Quem passeou pelos belos jardins do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, nesta semana, deparou-se com um cenário diferente: oito rostos femininos exibidos em 16 grandes fotografias ao longo do caminho de palmeiras imperiais. Trata-se da exposição fotográfica “Vidas Refugiadas”, que tem apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e chegou ao Rio após uma primeira temporada em São Paulo.
Quem passeou pelos belos jardins do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, nesta semana, deparou-se com um cenário diferente: oito rostos femininos exibidos em 16 grandes fotografias ao longo do caminho de palmeiras imperiais. Em comum, aquelas mulheres não tinham apenas força, beleza e a determinação de começar uma vida nova no Brasil, mas também o desejo de contar a própria história.
Conferir esse protagonismo é a proposta da exposição fotográfica “Vidas Refugiadas”, que, com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), chegou à cidade após uma primeira temporada em São Paulo.
Com foco no cotidiano no Brasil de oito mulheres de diferentes nacionalidades, a mostra busca chamar atenção para uma perspectiva de gênero na forma como se pensa o refúgio, sobretudo na elaboração das políticas públicas para os refugiados.
Para celebrar o lançamento da exposição, elaborada com imagens do fotógrafo Victor Moriyama, foi realizado um debate com a presença de representantes do ACNUR e da Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, além da nigeriana Nkechinyere Jonathan, uma das mulheres retratadas no projeto. Professora de inglês, ela chegou ao Brasil em 2014, devido a perseguições do grupo Boko Haram.
“Esta exposição está sensibilizando as pessoas sobre os refugiados, que não são párias nem fizeram nada de errado. São pessoas comuns enfrentando uma situação difícil por circunstâncias da vida, algo que poderia acontecer a qualquer um”, disse Jonathan. “O projeto está construindo um caminho, está indo a algum lugar, um passo de cada vez. Este é o segundo passo.”
Durante o debate, acompanhado por cerca de 70 pessoas, o assistente de proteção do ACNUR, Vinícius Feitosa, reafirmou a existência de questões de gênero como motivadoras de deslocamento e ressaltou a importância de se celebrar a resiliência dos refugiados.
“Ser mulher pode, sim, ser uma razão de perseguição. Quando falamos de refúgio, falamos de um conceito, mas quando falamos da pessoa refugiada, temos que falar de um ponto de vista mais humano, que é o que a exposição propõe.”
A idealizadora da exposição, a advogada Gabriela Ferraz, destacou o expressivo número de mulheres refugiadas no Rio de Janeiro e lembrou que elas representam atualmente cerca de 30% das pessoas que buscam refúgio no Brasil.
“As mulheres sofrem violência no país de origem, no caminho para outro país e temos que ter cuidado para que não sofram aqui, porque a violência contra a mulher é uma realidade no Brasil”, alertou.
Em sintonia com essa preocupação, o advogado da Cáritas RJ, Matteo Theubet, chamou atenção para o crescimento do contingente de refugiadas que têm desembarcado na cidade.
“No primeiro trimestre de 2016, o número de mulheres que chegam ao Rio de Janeiro em busca de refúgio igualou o número de homens pela primeira vez. Temos visto muitas mulheres jovens chegando aqui com crianças pequenas, tendo que se adaptar a uma realidade que não é fácil.”
De acordo com números divulgados pela Cáritas RJ, houve um crescimento de 82% no número de solicitações de refúgio feitas no Rio de Janeiro em 2015, em comparação com o ano anterior. As mulheres, que em 2014 representavam 30% das novas chegadas, passaram a responder por 40% no ano passado e por 50% em 2016.
A exposição fotográfica “Vidas Refugiadas” permanece nos jardins do Palácio do Catete de terça a domingo, das 9h às 18h, até o dia 10 de junho. A entrada é gratuita. A próxima cidade a receber a mostra será Brasília, a partir de 20 de junho.