2001, 2010,... –
Talvez, algum dia, faremos contato!
Por Alessandra Leles
Rocha
Planeta Terra. Aqui residem mais de sete
bilhões de seres humanos. No entanto, entre a capacidade de progresso e a
influência nociva da barbárie intrínseca ao seu próprio DNA, esse contingente se
perde na manutenção bem sucedida de sua própria espécie.
Diante da capacidade de apartar a si mesma em
grupos a partir de seus próprios conceitos – homem, mulher, branco, negro,
jovem, velho, rico, pobre etc. -, a humanidade vem ao longo dos séculos colocando
em risco a sua força natural, na medida em que se afasta do essencial, ou seja,
a existência de uma única raça, a humana.
E esse movimento segregador contribui
significativamente para o fomento da ideia das chamadas minorias sociais,
subgrupos dentro da sociedade que são considerados diferentes do grupo
dominante e, que por essa razão passam a não participar, em igualdade de
condições, da vida social.
Como disse Albert Einstein, no livro COMO VEJO O MUNDO, “O Aspecto Mais
Grave da Segregação - Parece ser
fato geral, que as minorias — em especial aquelas cujos indivíduos têm
características físicas diferentes — sejam tratadas pelas maiorias, entre as
quais vivem, como classes humanas inferiores. O que este destino tem de trágico
não reside apenas no prejuízo que naturalmente advém para essas minorias sob o
aspecto econômico e social, mas também ao fato de os indivíduos, vivendo nestas
condições, se renderem geralmente — devido à influência sugestiva da maioria
—àquele preconceito sobre o seu valor, e acabarem considerando os seus
semelhantes como inferiores. Esta segunda parte e a mais grave do mal, pode ser
suprimida por uma mais estreita união e por uma educação deliberadamente
esclarecida da minoria, para assim se conseguir a libertação espiritual da mesma”.
O que essa ideologia faz, na verdade, é
colaborar significativamente para o enfraquecimento coletivo da sociedade. Quando
cada um desses ‘subgrupos’ luta isoladamente pela igualdade de direitos é como
se esses direitos não lhes pertencessem automaticamente; portanto, como se eles
não fossem parte integrante e integrada à raça humana e precisassem
constantemente reivindicar a sua sobrevivência e a sua dignidade.
Nesse sentido, um dos mecanismos que mais se
aflora no intuito de mantê-los apartados são as diversas formas de violência disseminadas.
A violência contra qualquer ser humano é um ato de intimidação e de controle arbitrário
da sociedade. E quando a população passa a visibilizar essas ações em relação a
determinados grupos, indiretamente há uma acentuação ao caráter discriminador a
eles; como, se não se tratasse de algo que fere e oprime a coletividade como um
todo.
Não nos esqueçamos do que diz a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 3º: “Todas as pessoas têm direito à vida, à
liberdade e à segurança pessoal”. Nessas palavras não há nenhum determinante de categorização ou de
exclusão; apenas, fala-se em todos, sem distinção. Isso porque não existe uma
vida que valha mais ou menos, ou que seja mais ou menos importante. Aliás, pensamentos
que apartam, que segregam, que humilham, só nos fazem pensar nos horrores da
Segunda Guerra Mundial, uma herança maldita de atos abomináveis e completamente
desumanos.
É por isso, que não se pode permitir
reafirmar a crença de que existam pequenas ou grandes violências; porque isso
não é verdade. Em nome de ‘pequenos’ ou ‘pseudopoderes’ ninguém pode atentar
contra a vida, a liberdade e a segurança do outro; no entanto, é exatamente isso
que a humanidade tem se permitido fazer a todo instante.
Em nome do ‘eu posso’ é que todas as leis, códigos,
doutrinas e regulamentos são negligenciados. O que fora criado pela própria
sociedade, como consenso coletivo e freio aos abusos individuais, vê-se
claramente que não é o suficiente para inibir ou coibir nenhum ser humano de
agir pela própria razão. É como se não houvesse nada capaz de fazê-lo pensar em
curto, em médio e em longo prazo. Como se não houvesse reações a suas ações. É desse
modo, por exemplo, que pessoas optam por ingerir bebidas alcoólicas e
entorpecentes e dirigir em alta velocidade. Ou passar mensagens pelo celular
enquanto dirigem.
Entretanto, esses comportamentos não
demonstram apenas o desinteresse pela vida e bem-estar do outro; mas, de si
mesmo. Enquanto nos chocamos com a barbárie
explícita dos terroristas (mundo afora), bem debaixo do nosso nariz ela faz pequenos
rasgos no equilíbrio da nossa vida, da sociedade. É fundamental compreendermos,
de uma vez por todas, que a violência, seja ela qual for, é perturbadora da
paz, da coexistência, da sobrevivência humana.
Por mais fácil que pareça ser nos
sensibilizarmos com o que está distante, a nossa vida, o nosso cotidiano é aqui
e agora e, é nele, que precisamos centrar foco. Uma mudança que parta de uma análise
contínua de nossos valores e comportamentos. Segundo a filosofia Budista, “Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com
nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo”.
Não se esqueça, como disse a estilista francesa
Coco Chanel, “Quantas preocupações desaparecem quando a gente se preocupa não
em ser alguma coisa, mas em ser alguém”.