Um desses pacientes, com deformidade há mais de 30 anos, contou que viu sua vida desmoronar depois do acidente que levou dele também sua noiva e seu trabalho
Por Ivanir Ferreira
O sofrimento de pessoas com deformidades no rosto, que sobreviveram a traumas provocados por episódios violentos, foi abordado no livro Considerações Psicossociais sobre Deformidade Facial. A publicação, que será lançada dia 16 de junho, pela Paco Editorial, baseia-se em relatos de pessoas que sofreram acidentes de carros, armas de fogo, queimaduras, tombos ou violências domésticas, dentre outros.
De autoria da psicóloga Elaine Gomes dos Reis Alves, do Instituto de Psicologia (IP) da USP, a pesquisa foi feita durante quatro anos com pacientes do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). O livro trata dos aspectos psicológicos e sociais de pessoas que tiveram deformidades faciais e das dificuldades enfrentadas na adaptação de sua nova imagem pela perda de identidade, além do sofrimento com o tratamento, com a aceitação social e com os preconceitos.
Elaine acredita que a motivação para realizar sua pesquisa tenha vindo da experiência que teve em um acidente de carro que vitimou a própria família – mãe, irmã e sobrinho. A pesquisadora viveu de perto a desestruturação psicológica e o doloroso sofrimento de pessoas muito próximas a ela. Embora o episódio familiar tenha sido relembrado apenas quando sua tese estava quase finalizada, Elaine considerou o fato como o primeiro impulso de sua investigação. Ter vivido esta circunstância a levou a uma melhor compreensão do drama dos pacientes que fizeram parte de sua pesquisa. [...]