais de que o aumento no preço da comida
e a volatilidade vão continuar nos próximos anos, fazendo com que agricultores,
consumidores e países fiquem mais vulneráveis à pobreza e à insegurança
alimentar.
4 – Por
quê a volatilidade deverá continuar?
Uma razão
é que especialistas esperam que temperaturas extremas sejam mais frequentes nos
próximos anos e isso terá um impacto nas colheitas. Outro motivo é que haverá
aumento da demanda por parte dos consumidores de economias em crescimento. O
aumento na produção de biocombustíveis também é outro fator. E há também o
simples fato do crescimento populacional no planeta.
5– Que
tipo de países são mais vulneráveis ao aumento do preço dos alimentos?
Essa alta
é um problema para países pobres, que precisam importar muita comida para
alimentar suas populações. Nações também ficarão vulneráveis caso elas já
enfrentem alta inflação, tenham baixas reservas de moeda estrangeira e se a
moeda local está desvalorizada em relação ao dólar.
6 – Como
as pessoas de nações pobres lidam com isso?
Em alguns
países onde o PMA trabalha, há famílias que gastam entre 60% e 80% do seu
orçamento com comida. Nessas situações, elas são afetadas duramente com o
aumento dos preços. Muitas famílias cortam o número de refeições diárias, compram
comida mais barata e menos nutritiva e optam por gastar menos com educação e
medicamentos.
7 – Essa
alta não seria boa para os agricultores?
O aumento
poderia representar uma oportunidade para pessoas que ganham a vida com a
agricultura. O problema é que muitos não produzem alimentos suficientes nem
para o consumo próprio, muito menos para vender. Muitos não tem acesso aos
mercados nem a recursos para melhorar sua produção, como fertilizantes.
8 – Como
a subida de preços afeta o Programa Mundial de Alimentos?
De duas
maneiras: custa mais para a agência comprar comida para os que passam fome e
aumenta o número de pessoas que precisam de assistência alimentar. Se o preço
continuar subindo, o PMA poderá enfrentar uma lacuna no orçamento. Caso isso
aconteça, a agência será forçada a tomar difíceis decisões, como em 2008 –
reduzir porções de comida, diminuir o total de beneficiários ou buscar recursos
adicionais.
9 –
Quanta comida é comprada pelo PMA?
Em 2011,
o PMA comprou US$1,2 bilhão em commodities (mercadorias) alimentares. Desse
total, US$ 870 milhões vieram de países em desenvolvimento. O PMA tenta comprar
alimentos com antecedência, enquanto os preços do mercado estão relativamente
baixos. A razão é minimizar o impacto no orçamento da agência. Mas cada 10% de
alta no preço da cesta alimentar do PMA, custa para o programa um adicional de
US$ 200 milhões por ano para comprar a mesma quantidade de comida.
10 – Como
garantir um abastecimento estável de comida para as populações mais
vulneráveis?
Há várias
medidas que podem ser tomadas pelos países. Uma ação chave é desenvolver
reservas alimentares de emergência. Outra é expandir redes de segurança social,
como programas para a nutrição de mães e filhos e programas de merenda escolar.
É também crucial o apoio aos pequenos agricultores e o reforço de compromissos
que isentem a ajuda humanitária das proibições de exportação de alimentos.
*Fonte:
Programa Mundial de Alimentos, PMA.
http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2012/08/10-respostas-sobre-a-alta-no-preco-dos-alimentos/