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Alessandra Leles Rocha
Achatada, comprimida, amassada pelas investidas cruéis e implacáveis da modernidade “high tech”, a alma humana parece exausta e confusa, clamando por socorro dentro desse furacão.
Muito além da trivialidade cotidiana debruça sobre nossos ombros os escombros das aflições alheias; balas perdidas, enchentes, desmoronamentos, terremotos, etc.etc.etc. E o cérebro, que mais parece uma piorra, cambaleia tentando por ordem nos pensamentos. No fim do dia, pior do que o cansaço físico é o cansaço mental. Haja açúcar para mover o trabalho dos neurônios que se esforçam na velocidade da luz!
Não é à toa, tão frequentemente, ser arrebatado por uma terrível sensação de “tábua rasa”. Milhões de informações, de repetições, mas a compreensão parece periférica e superficial; como se a “esponja cerebral” não conseguisse absorver o necessário. O que fazer então, para reverter essa realidade? O jeito é abrir uma lacuna na vida e mergulhar de cabeça nos hábitos de outrora. Chega, por alguns instantes, de tanta parafernália eletrônica e digital! Paz, silencio, uma boa poltrona macia para se recostar e nas mãos um companheiro indispensável, o livro.
Sim! O bom e velho livro, de preferência aquele do seu interesse, para fazê-lo voar além da realidade e exercitar a emoção imaginativa. Que delicia gargalhar sem motivo, sozinho de gente e rodeado de pensamentos! A leitura que ceifa nossa autossuficiência e nos devolve a humildade infantil, agrega sempre às experiências da vida e nos faz rir diante dos lapsos de ignorância.
É preciso ler para voltar a ser gente! Para voltar a ter sonhos e acreditar no amanhã. Para revitalizar o corpo e a alma. É tão fácil! Basta pegar um livro! Basta ler com as janelas da alma o que se esconde por detrás das diminutas letrinhas enfileiradas. Basta renovar votos com o milagre mágico e redentor que a professorinha, lá do primário, um dia realizou em nossas vidas.