A primeira homenagem da Academia Brasileira de
Letras, comemorando este ano o centenário de nascimento do escritor baiano e
Acadêmico Jorge Amado, foi realizada durante o “Salon du Livre”, que aconteceu
de 16 a 19 de março, em Paris. Na oportunidade, juntamente com a Sorbonne,
universidade da qual ele foi Doutor Honoris Causa, criou-se a “Jornada Jorge
Amado”, com uma programação que incluiu conferências das Acadêmicas Ana Maria Machado, Presidente da ABL, e Nélida Piñon, e do
Acadêmico Sergio Paulo Rouanet.
A programação deste ano é variada e contará com a parceria de universidades e
instituições culturais de quatro países europeus – França, Inglaterra, Espanha
e Portugal – e do Brasil.
“Entendo que o centenário de Jorge Amado nos dá uma
excelente oportunidade para fazer uma releitura de sua obra tendo em vista uma
reconstrução crítica da mesma. Desde que começou a publicar seus livros nos
anos 30, a recepção deles variou muito. Foram amados ou execrados, muitas
vezes, por motivos extraliterários, pelo fato do autor ter pertencido ao
Partido Comunista por muito tempo”, afirmou Ana Maria Machado, antes de viajar
para a Europa, semana passada.
Segundo a Presidente da ABL, os livros de Jorge
Amado foram amados e execrados “por causa de sua associação com a Bahia, com
uma atmosfera solar e sensual, pitoresca, quase folclórica. Foram ainda
elogiados ou desancados pela linguagem coloquial do autor, tão brasileira e
longe dos modelos castiços lusitanos”. De acordo com Ana Maria Machado, o que a
Academia propõe é que os livros de Jorge Amado sejam lidos ou relidos, para que
cada leitor forme sua opinião e somente se situe nesse debate, por exemplo,
depois de ler um romance como Tenda dos milagres.
Para apoiar essa proposta de releitura, a ABL vai
atuar em duas frentes: nacional e a internacional. No Brasil, será feita uma
grande exposição em agosto, mês do aniversário do homenageado, acompanhada de
palestras, exibição de um ciclo de filmes baseados em sua obra e publicação de
artigos na Revista Brasileira, da Academia. Internacionalmente, a
programação também será variada, sempre em parceria com universidades e
instituições culturais. No decorrer do ano, não somente na França, mais também
em outros países europeus, haverá uma série de homenagens, em parcerias e na
maioria das vezes com o apoio das embaixadas do Brasil naqueles países. Esses
eventos incluem conferências, mesas-redondas, exposições, leituras públicas de
textos do autor, exibição de filmes, shows musicais.
“É hora de reler Jorge Amado”, afirmou Ana Maria
Machado.