terça-feira, 27 de março de 2012

ABL dá início, na França, às comemorações do centenário de nascimento de Jorge Amado


A primeira homenagem da Academia Brasileira de Letras, comemorando este ano o centenário de nascimento do escritor baiano e Acadêmico Jorge Amado, foi realizada durante o “Salon du Livre”, que aconteceu de 16 a 19 de março, em Paris. Na oportunidade, juntamente com a Sorbonne, universidade da qual ele foi Doutor Honoris Causa, criou-se a “Jornada Jorge Amado”, com uma programação que incluiu conferências das Acadêmicas Ana Maria Machado, Presidente da ABL, e Nélida Piñon, e do Acadêmico Sergio Paulo Rouanet. A programação deste ano é variada e contará com a parceria de universidades e instituições culturais de quatro países europeus – França, Inglaterra, Espanha e Portugal – e do Brasil.
“Entendo que o centenário de Jorge Amado nos dá uma excelente oportunidade para fazer uma releitura de sua obra tendo em vista uma reconstrução crítica da mesma. Desde que começou a publicar seus livros nos anos 30, a recepção deles variou muito. Foram amados ou execrados, muitas vezes, por motivos extraliterários, pelo fato do autor ter pertencido ao Partido Comunista por muito tempo”, afirmou Ana Maria Machado, antes de viajar para a Europa, semana passada.
Segundo a Presidente da ABL, os livros de Jorge Amado foram amados e execrados “por causa de sua associação com a Bahia, com uma atmosfera solar e sensual, pitoresca, quase folclórica. Foram ainda elogiados ou desancados pela linguagem coloquial do autor, tão brasileira e longe dos modelos castiços lusitanos”. De acordo com Ana Maria Machado, o que a Academia propõe é que os livros de Jorge Amado sejam lidos ou relidos, para que cada leitor forme sua opinião e somente se situe nesse debate, por exemplo, depois de ler um romance como Tenda dos milagres.
Para apoiar essa proposta de releitura, a ABL vai atuar em duas frentes: nacional e a internacional. No Brasil, será feita uma grande exposição em agosto, mês do aniversário do homenageado, acompanhada de palestras, exibição de um ciclo de filmes baseados em sua obra e publicação de artigos na Revista Brasileira, da Academia. Internacionalmente, a programação também será variada, sempre em parceria com universidades e instituições culturais. No decorrer do ano, não somente na França, mais também em outros países europeus, haverá uma série de homenagens, em parcerias e na maioria das vezes com o apoio das embaixadas do Brasil naqueles países. Esses eventos incluem conferências, mesas-redondas, exposições, leituras públicas de textos do autor, exibição de filmes, shows musicais.
“É hora de reler Jorge Amado”, afirmou Ana Maria Machado.