quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Crônica: Reféns da ansiedade




Por Alessandra Leles Rocha

         Reféns da ansiedade, a sociedade contemporânea arca com o ônus de não saber acompanhar a velocidade de rotação da Terra; bem como, desenvolver uma rotina capaz de lhes enxergar como seres humanos.
         A ansiedade que adoece e traduz no corpo e na alma as marcas da sua brutalidade, não se constrange em matar. Dores por toda a parte, mal estar, cansaço fatigante, depressão, tristeza,... vão consumindo a vitalidade desde a mais tenra idade. Afinal, apesar de ser fruto do tempo e sua velocidade indomável, ser ansioso não escolhe faixa etária; pois, tudo pode se tornar terreno fértil para ela florescer.
         É! O mundo tem..., quer..., precisa... e como fazemos parte dele somos levados sob os açoites desses ditames; sem ao menos considerarmos as nossas próprias convicções. Simplesmente somos lançados às arenas competitivas de uma sobrevivência desleal, nas quais estar entre os melhores pode significar bastante em termos de realização material. A ansiedade definiu a lei do TER sobre o SER.
         Distante de uma existência reclusa, ela anda em comboio com o consumismo, a vaidade, os excessos, a inveja e todos os tipos de “pecados” a rondar o Homo sapiens. Por isso haja fôlego, energia, para desbravar a “selva” em que habitamos! Nem sei se no “frigir dos ovos” esse atentado contra a própria vida consegue de fato contabilizar mais ganhos do que perdas.
         A ansiedade nos cegou e não enxergamos mais o essencial. Estamos incapazes de nos perceber, de nos cuidar, de nos amar, de nos respeitar. Desperdiçamos o passar das horas e negligenciamos as pessoas que nos são vitais, porque simplesmente invertemos a lógica dos nossos valores, os critérios de importância. Estamos à beira do precipício! Sem suavidade alguma ela mede a nossa capacidade de resistência, brinca com o limite até onde poderemos suportar. Deixamos de abrigar a paz, para abreviar a vida e, nesse caso, tê-la de volta no silêncio da eternidade.
         Como diz o provérbio, “o apressado come cru”! Dos acepipes mais importantes para degustar na vida, deixamos de experimentar como se deve, para nos render aos apelos dos “fast foods”.