Publicado em Sociedade, USP Online Destaque por Agência USP de Notícias
Pesquisa
propõe ampliação do conceito de violência de gênero para abranger as
experiências das travestis
“Pode
perguntar pra qualquer travesti, a primeira agressão que ela tem é com o pai,
porque o pai é o primeiro a enfrentar ela. É o primeiro homem que diz que ela
não pode ser o que ela quer ser”. O desabafo é de Roberta, nome fictício e uma
das oito pessoas autoidentificadas como travestis que tiveram suas histórias de
vida ouvidas pela psicóloga Valéria Melki Busin para sua tese de doutorado, em
que mostra como as travestis experienciam as violências cotidianas, o que
sentem e como enfrentam.
O
próprio nome do trabalho Morra para se libertar: estigmatização e violência
contra travestis, apresentado em 2015 no Instituto de Psicologia (IP) da
USP, sinaliza as dificuldades de ser travesti em uma sociedade na qual a
diferença gera uma série de violências.
“O
título é uma metáfora, obviamente, mas está relacionado com os ‘recados’ que as
travestis recebem continuamente ao longo de suas vidas: se elas ostentam a
‘feminilidade’, elas correm o risco de morrer fisicamente. Se elas deixarem de
ser travesti, não vão sofrer violência, entretanto, não ser mais travesti é um
outro tipo de morte para elas”, explica a pesquisadora. [...]
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