quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

FELIZ NATAL!!! MERRY CHRISTMAS!!! JOYEUX NOËL!!! ! FELIZ NAVIDAD! BUON NATALE!!! FROHE WEIHNACHTEN!!! ...


Apenas mais uma reflexão natalina...

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Para mim, Natal sempre foi tempo de reflexão. De um jeito ou de outro estamos ligados à história daquele menino que nasceu para transformar, para ressignificar, para redefinir a vida, para cumprir uma missão. Pois é, somos missionários. Ninguém chega a essa vida a passeio. Cada qual ao seu modo; mas, ninguém menos importante nesse processo de construção do mundo.

Alguns já nascem sabendo a que vieram. Outros vão se descobrindo ao longo da jornada, a partir dos acontecimentos, dos desafios, das conjunturas. Porque a vida não vem com manual, ou com script. O roteiro está sempre em aberto, disponível para “plot twists” arrebatadores ou licenças poéticas de encher o coração. Para ser escrito individual e coletivamente.

Afinal, simplificando as coisas, viver é a maior de todas as missões. Não é à toa que temos direitos; mas, também, temos obrigações. Muitas. Diversas. Plurais. Porque somos, direta ou indiretamente, cobrados por cada mínima ação colocada (ou não) em prática.

Nada passa despercebido. Tudo tem consequência, desdobramento, repercussão. O que é bom. O que é ruim. O que é mais ou menos. Já se esqueceu de que não pecamos apenas por atos, mas por omissões, também?

Então, quando se aproxima dezembro tudo isso começa a se aflorar na consciência de uma maneira muito mais intensa e especial. Independentemente da nossa profissão de fé, da nossa conexão religiosa, as tramas do sagrado que nos revestem, nos envolvem nos 365 ou 366 dias de cada ano, iniciam a sinalização de que estamos sim, mais perto do fim de um ciclo de 12 longos meses.

O que significa que precisamos fazer um balanço profundo desse recorte do tempo. Sucessos. Fracassos. Conquistas. Derrotas. Avanços. Retrocessos. Aprendizados. Estagnações. Enfim... tudo deve passar por um pente fino, uma análise metódica e criteriosa. Ainda que doa. Ainda que faça sofrer. Ainda que nos faça submergir às profundezas do inconsciente.

Nesse momento, então, temos a oportunidade, quem sabe, de adquirir uma compreensão mais clara do ponto de intersecção que existe entre a nossa história e a história do menino de Nazaré. Porque, mesmo sendo o Filho de Deus, ele não foi eximido da existência humana.

Sofreu. Sorriu. Chorou. Se angustiou. Foi questionado. Insultado. Desqualificado. Humilhado. Perseguido. ... Durante sua breve passagem por esse mundo. Sua trajetória esteve longe de ser um “mar de rosas”. Ao contrário, foram mais espinhos do que flores, como é a vida de qualquer mortal. Como é a nossa.

Daí a importância de se pensar a respeito. Essa consciência promove um deslocamento fundamental para o ser humano, na medida em que desconstrói tantas idealizações, esterotipizações, vaidades, que não condizem com a realidade. Ora, o que é ser especial? O que é ser importante? Onde essas perspectivas se encaixam de fato?

Pois é, ninguém disse que a vida seria uma odisseia. Nessa missão de atravessar os dias entre aventuras e desventuras, o ser humano vive uma eterna metamorfose de si mesmo, seja do ponto de vista biológico, intelectual e/ou espiritual. Ele nunca está pronto. Nunca está completo. Não importa quem somos, de onde viemos, para onde vamos. Há sempre mais por fazer, por aprender, por agregar, por descobrir, por ser.

É assim que vamos descobrindo que o Natal não se resume a uma data no calendário, a um dia específico no ano, ele é um estado de espírito. A partir dele é que se descortina a nossa essência, através de nossas crenças, valores, virtudes, emoções e sentimentos.

Por isso, não estão nas árvores, nos enfeites, nos presentes, nas ceias, a verdade do Natal. Não, ela está no pessoal, no intransferível, no silêncio, na prece, no fundo da alma. Na mais completa imaterialidade subjetiva que nos permite ver o essencial da vida continuamente. Por isso, alguns precisam comemorá-lo ano após ano e a outros basta, apenas, externá-lo genuinamente, porque sabem que o Natal não expira.

Verdade seja dita, John Lennon tinha razão quando manifestou que “Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor, enquanto a violência é praticada em plena luz do dia”. Talvez seja hora de começar a olhar para dentro, para fora, em todas as direções, em todos os sentidos.

Precisamos romper paradigmas. Mudar de opiniões. Reformular ideias. (Re) visitar lugares. Ver as pessoas. Acrescentar virtudes. Suprimir defeitos. ... Afinal, se reposicionar humanitariamente no mundo, não é tarefa para o Papai Noel e seus assistentes, é para cada um de nós.

Entretanto, diante da realidade que nos cerca, para que isso seja realmente possível “É preciso amar as pessoas e usar as coisas e não, amar as coisas e usar as pessoas” (Cecília Meireles – poetisa brasileira). Só assim, poderemos nos dar o direito de expressar, sem qualquer sombra de dúvida, que há um Feliz Natal, pulsando por aí.