Viva o Sol!
Por Alessandra Leles Rocha
Depois de dias repetidamente chuvosos, tristes, cabisbaixos pela melancolia do céu cinzento, ressurge glorioso e radiante a grande estrela, o Astro Rei. Ufa! Os ingleses que me desculpem, mas aqui nos trópicos a sobrevivência vital depende disso: luz e calor! Foram dias e dias enfurnados na própria concha, evitando sair de casa por causa das chuvas, enchentes, pontos de alagamento etc. Consumidos por uma atmosfera depressiva e reforçada pelas manchetes na mídia em geral. Exalando um cheiro de mofo, em parte vindo do ambiente e em parte de nossa própria umidade emocional, que passou a aflorar em virtude da dormência temporária da alegria.
De fato, nossa essência parece mesmo precisar desse combustível invisível. Abrir a janela e ver despontar o Sol, ainda que preguiçoso e envergonhado, dá outro ânimo para enfrentarmos o dia. Temos certeza de que aboliremos por algumas horas, e em determinadas situações, a iluminação artificial, aproveitaremos o tempo para desfrutarmos a beleza que só ressalta aos olhos pelo brilho natural da Natureza.
Acostumados a repetir ufanisticamente que moramos em um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, não o fazemos por mera expressão coletiva; fazemos porque nossa alma transpira a alegria desse tropicalismo contagiante. Somos gente colorida, com pouca roupa, que sabe rir e chorar sem desculpas ou vergonhas, que erra e acerta, que pulsa um sangue quente e vibrante como o Sol que nos ilumina.
Há quem critique e repreenda esse jeito solar do brasileiro, na massificação de um povo descompromissado e até, alienado. Um país tão grande geograficamente, tão diverso na sua cultura e na sua sociedade, não pode ser generalizado e estereotipado em razão da sua alegria nata. Pode até ser que uns e outros caminhem à margem; mas, sem a força dessa energia talvez não tivéssemos conseguido transpor e vencer “os leões nossos de cada dia”. Depois das quedas e dos desafios, é ele, o Sol, que desperta nossa esperança por um novo dia, onde tudo seja melhor. É ele o sinalizador, o termômetro da nossa capacidade de lutar e vencer, de seguir em frente, de ousar, de ser feliz.
Enquanto a chuva insistia em se derramar caprichosa, e às vezes vingativa; olhos e mãos humanas cerravam-se em preces aflitas pela estiagem bendita, banhada de Sol. Sem ele não é possível recomeçar, recuperar, reconstruir, salvar, curar as feridas do corpo e da alma, espantar as mazelas que se proliferam na ausência de luz e calor. Então, tão logo ele acena com o brilho de seus primeiros raios, o peso da dificuldade se vê aliviado e a vida sente que pode retomar o seu curso.
Viva o Sol! Viva a vida que dele emana e se multiplica! Viva essa luz que encanta e magnetiza o ser que dela se nutre! Viva a natureza que não nos permite permanecer em estado de inércia; mas, em movimento permanentemente variado, experimentando da luz e da treva, da chuva e do sol, da alegria e da tristeza, para nos levar a reflexão de quem é esse ser humano que habita dentro de nós, do que ele gosta, de suas necessidades, de suas angústias, de suas indagações.
Amo seu estilo de escrever. Toca minha alma. Quando eu crescer quero ser igual a você. Caliente e clara como o SOL. Beijos
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