Um gota da mais pura Poesia destilada durante o 2º Sarau Poético, promovido por Lucilaine de Fátima (Arte & Cultura) e a Assis Editora, em Uberlândia, no dia 28 de outubro de 2010.
Tua fé abrirá teus horizontes e, teu exemplo, o caminho dos teus irmãos...
Wagner Cunha
Certa vez uma criança pequena estava brincando aos pés de um Jaborandi era uma manhã alva e o cheiro da terra exalava o entre o trinar dos pássaros e o vicejar das borboletas. Seus olhos distraíram-se a contemplar uma lágrima de orvalho que deslizava pela folha ao seu lado...
Aquele foi um momento pleno, pois ela observou o orvalho e, em sua mente vazia de sentido algum, captou a magia de um breve e infindo momento.
O homem consegue descansar seus pensamentos e contemplar uma simples gota de orvalho como aquela criança?
Se fosse falar...
Se fosse falar de dor permitiria conversar com uma lágrima, meu amor... ela me entregaria seus leves segredos como pássaro que flutua leve na mansidão de seu infinito céu. Eu destilaria todos e entregaria este tesouro direto ao teu coração, minha princesa.
Se fosse falar de alegria, contemplaria a face ingênua de um delicado sorriso de uma criança. Depois, emergiria com o legado sem fim de sua essência e convidaria a ti, a partilhar do meu regozijo...
Se fosse falar do tempo, tocaria meu desejo com o pedido eterno ao manto que tudo abraça sem nada reter, suplicaria em seu precioso domínio uma prece para que seu reino se desnude diante de mim e eu, a ti, o desvele... lá, teu reino dança a dança das horas sem fim e sem pressa alguma, minha rainha...
Se fosse falar de amor permitiria ouvir do coração seus anseios, e depois soprar todos eles de volta a mim para sussurrá-los a mundo, e então, compreender-te...
Se fosse falar de ilusão, permitiria estender meu olhar direto à minha juventude e colher, do seu momento sagrado, a fonte dos meus desejos... lá palpita a fonte da vida que faz ribombar o coração no seu próprio compasso; é lá que a lágrima desce mansa aprendendo, com sua dor, seus próprios segredos...
Se fosse falar de mim, falaria com meu silêncio onde nenhuma palavra poderia estender domínios; onde nenhuma razão poderia eclodir ávida por si, mas ávida por ela mesma; dar-te-ia a posse dos meus horizontes perdidos, onde nenhum sonho se diluiu em sonhos e de onde nenhuma chama poderia emanar mais calor; clamaria minha alma a revelar a minha Luz para que tu compreendas o que minha carne não compreende de mim...
Se falar de ti, eu nada falaria... guardaria tua lembrança que pertence a mim e nada mais, pois nem a ti tu pertences!!!
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Wagner Barbosa Cunha é psicólogo e autor de diversos livros publicados no Brasil e outros países. Ministra palestras, cursos e seminários em diversas áreas da psicologia, desenvolvendo trabalhos com temas relacionados ao aperfeiçoamento do ser humano e de suas atividades, nos aspectos éticos, morais e psicológicos.