É o que revela um estudo divulgado nesta semana (29/06) pelo Guttmacher
Institute. Documento alerta ainda que, em 2017, 50 milhões de mulheres grávidas
no mundo farão menos de quatro visitas de acompanhamento pré-natal e 35 milhões
não darão à luz em uma unidade de saúde. Para o Fundo de População das Nações
Unidas (UNFPA), gestações devem ser desejadas, planejadas e seguras.
Nos países em
desenvolvimento, 214 milhões de mulheres querem evitar a gravidez, mas, por
diversas razões, não fazem uso de métodos contraceptivos modernos. É o que
revela um estudo divulgado nesta semana (29) pelo Guttmacher Institute.
Organismo avalia que, nessas nações, demandas por contracepção, bem como por serviços
de saúde materna e neonatal não estão sendo atendidas.
Segundo o
levantamento, em 2017, 50 milhões de mulheres grávidas no mundo farão menos de
quatro visitas de acompanhamento pré-natal e 35 milhões não darão à luz em uma
unidade de saúde. Para atender a demanda por métodos contraceptivos e saúde
materna e neonatal nas regiões em desenvolvimento, seriam necessários US$ 52,5
bilhões de dólares anualmente, ou 8,39 dólares por pessoa.
Apesar dos
desafios de saúde pública, o relatório “Adding It Up: Investing in
Contraception and Maternal and Newborn Health, 2017” (Investindo em
contracepção e saúde materna e neonatal) também revela um aumento estável no
uso de métodos contraceptivos modernos em países em desenvolvimento, mesmo com
o crescimento do número de mulheres em idade reprodutiva.
O
resultado foi uma queda ao longo dos últimos três anos na demanda não atendida
por contracepção – em 2014, eram 225 milhões de mulheres sem acesso a métodos
de prevenção da gravidez. Entretanto, investimentos em planejamento reprodutivo
são descritos pelo relatório como essenciais para manter esses ganhos e ampliar
o progresso.
Mulheres
com demandas por contracepção não atendidas representam 84% das gestações não
planejadas nos países em desenvolvimento, revela o relatório. O estudo também
aponta que, entre as mulheres que terão filhos em 2017, nessas mesmas nações,
somente 61% terão passado por quatro ou mais atendimentos pré-natais e 27% não
farão seus partos em unidades de saúde.
Existem
grandes disparidades entre regiões: as taxas apresentadas são piores na África,
onde menos da metade das mulheres grávidas fazem quatro ou mais visitas de
atendimento pré-natal e um pouco mais da metade têm seus filhos em unidades de
saúde. Em contrapartida, na América Latina e Caribe, aproximadamente 90% das
mulheres têm quatro ou mais atendimentos pré-natais e mais de 90% têm seus
filhos em centros de saúde.
Investimentos
Para
atender a demanda por métodos contraceptivos e por serviços de saúde materna e
neonatal nas regiões em desenvolvimento, seriam necessários 52,5 bilhões de
dólares anualmente, ou 8,39 dólares por pessoa. A nova pesquisa mostra que
estes investimentos são vantajosos economicamente: investir em contraceptivos
faz com que o custo dos cuidados com saúde materna e neonatal sejam menores,
uma vez que há uma diminuição do número de gestações não planejadas.
Para cada
dólar gasto em contraceptivos, 2,30 dólares são economizados no custo dos
cuidados relacionados à gravidez, estima o Guttmacher Institute.
“Investir
em contraceptivos e saúde materna e neonatal tem um ótimo impacto em prevenir
mortes desnecessárias de mães e recém-nascidos”, afirma a Dr.ª Jacqueline E.
Darroch, principal autora do estudo. “Com o investimento de 8,39 dólares por
pessoa, os índices de mortalidade materna poderiam decrescer para um quarto dos
níveis atuais e, em relação a mortes neonatais, o número cairia para um quinto
das taxas atuais.”
O impacto
dos investimentos teria um grande alcance, levando a:
• Menos 67
milhões de gestações não desejadas (queda de 75%);
• Menos 23
milhões de nascimentos não planejados (queda de 76%);
• Menos 36
milhões de abortos induzidos (queda de 74%);
• Menos
2,2 milhões de mortes neonatais (queda de 80%);
• Menos
224 mil mortes maternas (queda de 73%).
Além
disso, investir nesses serviços traria benefícios sociais e econômicos para as
mulheres, seus parceiros e parceiras, suas famílias e para a sociedade. Avanços
incluem melhoras na educação de mulheres e crianças, aumento nos rendimentos e
redução da pobreza.
Pesquisas
anteriores concluíram que mulheres usam diversas justificativas para o não uso
dos métodos contraceptivos, como a preocupação em relação a efeitos colaterais
e riscos à saúde e a crença de que não estão sujeitas a ficarem grávidas por não
manterem relações sexuais com frequência. Esta situação indica que
contraceptivos de qualidade e aconselhamento ao planejamento reprodutivo são
urgentemente necessários.
UNFPA lembra contexto brasileiro
No Brasil,
estimativas coletadas pelo governo e pelo Fundo de População das Nações Unidas
(UNFPA) indicam que a demanda não atendida por contraceptivos se encontre entre
os 6% e 7,7%, afetando aproximadamente de 3,5 a 4,2 milhões de mulheres em
idade reprodutiva.
Do total
de nascimentos ocorridos nos últimos cinco anos, apenas 54% foram planejados
para aquele momento. Entre os 46% restantes, 28% eram desejados para mais tarde
e 18% não foram desejados.
O UNFPA
considera que a gravidez não planejada, especialmente na adolescência, está
associada a desigualdades mais amplas que afetam principalmente as mulheres dos
estratos sociais mais vulneráveis. A agência da ONU defende que todas as
gestações sejam desejadas e que todos os partos sejam seguros.