segunda-feira, 18 de abril de 2016

Leguminosas podem ajudar a combater as mudanças climáticas, a fome e a obesidade


Segundo a FAO, estes grãos fazem parte do legado ancestral agrícola da América Latina e do Caribe, fixam nitrogênio nos solos e possuem qualidades nutricionais únicas; 2016 foi declarado o Ano Internacional das Leguminosas.

Quando consumidas junto com cereais, as leguminosas formam uma proteína completa, que é mais barata que a proteína de origem animal – e, portanto, mais acessível às famílias com baixos recursos econômicos.

As Nações Unidas declararam 2016 como o Ano Internacional das Leguminosas em reconhecimento ao papel fundamental que as leguminosas têm na segurança alimentar e nutricional, na adaptação as mudanças climáticas, na saúde humana e nos solos.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), as leguminosas têm uma relevância importante para a América Latina e Caribe.

“A região é o centro de origem de muitas leguminosas. Fazem parte da nossa cultura ancestral e é uma pedra angular da nossa alimentação atual”, disse Raúl Benítez, representante regional da FAO.

Grande parte da produção de leguminosas na região está nas mãos de agricultores familiares que desempenham um papel importante no desenvolvimento rural, além do cultivo ajudar na mitigação das mudanças climáticas ao fixar nitrogênio no solo.

Segundo a FAO, potenciar a produção e o consumo de leguminosas é chave para enfrentar a crescente obesidade na região, que atinge em média 22% dos adultos, e a fome, que afeta a 34 milhões de homens, mulheres e crianças.

Feijão, lentilha, feijão-da-china (ou feijão-mungo), grão-de-bico e feijão azuki são alguns dos exemplos de leguminosos. O famoso arroz com feijão brasileiro é um dos pratos descritos pela FAO como exemplos de alimentação nutritiva (leia outros aqui).

Um alimento completo

As leguminosas são essenciais para uma alimentação saudável. Mesmo pequenas, estão repletas de proteínas, contendo o dobro do que tem no milho e três vezes mais que no arroz.

“Elas são uma fantástica fonte de proteína vegetal, tem baixo índice de gordura, são livres de colesterol e glúten e são ricas em minerais e vitaminas”, explicou Benítez.

Quando são consumidas junto com cereais formam uma proteína completa, que é mais barata que a proteína de origem animal – e, portanto, mais acessível às famílias com baixos recursos econômicos.

“Essa mistura é a base da dieta tradicional de muitos lugares da América Latina e Caribe, como o feijão com milho, ou o feijão com arroz que muitos de nós crescemos comendo”, apontou Benítez.

Alimento para as pessoas e para os solos

As leguminosas não só contribuem para uma alimentação saudável, mas também são uma fonte de renda para milhões de agricultores familiares, responsáveis pelos cultivos em alternância com outros cultivos pela capacidade de responder ao nitrogênio da terra, melhorando a sustentabilidade da produção.

As leguminosas são uma das poucas plantas capazes de fixar o nitrogênio atmosférico e convertê-lo em amônia, enriquecendo os solos, diferente da maioria das outras plantas que apenas absorvem o nitrogênio do solo e não o reincorporam.

Isso permite mitigar as mudanças climáticas já que é reduzido o uso de fertilizantes sintéticos, cuja fabricação envolve um consumo intensivo de energia, o que emite gases de efeito estufa na atmosfera.

As leguminosas também exercem um importante papel na geração de emprego na América Latina e Caribe, especialmente no setor da agricultura familiar, já que são um dos cultivos que se destacam nesse setor.

Um tesouro genético para futuras gerações

Segundo a FAO, a grande diversidade de feijões e de outras leguminosas da região representa um tesouro genético para criar novas variedades que podem ser necessárias para bater de frente com as mudanças climáticas.

“No entanto, em muitas comunidades essas variedades ancestrais estão se perdendo por causa da homogeneização global que privilegia apenas alguns cultivos e alimentos, desmerecendo outros”, alertou Benítez.

De acordo com a FAO, as dietas em âmbito global estão cada vez mais homogêneas e similares, e a alimentação global depende na maior parte do trigo, milho e soja, junto com a carne e os produtos lácteos.

Durante o Ano Internacional das Leguminosas, os países devem fazer um grande esforço para que este fenômeno seja revertido, resguardando a genética, a cultura associada e o saber dos povos indígenas que tem melhorado as leguminosas ao longo de centenas de anos na região.

Aliadas na luta contra a fome

De acordo com a FAO, a América Latina e Caribe não só tem o diferencial de ser a fonte originária do feijão e de outras leguminosas, como também se destaca por ser a que mais avanços foram feitos na luta contra a fome.

As leguminosas podem ser aliadas-chave para que a região alcance a ambiciosa meta de acabar com a fome em 2025, data assumida pelo principal acordo regional nesse tema, o Plano de Segurança Alimentar, Nutricional e Erradicação da Fome da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC).

“Durante este ano devemos celebrar os benefícios das leguminosas, reivindicar o seu papel na alimentação e nutrição e sua relevância no desenvolvimento rural e na mitigação das mudanças climáticas”, concluiu Benítez.

Acesse o site do Ano Internacional das Leguminosas: www.fao.org/pulses-2016/es

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