Programa Aluno Presente dribla a evasão escolar e traz
crianças cariocas de volta à sala de aula
Por Cecília Garcia, do Promenino, com Cidade Escola Aprendiz
Aqueles
ritos que precedem a ida à escola, como arrumar os cadernos na mochila,
colocá-la nas costas e abrir o portão luminoso de sol para ir estudar não fazem
parte da rotina de muitos meninos e meninas no Brasil. Segundo levantamento
feito pela plataforma Todos Pela Educação, em 2014, foram contabilizadas 2,8 milhões
de crianças e adolescentes fora do ambiente escolar. Quando o escritor Rubem
Alves fala das escolas que são asas, “que existem para dar aos pássaros coragem para voar”, fica
também o anseio de que esses alunos tenham possibilidade de frequentar o espaço
de aprender e brincar.
No município
do Rio de Janeiro, o cenário de evasão escolar é perpendicular ao caminho da
desigualdade social. Na “cidade partida”, como bem a chamou o escritor Zuenir Ventura,
é nas comunidades vulneráveis que estão os índices mais altos de evasão escolar. Em 2014, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estática (IBGE) constatou que 24.417 crianças e adolescentes estavam
fora das escolas na cidade, composto por uma rede de 11 coordenadorias
regionais de educação.
Fazer com
que as asas das crianças batam e avoem para dentro da sala de aula é a missão
do projeto Aluno Presente. Atuando
desde o final de 2013 no município do Rio de Janeiro, o programa é trabalho da Associação Cidade Escola Aprendiz,
em parceria com a Secretaria
Municipal de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro. Ele também
integra a ação internacional Educate a
Child, que atua em 32 países, com a missão de garantir que as
crianças tenham direito à educação básica para se desenvolver plenamente.
O Aluno Presente é uma
iniciativa cujo nome se autoexplica: trata-se de unir forças para fazer com que
as crianças estejam na escola, diminuindo assim os altos índices de evasão. Para tanto, o
projeto trança uma rede de atuação entre a família, a escola e a comunidade
onde a criança que evade está inserida. Para identificá-las, foi necessário um
trabalho hercúleo e pioneiro: mapear socioterritorialmente o município, subir e
descer as quentes ladeiras cariocas para entender o ecossistema que favorece a
ausência escolar. [...]