quarta-feira, 20 de julho de 2011

Homenagem ao Dia Internacional da Amizade

Eternamente... AMIGOS!!!

Por Alessandra Leles Rocha

            Em uma era cuja sociedade estabelece suas relações sociais praticamente na dependência de todo o aparato tecnológico disponível no mercado, não seria absurdo dizer que as amizades estão de fato por um fio. Por mais que o conturbado cotidiano teime em nos roubar os segundos do relógio e dificultar sobremaneira o deslocamento geográfico entre as pessoas, a tecnologia cumpre de certa forma um papel importante e agregador. Mas, transformá-la em elemento central e vital para a construção de “laços” representa um enorme equívoco porque na essência das necessidades humanas ainda se faz imprescindível à normalidade dos encontros e da convivência interpessoal.
            Se olhos nos olhos, convivendo, conhecendo o universo do outro, construir uma amizade já não é tarefa simples e nem oferece garantias de ausência completa de desapontamento, o que pensar sobre as relações virtuais? Cada pessoa já deve ter ouvido ao menos uma história trágica ou pelo menos decepcionante sobre encontros cibernéticos. Por detrás da tela do computador os indivíduos constroem milhões de personagens que, na maioria das vezes, não condizem em nada com a sua verdadeira imagem; alguns inclusive manifestam-se de acordo com o que o outro espera, para alcançar objetivos nem sempre altruístas. Casos em que essa ferramenta contemporânea realmente foi sucesso são raros, quase como acertar na loteria; trata-se de uma porcentagem ínfima de sortudos que obtiveram um final feliz.
            Além disso, basta olhar ao redor do seu próprio universo, em meio aos milhões de computadores, telefones celulares, tablets, iphones e etc. para descobrir uma infinidade de pessoas que continuam padecendo de uma tristeza crônica, de uma solidão sem fim, de um profundo desencanto pela vida e sem um ombro amigo, verdadeiramente amigo, para se apoiar. Por isso as clínicas de psicologia e psiquiatria andam tão cheias de pacientes; bem como, grupos de apoio como os centros de valorização da vida (CVV).
            Todo mundo precisa de um amigo! Aquele ente quase encantado que surge na vida da gente como um presente enviado dos céus, nas esquinas da vida e sem que nos demos conta exatamente como as tramas desse encontro tão especial foram tecidas. De repente, sem muito esforço, as conversas foram se multiplicando, as afinidades se acentuando, algumas divergências que não conseguiram “misteriosamente” se acirrar por conta de uma observação sobre a importância que aquele novo ponto de vista poderia nos acrescentar, e... a frondosa árvore da amizade estava de pé.
            Certamente que amigo é artigo raríssimo em todo o percurso da nossa vida; mas, ai se faltar a presença dele! Sem manual de instrução e nem prazo de validade, ainda sim essas criaturas incríveis parecem sempre prontos para desempenhar essa função tão humana. Aquela mão sobre o ombro que surge sem ao menos precisarmos balbuciar uma só sílaba... O lenço estendido e o silêncio completo de significado quando as lágrimas são inevitáveis... O abraço que coloca os corações unidos numa mesma batida... Telefonemas, mensagens, cartões que parecem chegar sempre na hora mais exata da nossa fragilidade existencial... Recordações de viagens para nos incluir de alguma forma nos seus momentos particulares de alegria e felicidade... Nada de pactos, de promessas, de juras, apenas o despojamento pleno para se tornar uma extensão da alma do amigo, no sentido mais poético de que “tudo vale à pena quando a alma não é pequena” 1... Numa relação bem mais suave e harmônica, a amizade repousa leve em nossos corações; nada de cobranças, de pré-requisitos, de toma lá dá cá, simplesmente se aceita o outro como ele é. Então, dizer mais o quê?!
            Mesmo que a realidade teime em ser tantas vezes dura e irracional é na amizade, em seu sentido mais amplo, que conseguimos nutrir a fé e a esperança no mundo. Ao sentir que temos um amigo recobramos as forças para seguir em frente; não estamos sós! Em mão dupla esse caminho, que ampara e sustenta de boas energias, se multiplica, se compartilha, mas jamais se extingue porque os fios vão se entrelaçando. Se um dia você perdeu um amigo, não se preocupe, pois se ele (a) deixou de ser seu amigo é porque de fato nunca foi; amizades são como diamantes, são eternos!


1 http://pensador.uol.com.br/frases_de_fernando_pessoa/