DANIELLE BRANT
DE SÃO PAULO
Com um cenário de inflação em alta e desemprego crescente,
os brasileiros ajustaram o orçamento para enfrentar a crise, principalmente a
partir do segundo semestre do ano passado.
O comprometimento de renda com gastos essenciais —mais
difíceis de cortar, como aluguel, alimentação e transporte— caiu de 39,3% em
março do ano passado para 34,3% em janeiro deste ano, segundo levantamento
feito pelo aplicativo de finanças pessoais GuiaBolso tomando como base as
movimentações bancárias de 23 mil pessoas que usam a ferramenta. Março é o
início da série histórica da pesquisa de hábitos e consumo.
"São despesas que você não tem muita flexibilidade para
cortar, e mesmo assim as pessoas apertaram os cintos e fizeram ajustes no
orçamento, afetadas pela inflação em alta, contas residenciais pesando mais e
desemprego aumentando", afirma Thiago Alvarez, sócio-diretor do GuiaBolso.
A fatia de gastos com supermercados na despesa total dos
brasileiros recuou de 14,2% para 13,1%. Já moradia caiu de 15,8% para 11,6%.
"As pessoas substituíram marcas e cortaram produtos supérfluos, mas mesmo
assim o mercado continuou com peso grande porque alimentação foi um dos itens
que mais sofreu com a alta da inflação no ano passado", avalia Alvarez. Já
moradia perdeu participação em parte pela renegociação de valores
de aluguéis, que caíram no ano passado. [...]