terça-feira, 16 de setembro de 2025

PEC da Blindagem, a PEC da Anistia e muito mais da antidemocracia nacional


PEC da Blindagem, a PEC da Anistia e muito mais da antidemocracia nacional

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

A pergunta a se fazer nesse momento, no Brasil, é: por que a Democracia nacional vive “arrastando correntes”? Bem, a democracia é mais do que uma forma de governo; é um processo social contínuo de participação popular, igualdade e exercício da soberania, onde os cidadãos, empoderados, exercem poder político e social tanto através de representação quanto através da participação direta em suas comunidades e na vida pública.

Algo que se traduz extremamente desconfortável e desagradável para as elites dominantes no país, porque se veem ameaçadas pela construção de espaços onde a vontade popular pode ser exercida; bem como, a escuta de diferentes opiniões e o respeito aos direitos de todos sejam garantidos.

E isso é muito, considerando-se uma historicidade marcada pelas vontades e quereres dessa ínfima parcela, que sempre ostentou seu protagonismo nos poderes, nas influências e sobre o controle social.

Por isso, a Câmara dos Deputados se coloca a todo vapor para votar a chamada PEC da Blindagem, buscando que eventuais ações judiciais, mandados de busca e apreensão e investigações contra parlamentares só podem ser realizadas mediante aprovação da Mesa Diretora da Câmara ou do Senado, à exceção de casos de flagrante delito. Além disso, Mesa teria um prazo de dez dias para aprovar ou rejeitar o pedido.

O que fazem os nobres deputados e senadores, diante dessa manifestação de escárnio e abuso de poder, é contrariar, de maneira explícita, o artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, que diz Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.  

Aliás, sob certa ótica, é bom que não sejamos iguais! Afinal, essa Proposta de Emenda Constitucional demonstra a susceptibilidade e a vulnerabilidade ética e moral, de certos representantes político-partidários.

Cientes da sua intenção em praticar a antidemocracia, ou seja, executando ações e comportamentos que visam minar, deslegitimar ou impedir o funcionamento do sistema democrático, tais como a tentativa de desacreditar instituições, contestar resultados eleitorais legítimos, ameaçar o Estado de Direito ou deslegitimar os poderes constitucionais, eles se colocam em posição de importância resguardada por lei, para não sofrerem nenhum tipo de sanção e/ou punição.  

Veja, não havendo a intenção de cometer alguma ação delituosa não há necessidade de nenhum instrumento de salvaguarda, concorda?  Assim, o que se tem bem diante do nariz é um sinal claro de que esses indivíduos não querem abdicar das velhas práxis nacionais.

O que significa, por exemplo, o desvio de verbas públicas, a apropriação de bens públicos, a prática de suborno, a ineficiência, o desperdício, a troca de favores por apoio político, o favorecimento de amigos e parentes na ocupação de cargos públicos, o uso de verbas para interesses privados conhecido como Clientelismo, a disseminação de notícias falsas para influenciar a opinião pública, a censura e o cerceamento da liberdade de imprensa, a  manipulação do debate público, a tentativa de limitar a ação de outros poderes, a desqualificação de instituições, e a adoção de políticas que perpetuam a desigualdade social.

E, agora, depois de a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenar os oito réus do Núcleo 1 da ação por tentativa de golpe de Estado, o desagrado, o desconforto e, até mesmo, uma pontinha de indignação, emergiram com todo ímpeto e fúria, por parte do Congresso Nacional, como resposta do seu desdém democrático.

Daí a PEC da Blindagem, a PEC da Anistia e tudo mais que possa traduzir a alma antidemocrática desses elementos que representam o espectro político-partidário de Direita, no Brasil.

Inclusive, porque eles acreditam que é preciso fragilizar a teoria dos pesos e contrapesos, o qual postula a separação de poderes entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, a fim de evitar que questões de grande repercussão política ou social sejam levadas para resolução do Poder Judiciário, em vez de serem resolvidas por meio de processos legislativos ou políticos.

Acontece que a chamada "judicialização" tem ocorrido, com certa frequência, no Brasil, em razão de que as outras esferas do governo não resolveram os problemas em tempo hábil ou devido à falta de consenso.  

Então, o Poder Judiciário quando instado a agir, ele assegura a supremacia da Constituição, se colocando como instância de decisão final em muitos conflitos.

Se assim não o fizesse, poderia incorrer em crime de prevaricação, ou seja, quando um funcionário público que, por interesse pessoal ou sentimento, deixa de praticar um ato de ofício, o retarda ou o pratica de forma contrária à lei.

Diante desse breve exposto, pode-se dizer que o momento pede atenção. MUITA ATENÇÃO! A Democracia está, flagrantemente, sendo atacada pela antidemocracia nacional personificada pelas figuras de certos membros do Congresso Nacional, pertencentes ao seu espectro político-partidário de Direita. Sim, esses indivíduos estão indóceis com a repercussão democrática do Brasil, mundo afora.

Acontece que a cada passo dado na sua trajetória de desatino raivoso, mais essa gente possibilita separar o joio do trigo da cidadania nacional. Fazendo do momento atual uma possibilidade de desconstruir velhos paradigmas, com base na materialização de valores e comportamentos sociais desejáveis ou indesejáveis, com o propósito de edificar um novo contexto capaz de refletir e influenciar o mundo real.