sexta-feira, 20 de maio de 2011

Crônica do dia!!!

Espaços

Por Alessandra Leles Rocha

            Comum nos registros históricos quando alguém alterava os limites de suas fronteiras sem permissão, o “acotovelar-se” na vida em busca de ampliar o próprio espaço parece intrínseco ao comportamento humano. Mas será mesmo que temos esse “direito”? Diz a regra geral da boa convivência que “o espaço de um termina onde começa o do outro”.
         De fato, cada um tem suas particularidades, especialidades e esquisitices, que nem sempre coincidem bem com as dos semelhantes. A afinação do dia a dia de forma harmônica e suave esbarra em muitas variáveis que costumam dificultar consideravelmente o processo. Nessa dinâmica tentativa de acomodação das personalidades, dos interesses, das aspirações e etc., os espaços “se tornam demasiadamente pequenos, estreitos”; é preciso, portanto, um pouco mais para respirar e sobreviver.
         Bem, na verdade essa “necessidade” se configura melhor no rol das impressões, porque se mergulharmos profundo na análise de nossa própria existência havemos de perceber que nossos espaços são suficientes e, muitas vezes, nem somos plenamente capazes de ocupá-los. Essa ânsia que aflige a tantos, não passa de “gula moral” de quem deseja querer mais e mais, sem medida, sem critério. Egoísmo crônico daqueles que só conseguem visualizar a vida no alcance do próprio umbigo, da própria vaidade.
         A vida no sentido completo da existência é o nosso território. Soldados de um exército solitário, passamos os dias a defender nossas fronteiras e fazer de cada porção solo fértil e produtivo. É nessa empreitada que vamos moldando, lapidando os talentos, as qualidades, as virtudes; dando visibilidade na medida certa a quem somos. Ao mesmo tempo, assimilando a importância da flexibilidade em aceitar os limites, nos colocando na posição daqueles a quem almejamos o espaço, como referencial para frear nossos arroubos e desatinos. Espaços estão diretamente vinculados a nossa própria capacidade, por isso nos dedicamos a situações, serviços e pessoas diferentes; e, assim, dividimos e compartilhamos sem prejuízos. A cobiça só faz cegar os olhos!
         Diante dos rumos que a humanidade toma por suas mãos, muito menos será “preciso disputar” território alheio. Todos serão bem vindos, toda a ajuda será necessária e todos terão seu quinhão de mérito e de agradecimento. Na individualidade dos espaços brilha alto o valor da união coletiva em favor da vida e da própria evolução; ensina-se enfaticamente o significado do discernimento, da humildade, da ética e do respeito a si e ao próximo.