quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Fundo de População da ONU ressalta contribuições dos migrantes para países e economia


Em seminário em Brasília sobre migrações e suas consequências para o desenvolvimento dos países, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) criticou a narrativa de que o mundo vive uma crise migratória. Agência lembrou que deslocamentos são parte de toda a história da humanidade e vem acompanhados de crescimento na produtividade das sociedades.
“Considerar o contexto atual como uma crise migratória é um grande erro. Há menos de cem anos, mais de 25% da população europeia saiu da Europa para outros países”, afirmou o representante da instituição no Brasil, Jaime Nadal.
Segundo o dirigente, “a migração equilibra a oferta da população economicamente ativa em escala global”, além de ter um “papel fundamental em termos do crescimento da produtividade”. O fenômeno, acrescentou Nadal, beneficia tanto as sociedades de origem quanto as que têm recebido essa população.
Realizado em setembro (24), o evento “Migração e seus impactos na Sociedade do Século XXI” reuniu especialistas do governo, academia e sociedade civil para discutir os desafios de integração dos estrangeiros. Encontro também debateu as estratégias de diferentes países para lidar com os movimentos migratórios.
“A sociedade brasileira é uma sociedade construída a partir dos migrantes, pelas diferentes ondas migratórias ao longo do tempo. Essa população contribuiu com capacidades, conhecimento e habilidades que não estavam presentes no Brasil, às vezes no comércio, na indústria e na cultura”, disse o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Marden Melo, em entrevista.
O território também tem sido destino de estrangeiros em anos mais recentes. Entre 2000 e 2015, mais de 800 mil migrantes internacionais foram registrados no Brasil. Destes, 42,5% são originários dos países da América Latina e do Caribe; 27,4% são europeus; e 16,7% são de origem asiática. Os dados são do Atlas Temático Observatório das Migrações – Migrações Internacionais, elaborado pelo Observatório das Migrações em São Paulo, em parceria com o UNFPA, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq).
Rosana Baeninger, professora da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e coordenadora do Atlas, ressaltou que o Brasil é um país de trânsito migratório, ou seja, as pessoas migrantes passam pelo país, mas não se fixam definitivamente. Por isso, as políticas públicas para essa população, segundo a especialista, precisam contemplar a mobilidade interna.
Outro fenômeno destacado pela pesquisadora foi a mudança no perfil dos migrantes, que passaram de europeus brancos para um contingente não branco bastante heterogêneo, instalado nos municípios e não mais nas capitais brasileiras. A transformação pode agravar preconceitos étnicos e raciais.[...]
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