quarta-feira, 25 de julho de 2012

Crônica do dia!!!


Escrever é preciso!

Por Alessandra Leles Rocha

Imagino que ninguém, quando aprende a ler e a escrever, se dá conta do grande presente recebido. Sim! Esse momento geralmente acontece na infância e, de fato, não estamos aptos à tamanha reflexão. Mas, mesmo depois, anos e anos mais tarde, a grande maioria das pessoas ainda passa despercebida por esse “divisor de águas” na vida de um ser humano.
Escrever foi sim, o grande salto evolutivo para nossa espécie! Registrar aquilo que nossos sentidos captam e traduzem em emoções, sentimentos, reflexões,... somente nós podemos fazê-lo. Foi a escrita que nos abriu as portas para o desenvolvimento, para o progresso, para a extensão de nosso próprio ser.
Temos signos, símbolos, palavras ao controle da mente e das mãos. Escrevemos com carvão, com lápis, canetas, computadores. Escrevemos na solidão coletiva, desde as banalidades cotidianas aos ensaios preciosos das divagações existenciais. Escrevemos por obrigação ou por gosto, nas manhãs preguiçosas ou nas madrugadas inquietantes; mas, no fundo escrevemos porque escrever é preciso.
Falar é bom! Mas, palavras faladas se perdem no tempo, no espaço! Para falar e ser verdadeiramente compreendido, as vezes falta palavras; poucas ou muitas que tragam a clareza, a emoção, o entusiasmo necessário para se fazer entender. Por isso, prefiro falar no silêncio e fazer do papel (ou da tela do computador) o grande mensageiro. Não há erro! Letrinha por letrinha se encontram no imaginário e voam suaves ao encontro das mãos; dali em diante ganham forma, cor, tamanho, significado, viram prosa, viram verso. Depois podem até voltar para a boca e se repetir sem vergonha, mas primeiro é bom que seja assim o caminho.
Escrever é mesmo um estado de encantamento. Ainda que humano, gente de carne e osso, quem escreve sabe bem o que é ganhar asas feitas de palavras. Quem escreve voa, transcende além do visível, revira a alma do avesso e do direito. Não é um voar à toa, sem sentido, sem razão; voa porque precisa desbravar, conhecer, elucidar, entender para extrair as próprias conclusões e, até quem sabe, reinventar o que parece desconexo, feio, indigerível na vida. Nesse voar tão alto e tão profundo, o escritor então faz companhia para a liberdade.
Por isso escrever faz tão bem! Perdoa, purifica, aquieta, ama,... É simplesmente você se deixando conhecer por dentro e por fora. Escrever não é mania de intelectual, moda de vanguarda, coisa de outro mundo! Todos podem, todos devem; afinal, todos tem algo a dizer em registro. Reavivar os diários, os cadernos, as agendas, as folhas avulsas de papel,... eles esperam ansiosos para cumprir essa missão; querem ser fotografias do pensamento! Querem o carinho de outros olhos diante de si, o folhear de outras mãos, a percepção de outros sentimentos. Querem salvar o presente, para que o futuro se debruce nas recordações do passado.
Escreva. Renda-se a esse milagre. Conte historias. Semeie impressões. Registre cada instante da vida que escorre por suas mãos e descubra que esse é o melhor caminho para jamais se sentir sozinho (a).