Os números
absolutos mais elevados de “nem-nem” são encontrados no Brasil, na Colômbia e
no México. A grande maioria, mais de 70%, vive nas cidades e tem baixo nível
educacional.
Apesar do forte
desempenho da América Latina nos anos 2000 ‒ caracterizado por um vigoroso
crescimento econômico e uma significativa redução da pobreza e da desigualdade
‒ o número de jovens que não estudam nem trabalham cresceu devido
a um aumento dos chamados“nem-nem” do sexo masculino. Hoje, esse grupo é
formado por mais de 20 milhões de jovens, com idades entre 15 e 24 anos, sendo
que dois terços são de mulheres, segundo um novo estudo do Banco Mundial.
O relatório Fora da
Escola e Fora do Trabalho: Risco e Oportunidades para os “Nem-Nem” da América
Latina mostra que os “nem-nem” latino-americanos, que compreendem um
entre cinco jovens da região, necessitam de mais incentivos para permanecer na
escola e de ajuda para encontrar trabalho. Somente após solucionar esse
problema é que a região poderá se beneficiar de forma plena das possibilidades
do desenvolvimento econômico e da redução da pobreza.
“Precisamos fornecer
à nossa crescente população jovem a educação apropriada e habilidades laborais
para ajudá-los a ter sucesso na vida”, afirmou o vice-presidente do Banco
Mundial para a América e o Caribe, Jorge Familiar. “Os países que oferecem
educação de alta qualidade a uma crescente população jovem, além de possuir
mercados de trabalho dinâmicos e em bom funcionamento, irão crescer e reduzir a
pobreza com maior rapidez.”
O estudo, que contou
com a coautoria de Rafael de Hoyos, Halsey Rogers e Miguel Székely, mostra que
quase 60% dos “nem-nem” na região são provenientes de famílias pobres ou
vulneráveis, situadas entre os 40% na extremidade inferior da distribuição de
renda.
O “nem-nem” típico
latino-americano é mulher nascida em uma família urbana, embora o número de
“nem-nem” do sexo feminino na região esteja em declínio, graças a maiores
oportunidades de educação e de emprego. O problema vem se acentuando entre os
homens jovens, cujo ingresso nesse grupo representou um aumento total de 1,8
milhão de “nem-nem” desde 1992.
Entre as jovens, o
principal fator de risco é o casamento antes dos 18 anos, combinado à gravidez
na adolescência. No caso dos homens, a evasão escolar prematura para ingressar
no mercado de trabalho, frequentemente seguida pelo desemprego. Sem possuir as
habilidades necessárias para manter um emprego formal, os jovens acabam se
conformando com empregos instáveis no setor informal, e é provável que, em sua
maioria, eles nunca mais retornem à escola.
Nem-Nem brasileiros
A proporção de
“nem-nem” varia entre 10,9% de jovens no Peru para mais de 25% em Honduras e El
Salvador. Os números absolutos mais elevados de “nem-nem” são encontrados no
Brasil, na Colômbia e no México. A grande maioria, mais de 70%, vive nas
cidades e tem baixo nível educacional.
Na Colômbia, no
México e na América Central, onde a parcela de “nem-nem” está acima da média, o
problema pode ser agravado pela presença generalizada do crime organizado.
Novas evidências mostram que o problema dos “nem-nem” está correlacionado à
criminalidade e à violência, o que aumenta os riscos para os jovens e para a
sociedade de modo geral.
A proporção de
crianças e idosos em relação à população ativa na América Latina alcançará em
breve níveis historicamente baixos. Para se beneficiar dessa janela
demográfica, a América Latina deve fornecer o capital humano e as oportunidades
do mercado de trabalho à sua crescente população de jovens adultos. Se isso não
ocorrer, a expansão do número de “nem-nem” vai impedir a região de obter todo o
seu dividendo demográfico.
O relatório salienta
que ser um “nem-nem” pode implicar em efeitos negativos de longa duração sobre
a produtividade, como a redução dos salários e das possibilidades de emprego
durante toda a vida, além de impedir o crescimento econômico em geral. O efeito
negativo sobre a renda também pode aprofundar as desigualdades já existentes e
impedir a mobilidade e a redução da pobreza entre as famílias desfavorecidas e
vulneráveis.
Existem várias
políticas para reduzir o número de “nem-nem” como, por exemplo, as que propõem
evitar que os jovens abandonem prematuramente a escola e proporcionam emprego
para aqueles que já se encontram nessa situação. Essas iniciativas abrangem as
transferências condicionais de renda direcionadas de modo adequado, assim como
um conjunto de informações para conscientizar os pais e os alunos sobre os
benefícios da educação. Além disso, programas bem direcionados de
desenvolvimento de habilidades socioemocionais destinados a evitar um
comportamento violento, de tutoria e de empreendedorismo podem ajudar,
complementados por sistemas de alerta precoce que objetivam identificar os
jovens em risco de abandono escolar.
FONTE: https://nacoesunidas.org/banco-mundial-aumenta-o-numero-de-jovens-homens-que-nao-trabalham-nem-estudam-na-america-latina/