Encontros e desencontros
Por Alessandra Leles Rocha
Nas tramas cotidianas da vida temos todos a oportunidade de escolher; escolhemos lugares, objetos, passeios,... e, particularmente, pessoas. Em busca de afinar a sintonia, de ajustar os pensamentos e ideologias, escolhemos de modo consciente, e até inconsciente também, pessoas que se aproximam de forma especial da nossa própria alma. De posse desse “livre arbítrio” damos início a longa empreitada de construção das nossas relações humanas.
Nada de imposições, regras bem definidas, critérios milimetricamente programados! Uma escolha que brota concomitantemente da razão e da sensibilidade com certeza chega melhor amparada para alcançar êxito. O princípio básico da convivência humana é sempre a liberdade. Livres de quaisquer tipos de amarras existenciais produzimos os melhores e maiores resultados em todos os tipos de situações.
Diariamente são infinitas as possibilidades que nos cercam para conhecer e estabelecer contatos possíveis de eventuais desdobramentos e aprofundamentos. Pessoas vêm e vão, podendo ou não permanecer por breves ou eternos períodos em nossas vidas; mas, será no fiar dessas relações que poderemos prever “os próximos capítulos”. Somos seres singulares, cheios de defeitos e virtudes, manias, personalidades que nem sempre serão do agrado de terceiros. Relacionar com outro exige de nós um constante “por sobre a balança” o que é mais ou menos suportável, o desafio de “flexibilizar” o que nos parece tão imutável. Conviver não foi, não é, nem jamais será, uma via de mão única!
Engana-se quem pensa que essa “arte” dispensa quaisquer etiquetas! Direta ou indiretamente impor a presença a alguém é totalmente deselegante e ineficaz. Cheios de sinais, o ser humano conhece bem os mecanismos de manifestação do seu contentamento ou da sua contrariedade, por isso, não é preciso “esticar a corda” para saber até aonde vai esse limite. Se fazer “presente” na vida do outro consegue sempre aflorar um forte sentimento de repulsa, de irritação, de indignação daquele que se sente cerceado na sua liberdade em escolher quem faz ou não parte do seu círculo de convivência. Vamos e convenhamos, o bom da vida é cercar-se de pessoas que tem algo em comum e se alegram em pertencer ao mesmo grupo, onde a harmonia, a amizade e tantos outros valores humanos pairam no ar! Por outro lado, ainda que a integração com uma (ou várias) pessoa (s) seja incrível, ligar-se a ela (s) em tempo integral é fadar a relação ao fracasso imediato. Se não dispusermos da oportunidade de vivenciarmos e degustarmos nossas experiências de vida no âmbito particular passaremos a viver uma projeção exclusiva trazida pela vivência dos outros, o que não é salutar para nenhuma das partes. Respeitar, sejam os interesses, as opiniões, os comportamentos, de quem nos rodeia é imprescindível também. Isso não significa passividade, ausência de opinião, idolatria ao outro...; apenas, a consciência pulsante de que entre todos nós existem limites e fronteiras a serem preservados civilizada e pacificamente. Amor, amizade, companheirismo não podem ser vistos como meros passaportes que nos avalizam quaisquer atos de transgressão contra os semelhantes.
O ano está apenas começando e a escolha é nossa! A vida nos reserva milhões de surpresas nos próximos trezentos e sessenta e cinco dias (já que é ano bissexto!), inclusive no que diz respeito aos encontros e desencontros. Portanto, trate de apurar o seu “feeling”, esteja atento aos sinais, respeite as regras do convívio social, seja você e dispense as máscaras e artifícios bobos, construa relações verdadeiras e saudáveis. Dias e noites estão à espera de muitos sorrisos, muitos brindes, muitos abraços, muita conversa,... uma estrada de coexistência livre e cristalina.